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Pink Floyd | 7 músicas políticas da banda de Roger Waters

Criticado no país, fundador da banda de progressivo já fala de política há tempos

11.10.2018, às 16H58.

Apesar de ter dividido opiniões ao se pronunciar sobre política brasileira em São Paulo, Roger Waters não fez nada além do que já era previsto. Não só as apresentações do músico sempre foram marcadas por diferentes tipos de crítica à política de diferentes nações do globo, o próprio baixista e fundador do Pink Floyd já passou pelo Brasil - em 2012, por exemplo - fazendo manifestações contra o cenário político do país. Da última vez que Waters nos visitou, o emblemático porco de seus shows trazia mensagens que defendiam o estado laico e denunciavam a corrupção e a Copa do Mundo.

Mesmo quem não sabe das tradições dos shows do músico, quem não esperava que Roger Waters criticasse líderes políticos talvez não esteja familiarizado com suas músicas, ou não tenham entendido o significado por trás das letras. Por isso, reunimos abaixo algumas das músicas mais politizadas do catálogo do Pink Floyd, para explicar um pouco sobre o que está por trás da poesia de suas palavras. 

Adam Jones/Divulgação

"Pigs (Three Different Ones)" - Animals

O álbum Animals, de 1977, para começar, foi inspirado, em partes, por Revolução dos Bichos, de George Orwell. Mas enquanto o livro de Orwell criticava o stalinismo, o Pink Floyd usou as metáforas de animais para criticar a sociedade capitalista, e principalmente a vida inglesa nos anos 70. No álbum, a música "Pigs" fala sobre os que representam a classe mais alta da pirâmide, que encorajam a competitividade dos que estão embaixo e tiram proveito de sua exploração. 

"Dogs" - Animals

Enquanto os porcos simbolizavam a classe mais alta, em Animals, "Dogs" representa o mundo dos negócios e a sua competitividade agressiva e sem misericórdia, que retira a individualidade dos homens. Os últimos versos de "Dogs" trazem frases que são válidas tanto aos trabalhadores sem consciência quanto aos cachorros: "Quem foi dito o que fazer pelo homem", "quem foi quebrado por funcionários treinados" ou "quem ganhou palmadinhas nas costas".

"Welcome To The Machine" - Wish You Were Here

"Welcome To The Machine" faz parte de Wish You Were Here, álbum de 1975 que, em diversas músicas, critica a indústria musical. A faixa específica pode ser entendida deste modo, mas parece, também, ter um significado mais amplo. "Welcome To The Machine" narra uma rebelião programada, como se cada ato de questionamento da sociedade atual fosse, na realidade, um resultado planejado pelo sistema já imposto, com frases como: "com o que você sonhou? Está tudo bem, nós lhe dissemos com o que sonhar". 

"Us and Them" - The Dark Side of the Moon

The Dark Side of The Moon reflete sobre diversos aspectos da vida, e toca em temas amplos que passam desde morte, insanidade, tempo, ganância e guerra. Sobre este último, "Us and Them" é uma das músicas mais belas do Pink Floyd. A canção narra um conflito e os dois lados opostos, deixando claro que os responsáveis pelo conflito ficam fora da zona de risco: "'À frente', ele gritou do fundo, e a linha de frente morreu. O general sentava e as linhas do mapa mudavam de lado a lado". 

"Money" - The Dark Side of the Moon

"Money" é uma das críticas mais claras do catálogo do Pink Floyd, mas até hoje é mal interpretada como um ode ao dinheiro. Na realidade, a faixa do The Dark Side of the Moon é bem abertamente sobre ganância, onde as frases dizem: "Dinheiro é um crime, dividam com justiça, mas não peguem um pedaço do meu". 

"The Fletcher Memorial Home" - The Final Cut

No álbum The Final Cut, de 1983, Roger Waters depositou a sua frustração com líderes de diversos países do mundo na música "The Fletcher Memorial Home", que ele descreve na letra como um "lar para os tiranos e reis incuráveis". Na faixa, ele cita por nome políticos como Ronald Reagan, Alexander Haig, Margaret Thatcher, Leonid Brezhnev, Joseph McCarthy e Richard Nixon.

"Another Brick In The Wall" - The Wall

A mais conhecida música do Pink Floyd tem uma letra bem clara, mas seu significado tem diversos sentidos. "Another Brick In The Wall" é, mais diretamente, uma crítica ao sistema educacional e a restrição da liberdade e imaginação das crianças. No contexto do álbum The Wall, as figuras de autoridade eram mais um dos elementos que levaram ao isolamento de Waters, como 'mais um tijolo' na parede que ele construiu para se separar da sociedade. Mais profundamente, a música ganhou um significado emblemático que valoriza a individualidade, no sentido em que a sociedade autoritária molda mentes iguais e que, sem lutar contra isso, somos apenas mais um tijolo em uma parede.