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Crítica

Rua do Medo: 1666 resolve mistérios, mas perde brilho com bagunça no século 17

Volta ao passado é tropeço na trilogia de terror

16.07.2021, às 15H17.
Atualizada em 17.07.2021, ÀS 16H28

Depois de introduzir os problemas sobrenaturais que afligem a cidade de Shadyside em 1994 e entregar um pouco mais de sua mitologia em 1978, a trilogia Rua do Medo deixa para 1666, sua parte 3, a incumbência de resolver o mistério central e amarrar todas as pontas soltas. Justiça seja feita, o filme resolve isso, mas não entrega muito além. 

No longa, Deena (Kiana Madeira) é transportada para as memórias dos últimos dias da misteriosa bruxa Sarah Fier, no século 17. Ela vive no condado de Union, ainda longe das divisões entre Shadyside e Sunnyvale, cercada por colonos interpretados por outros atores que já vimos na saga, como Olivia Welch, Sadie Sink e Fred Hechinger -- uma decisão acertada da diretora e co-roteirista Leigh Janiak, visto que o elenco é, desde o início, um dos pontos fortes da trilogia, e identificar antepassados de personagens que já vimos ajuda a trazer o espectador para dentro do filme mais rápido.  

1666, no entanto, demora a se encontrar. É clara a inspiração em A Bruxa (2015), filme de Robert Eggers estrelado por Anya Taylor-Joy, mas o filme não consegue reproduzir a sua atmosfera de suspense psicológico e horror contido. Tampouco ajuda o estranhamento causado pelos forçados sotaques europeus do elenco. A impressão é a de que estamos vendo jovens do século 21 reproduzindo o que consideram ser a vida de séculos atrás, como numa reencenação de feira medieval. Toques modernos em produções de época podem ser detalhes bem-vindos, como acontece em Dickinson, série do Apple TV+, mas Rua do Medo: 1666 não consegue alcançar esse equilíbrio tênue que vem do não se levar tão a sério assim. 

A situação melhora quando, em sua metade, o filme começa a resolver seu mistério com uma reviravolta interessante, e retorna a 1994, para o confronto final que põe Deena, seu irmão Josh (Benjamin Flores) e C. Berman (Gillian Jacobs) mais uma vez cara a cara com os maníacos que os perseguem. É a deixa para uma festa de neon e sequências divertidas envolvendo armadilhas e, claro, mais sangue. 

O desfecho é satisfatório e, como trilogia, Rua do Medo teve mais altos do que baixos. Mas depois de três semanas consecutivas dedicadas a ela, não deixa de ser frustrante a sensação de que a história está fadada a se repetir -- e muito em breve, dado o sucesso dos filmes na Netflix. 

 

Nota do Crítico
Regular