Gostando ou não de Avril Lavigne, é quase impossível não conhecer a jovem de cabelos lisos e maquiagem pesada nos olhos que fez sucesso no começo dos anos 2000. E com o anúncio de sua vinda para o Rock in Rio 2021, ficou claro que ela tem muitos fãs em 2020 e continua relevante, embora tenha mudado de estilo.
O primeiro álbum de Avril foi Let Go, lançado em 2002. Dele saíram três dos maiores hits da cantora até hoje: “Sk8er Boi”, a baladinha “I’m With You” e “Complicated”, tocado à exaustão em FMs por todo o mundo. A canção fez tanto sucesso que a artista chegou a dizer que estava cansada de interpretá-la nos shows - mas os fãs sempre pediam.
Com o lançamento do disco, Avril Lavigne influenciou toda uma geração que estava começando a conhecer o rock e escolher quais bandas gostar. Sim, naquela época já tínhamos Green Day, Blink-182 e várias outras bandas vindas dos anos 1990, mas quem cresceu ouvindo Avril Lavigne, Simple Plan e Linkin Park teve nestes artistas uma identificação geracional única. Assim como os exemplos acima, Avril cantava sobre medos e anseios que faziam sentido para quem tinha 12, 13 anos na época.
Depois do sucesso do disco de estreia, veio Under My Skin, de 2004. Aqui a cantora determinou, de fato, seu estilo e visual, com músicas e clipes marcantes, como “Don’t Tell Me”, “My Happy Ending” e “Nobody’s Home”. Gostando ou não, Avril se estabeleceu como uma das artistas de rock mais importantes dos anos 2000.
Em 2007, Avril mudou um pouco seu estilo em The Best Damn Thing. Saem as roupas pretas (embora a maquiagem tenha continuado) e o visual soturno para dar lugar a cores vibrantes e músicas com pegada mais pop, como “Girlfriend” e a balada “When You’re Gone”. Para muitos, foi uma decepção, para outros, um caminho natural: Avril estava experimentando novos ares, como aconteceu também com os já citados Simple Plan e Linkin Park, sendo que este último também foi para um caminho mais pop em alguns momentos da carreira.
Avril lançou em 2011 Goodbye Lullaby, um álbum que remete mais às suas origens. Nele os maiores singles foram “Smile” e “What the Hell”. A letra do último, aliás, é quase um grito de revolta contra os críticos, quando a artista canta que “If you love me, if you hate me/ You can't save me, baby, baby/ All my life I've been good, but now/ Whoa, what the hell” (“Se você me ama, se você me odeia/ Você não pode me salvar, baby/ Toda a minha eu fui boa, mas agora/ Que se dane”).
Depois disso a carreira da artista teve uma grande mudança. Ela lançou um álbum com seu próprio nome em 2013, mesmo ano em que anunciou que estava com a doença de Lyme, que causa dor nas articulações, febre e fadiga. Apesar do disco ter começado a ser desenvolvido logo depois de Goodbye Lullaby, o disco tem uma sonoridade diferente, como na música “Let Me Go”, cantada em dueto com Chad Kroeger, do Nickelback, com quem foi casada entre 2013 e 2015. Já em “Here's to Never Growing Up”, Avril canta sobre ser jovem para sempre em um clipe de baile escolar, resgatando a nostalgia de quem a acompanhou durante toda a carreira.
O álbum mais recente da artista é Head Above Water, de 2019. O lançamento pôs fim ao maior hiato entre álbuns de Avril e trouxe como single uma música bem diferente do que ela tinha feito até então. Para muitos, a canção que dá título ao álbum tem um tom até meio gospel ao falar de esperança e da necessidade de sobressair em situações difíceis, e também reflete a luta de Avril contra a doença de Lyme.
Ao passar pela carreira de Avril Lavigne, fica claro porque ainda falamos sobre ela em 2020. Ainda que muitos não gostem de sua voz ou do tipo de música que ela produz, é fato que Avril entregou aos fãs diferentes facetas nas últimas décadas e, seja para ouvir ou criticar, todos os seus lançamentos ainda são relevantes na música pop atual. Para quem cresceu ouvindo a jovem skatista que usava uma gravata no pescoço, será um prazer recebê-la no Rock in Rio 2021 e lembrar de tempos mais tranquilos.