Em 2011, Sam Smith conquistou o mundo com In The Lonely Hour, um álbum que mostrou ao mundo seu poder vocal em cima de músicas contagiantes e cheias de batidas. Três anos depois, já com carreira consolidada e comprovada com vários Grammys e até Oscar, o vocalista trouxe um álbum absolutamente melancólico, com 14 faixas recheadas de cordas e coros em estilo gospel.
The Thrill Of It All é um álbum, em primeiro lugar, romântico. Durante o trabalho inteiro, o inglês de 25 anos mostra maturidade em tratar de corações partidos e, acima de tudo, sua sexualidade, tema que é tratado com muito mais ênfase em seu segundo álbum. Enquanto In The Lonely Hour Smith falava de amor em termos mais genéricos, o disco de 2017 estabelece o vocalista cantando sobre homens, sem disfarces. Em entrevista à NME, Smith falou sobre a escolha de tratar do tema como sua responsabilidade: “Para mim, é importante falar sobre isso agora. O que está acontecendo nos Estados Unidos é assustador demais. Eu quero fazer as pessoas ficarem desconfortáveis. Nós precisamos falar sobre essas coisas”.
E se em termos de sonoridade o álbum é morno, é nas letras que Smith coloca todo o peso que o disco traz. O grande destaque nesse sentido, é um hino de declaração e conflito LGBT, em “Him”. Na faixa, Smith canta sobre a dificuldade de aceitação e desafios em ser um homem gay: “Não me diga que Deus não se importa com a gente. É ele que eu amo”. A música é a composição mais importante de Smith do álbum, senão de sua carreira.
O arranjo das 14 músicas é leve, com pianos, algumas cordas e muito coro gospel, que dão ao álbum um brilho atemporal. E apesar de não sair muito do mesmo em termos de arranjo ou peso, algumas músicas saem da melancolia, como “One Last Song” e “Baby You Make Me”. Em “No Peace” Smith traz uma parceria certeira com a vocalista novata Yebba, que disputa o vocal de igual para igual. O dueto é outro grande momento do disco, assim como os singles “Too Good At Goodbyes”, “Burning” e “Pray”. Curiosamente, "The Thrill Of It All", a faixa-título, vem só na versão deluxe, assim como a ótima “Scar”, onde Smith fala sobre sua infância e abre seu coração sobre a importância de sua mãe em seu desenvolvimento.
Sam Smith entregou um álbum pesado em sua sutileza, e com tristeza relevante. E ao se revelar um compositor e letrista grandioso, entregou em The Thrill Of It All um dos álbuns mais importantes do ano. Ouça: