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Omelista | Legião Urbana

Dez músicas que marcaram a história de uma das maiores bandas de rock do país

04.05.2013, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H58

Com Somos Tão Jovens, a história da Legião Urbana voltou aos holofotes da mídia nacional. Formado em Brasília por Renato Russo, Marcelo Bonfá e Dado Vila Lobos, o grupo ainda contou com diversos "quarto integrantes", entre eles Renato Rocha, Eduardo Paraná e Paulo Paulista.

Como tantas outras bandas, o Legião surgiu em um tempo em que a juventude insurgia contra os males que o governo federal trazia ao país. Alguns buscaram o refúgio na música e no caso de Renato Manfredini e companhia, a inspiração veio do punk rock e o som do The Cure, Smiths, Beatles e Sex Pistols.

Na lista abaixo, confira dez música que mostram as diversas fases pela qual a Legião passou:

"Será" - Legião Urbana

O primeiro e homônimo disco trouxe uma série de canções que falariam diretamente com a juventude da época. Em 1985, o Brasil passava por um período político e econômico turbulento e as letras compostas pela Legião virariam hinos eternos. "Será", de Renato Russo, Marcelo Bonfá e Dado Vila Lobos que abre o disco de estreia, se firmou como um dos singles de maior sucesso daquela década ao mesclar uma letra cheia de angústia e esperança - sem deixar de lado a força clássica do rock'n'roll, personalizada nos primeiros acordes.

"Geração Coca-Cola" - Legião Urbana

Ainda no primeiro disco, uma das músicas que deixava clara a influência do rock britânico oitentista na Legião era "Geração Coca-Cola". A letra mostra um chamado aos jovens ao mesmo tempo que ameaça a ordem, o governo vigente e a política decadente do país. Outra característica interessante era não usar metáforas ou simbolismos, que anos depois seriam exaustivamente emplacados por Renato Russo. Tal qual o punk pedia, "Geração Coca-Cola" invoca a revolução jovem.

"Índios" - Dois

Estabelecida como a banda de maior força no cenário nacional, a Legião Urbana também passou pelo desafio de se consolidar no segundo disco. Dois chegou às lojas em 1986 e trouxe tantos hits quando seu antecessor. A veia musical não mudava tanto, mas os primeiros sinais da melancolia de Renato Russo começavam a aparecer, além de uma clara influência synthpop. Os teclados e sintetizadores de "Índios" são um bom exemplo disso.

 

"Eduardo e Mônica" - Dois

A primeira história que a Legião Urbana cantou e fez sucesso foi a do casal "Eduardo e Mônica". A música está presente no lado A do álbum Dois e mostra o relacionamento entre opostos: jovem e adulto, careta e descolada, pop e cult, entre diversas outras diversidades. O intenso uso de referências populares combinado a melodia mais voltada ao folk fez da canção um sucesso instantâneo. A letra foi escrita por Renato Russo, que se inspirou em um casal de amigos próximos para fazer a composição.

"Daniel na Cova dos Leões" - Dois

Tão forte quanto as primeiras baladas da banda, tão intensa quanto as últimas composições de Renato Russo, "Daniel na Cova dos Leões" é um dos ótimos exemplares de Dois que não chegou ao topo das paradas. Sem um refrão sequer, a música se apoia na letra recheada de figuras de linguagem, remetendo ao conto bíblico de mesmo nome, e no som - a melhor união entre os sintetizadores, guitarras e a percussão deste disco.

"Tempo Perdido" - Dois

Hino maior de Dois, "Tempo Perdido" ultrapassou a história da própria Legião. Na letra, consegue resumir a mescla entre melancolia e revolta proposta pelo grupo àquela época, mas que até hoje pode ser empregada a diversas situações. A simplicidade de seu ritmo e cadência deixa o refrão e pontes darem a conotação de clássico a uma das melhores músicas que o rock nacional já produziu.

"Que País É Esse" - Que País É Este

O terceiro álbum da Legião Urbana foi feito em toque de caixa, de acordo com a rapidez que o decadente mercado precisava. O grupo teve pouco tempo para compôr novas canções e muito por isso tem várias músicas feitas antes de Dois. Entre elas, "Que País É Esse?", escrita por Renato Russo quando ainda fazia parte do Aborto Elétrico. Devido ao resgate de composições antigas, o disco ficou com um tom mais pesado do que seu antecessor - vide a semelhança de algumas canções deste álbum com "Música Urbana", "Fátima" e "Veraneio Vascaína", por exemplo, todas gravadas pelo Aborto.

"Faroeste Caboclo" - Que País É Este

A veia Bob Dylan de Renato Russo está exposta em "Faroeste Caboclo". Assim como o cantor americano fez em "Hurricane", Renato conta uma história de um sujeito do início ao fim. Em quase dez minutos de música, a Legião conta a trajetória de João de Santo Cristo, um nordestino que vai buscar vida nova em Brasília. Há anos a canção é tida como um dos maiores clássicos da banda e no fim de maio finalmente ganhará um filme baseado em sua letra - saiba mais.

 

"Pais e Filhos" - As Quatro Estações

Tal qual todos os seus discos, a Legião tem em "Pais e Filhos" a balada reflexiva e com pegada mais íntima de As Quatro Estações - isso acontece com "Ainda É Cedo" (Leigão Urbana), "Quase Sem Querer" (Dois) e "Mais do Mesmo" (Que País É Este), por exemplo. Há quem considere este álbum o ápice do grupo, que conseguiu mesclar suas virtudes poéticas a composições e uma musicalidade mais madura.

 

"O Teatro dos Vampiros" - V

A tristeza e melancolia que predominaria a carreira solo de Renato Russo ficou evidente em boa parte das faixas de V. Em "O Teatro dos Vampiros" a Legião fala sobre a solidão e o desepero de se viver sozinho, sem conseguir se encaixar em um grupo social - todos temas recorrentes na vida de Renato. Sua carreira solo iria deslanchar àquela época, mas sem ainda lançar outros dois discos pela banda: Descobrimento do Brasil e A Tempestade. Após a morte do vocalista, em 1996, a banda ainda lançaria Uma Outra Estação.