Criolo, Demi e mais: Os melhores momentos do primeiro fim de semana do The Town

Por pouco a tempestade que atingiu São Paulo no último sábado (2) não ofuscou a estreia do The Town, novo festival de música que adotou a capital paulista como lar. E que não fiquem dúvidas: o primeiro final de semana do evento foi, sim, marcado por todos os tipos de perrengues, de lama e riachos formados no meio do Autódromo de Interlagos a filas e falhas no transporte público. Por sorte, porém, o clima e o tumulto não foram os únicos fatores a influenciar a experiência no evento. Na realidade, os presentes foram agraciados com um bom tanto de memórias calorosas desses dias, graças a um line-up surpreendentemente interessante.

A seguir, confira os melhores momentos do primeiro final de semana do festival:

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O The Town pode ter ocupado o Autódromo de Interlagos com representações dos cartões postais da capital paulista, mas no primeiro sábado (2) de festival uma das atrações que de fato trouxe o espírito paulistano ao festival foi Criolo. E ele sequer precisava ter cantado “Não Existe Amor em SP” para isso — muito embora a performance tenha sido, mais uma vez, linda. Com suas letras sempre afiadas, o rapper cantou sobre as belezas e as hipocrisias da terra da garoa, que foi com ele durante todo seu set, mesmo debaixo de forte chuva. Quando o Planet Hemp, então, se juntou à festa, aí não teve jeito: com direito à rodinha de bate cabeça, o The Town — ou, melhor, quem não se intimidou com a tempestade — estava na mão deles. 

Mesmo embaixo da chuva, que retornou para o finalzinho do show de Demi Lovato, a cantora colocou o Autódromo de Interlagos para pular com a versão rock de "Cool for the Summer", última canção do seu setlist. O hit de 2015, com seu gingado sexy para acompanhar a letra atrevidamente queer, nem precisou de muito para virar um rock-soul à la Queens of the Stone Age, com o clímax adicionado dos vocais estratosféricos (mesmo no fim do show, como todo aquele desgaste) de Demi. O público, que já tinha viajado de forma deliciosa com a artista por seu catálogo, não se fez de rogado, e o verão baixou no Autódromo até embaixo da chuva fria.

A chuva não parou Post Malone, nem impactou seu entusiasmo. Mesmo debaixo de temporal, o rapper americano se doou ao público do primeiro dia, como se devesse compensar o inconveniente de vê-lo em condições tão adversas. Ele cantou — quando não simplesmente gritou —, dançou e embalou o público já bastante cansado do dilúvio, e fez do caos uma vírgula no primeiro dia de festival. O homem era carisma puro.

Ney Matogrosso parecia surpreso com a reação do público do The Town às suas músicas, como se não imaginasse que tantas pessoas compareceriam à sua apresentação no palco The One, ou mesmo cantariam cada uma das canções do seu setlist. Mas a verdade é que mesmo quem, por ventura, não conhecesse a obra do artista poderia ficar alheio a uma performance tão emocionante. Ney comandou o palco como ninguém, se entregando a tudo: aos gritos, ao ritmo e ao clima deste domingo (3) ensolarado. Dispensando a pirotecnia, mas entregando muito rebolado, Ney não economizou energia e fez um show para se lembrar.

O show de Leon Bridges no Palco The One foi um bálsamo para os ouvidos e o coração no meio da maratona energética do domingo (3) de The Town. Com um catálogo lotado de músicas românticas, um vocal cheio de soul, uma banda brilhante (um solo de saxofone melhor que o outro) e um carisma relaxado no palco, ele fez show de festival raiz: daqueles para sentar na grama e - se possível - curtir abraçadinho. O público do The Town entrou na vibe e ate puxou palminhas para acompanhar as canções.

Bebe Rexha colocou o Palco Skyline pra dançar com seus muitos hits eletrônicos na noite de domingo (3) - mas ela também escolheu seis fãs em específico para rebolar o traseiro com ela em cima do palco, ao som de "Hey Mama", em um concurso de dança. Primeiro vieram três rapazes que, na avaliação da cantora, mereciam igualmente o prêmio de melhor dançarino (é marmelada, mas perdoamos!)... só que Bebe não se deu por satisfeita e fugiu do roteiro para insistir em uma segunda rodada só com meninas. Trazendo duas cariocas e uma colombiana (!) ao palco, ela não escondeu o favoritismo após as fãs darem um show de rebolado: "Desculpa, mas as garotas arrasam!"

Figurinha carimbada dos shows de Seu Jorge, "Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda" (cover do clássico de Hyldon, precursor soul no Brasil, depois regravado pelo Kid Abelha) fez o público do The Town "jogar suas mãos para o céu" - mas, também, cantar. O barulho foi tanto que Seu Jorge acabou entregando o microfone ao público, em um dos coros mais fortes de todo o primeiro fim de semana do festival. A cereja no bolo foi a brincadeira do cantor no último refrão: "Na rua, na chuva, na fazenda ou num festival em éssepê", declamou ele. O pessoal, claro, foi à loucura.

Se alguém tinha dúvidas de que Bruno Mars faria jus ao posto de headliner, pode dormir tranquilo neste domingo (3) depois de assistir ao primeiro dos dois shows que o americano faz na capital paulista. Com gingado de sobra, charme e até se arriscando num flerte em português — "eu quero você, gatinha", disse para o delírio dos presentes —, o cantor fez o que bem quis com o público, e todos o seguiram de muito bom grado. Acompanhado dos talentosos Hooligans, Mars não deixou ninguém ficar parado —e muito provavelmente é a razão para que muitos dos seus fãs comecem a semana sem voz. Até porque foi ele quem puxou um coro de “Evidências” no meio do seu set.