Música

Crítica

Rolling Stones joga seguro, mas empolga em seu primeiro show no Morumbi

Primeiro show da turnê "Olé" na capital paulista tem "beijinho no ombro" de Mick Jagger e participação de coral brasileiro

25.02.2016, às 00H26.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H45

Provavelmente não há banda de rock na ativa com mais experiência de palco do que os Rolling Stones, o que explica o modo como tiraram de letra a ansiedade de um público que não os via ao vivo há 18 anos. Com uma desenvoltura invejável, os Stones se apresentaram no Estádio do Morumbi nesta quarta-feira (24) de forma profissional, mas daquele tipo que gosta muito do trabalho que faz.

Foto: Lucas Lima/UOL

Sob uma chuva fina e com pontuais 20 minutos de atraso, assim como no Rio de Janeiro, os Stones deram início à festa com "Start Me Up" e mantiveram a energia no alto por mais de duas horas durante a primeira apresentação da banda na capital paulista, e a segunda no Brasil durante a turnê "Olé" - a banda retorna ao Morumbi neste sábado.

Boa parte deste humor nas alturas do grupo se deve à presença de palco de Mick Jagger, que, apesar de lendária, nunca deixa de surpreender. Aos 72 anos, o frontman dança e corre com um fôlego de dar inveja a muito rockstar mais novo, movimentando-se para todos os lados do palco, com uma passarela que adentrava a pista premium.

Jagger não escondeu o português aprendido na convivência com o filho Lucas e emendou bordões de internet de uns dois anos atrás - mas o que vale é a intenção. O vocalista comparou a capital paulista com a de seu país ("Terra da garoa. Como Londres"), chamou a plateia de "seus lindos" e, para completar, mandou "beijinho no ombro", com direito ao gesto consagrado por Valesca Popozuda.

Mas o frontman também deu espaço para todos os integrantes do grupo brilharem. Charlie Watts, de camiseta amarela simples, tocava bateria com a postura de um lorde; Ron Wood estava sempre sorridente; e Keith Richards era o mais tímido do grupo, mas deixou transparecer a emoção ao assumir o microfone para "You Got The Silver" e "Happy". Na votação do público, "Bitch" acabou ganhando.

Quem roubou a cena, entretanto, foram os integrantes da banda de apoio, do trio de metais a, principalmente, a vocalista Sasha Allen, que deixou o fundo do palco para fazer um dueto poderoso com jagger em "Gimme Shelter". Na parte técnica, a apresentação foi impecável, entregando um som limpo (algo bem difícil de se conseguir no Morumbi) e passando o rodo - literalmente - no palco o tempo todo, para tirar o excesso de água das passarelas por onde Jagger corria.

A banda também se deu ao luxo de fazer diversas trocas de figurino. Wood trocou sua camisa, Richards usou duas jaquetas diferentes e Jagger, claro, mudou de roupa várias vezes: começou com uma camisa azul degradê sob um blazer azul, depois passou para uma camisa dourada, em seguida para um blazer prateado - que parece ter saído do guarda-roupa de Luciana Gimenez -, uma camisa roxa e, por fim, uma capa vermelha com pelos em "Sympathy for the Devil".

Quando Jagger apareceu de cada no palco, já havia começado a sequência arrasadora de hits da reta final do show: antes de "Sympathy", vieram "Gimme Shelter", "Brown Sugar" e, depois, no bis, uma versão sensacional de "You Can't Always Get What You Want", com o apoio do Coral Sampa, e a indispensável "(I Can't Get No) Satisfaction". Com um show seguro e empolgante, a banda começou bem a sua primeira passagem por São Paulo em 18 anos.

Setlist

"Start Me Up"
"It's Only Rock 'n Roll (But I Like It)"
"Tumbling Dice"
"Out of Control"
'Bitch"
"Beast of Burden"
"Worried About You"
"Paint it Black"
"Honky Tonk Women"
"You Got the Silver"
"Happy"
"Midnight Rambler"
"Miss You"
"Gimme Shelter"
"Brown Sugar"
"Sympathy for the Devil"
"Jumpin' Jack Flash"

BIS
"You Can't Always Get What You Want"
"(I Can't Get No) Satisfaction"

Nota do Crítico
Excelente!