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Crítica

Zona de Combate

Apesar da demora para engrenar, longa da Netflix compensa com boa ação e boas ideias

19.01.2021, às 17H08.

Demoram 50 longos minutos para que Leo, o personagem de Anthony Mackie em Zona de Combate, comece a fazer o longa valer a pena. Algumas cenas antes do personagem lançar uma granada, saltar para trás e atirar no explosivo para que ele atinja seu inimigo, o novo filme de ação da Netflix tem pouca recompensa e muita, mas muita conversa genérica. Acontece que, do marco de 50 minutos para frente, Zona de Combate se transforma com ótimas sequências de ação, uma humanidade surpreendente e discussões realmente dignas. É uma pena que o longa talvez perca parte de sua audiência antes de se revelar totalmente.

Talvez a delonga seja proposital, afinal o filme começa nos introduzindo Harp (Damson Idris), um soldado acostumado com a operação fria e aérea de drones, longe do mundo real e portanto desconectado das consequências de seu trabalho. Ao arriscar a detonação de um caminhão antes de receber as ordens superiores, na intenção de salvar um grupo de militares, Harp mata dois jovens soldados. O movimento lhe rende uma detenção, e ele é enviado para trabalhar com Leo em uma missão ultrassecreta e cheia de reviravoltas. Ah, claro, esqueci de mencionar que o filme se passa em 2036 e temos robôs soldados lutando nas ruas do Leste Europeu, onde a trama se passa. Mas, nada disso é muito importante. 

O importante é que Leo não é exatamente o que parece. Apesar do exterior totalmente humano, o Capitão do exército é, na realidade - e secretamente para quase toda a tropa - um robô com habilidades letais. É da parceria entre o robô e o soldado que o filme parte sua discussão, na intenção de ponderar sobre a desconexão de um soldado com o peso de uma vida e a importância de emoções para a tomada de decisões de uma máquina. O problema é que, no início, sem aprofundar personagens ou qualquer cena de ação que gere adrenalina, a discussão só soa rasa. 

Mas, uma vez que Leo forma uma ligação com Harp, tudo muda. Zona de Combate demonstra proeza nas coreografias de luta para transmitir emoção, desenvolve o personagem de Harp aos poucos e, lá pelo miolo, ganha seu coração. É nas ações humanas de Harp, que refletem nossa ingenuidade, e nas filosofias de Leo, que Zona de Combate começa a questionar a guerra, em um exercício tanto curioso quanto paradoxal para a própria obra (não fossem os Transformers lutando uns com os outros nas ruas da Ucrânia, talvez tudo isso soasse melhor). 

Confesso que se não tivesse que escrever a crítica, talvez eu tivesse interrompido Zona de Combate antes de chegar na metade, mas felizmente tive que esperar para entrar no clima que o filme pediu de mim. Liderado por boas performances da dupla protagonista e complementado por Emily Beecham (que, honestamente, tem um papel minúsculo, mas ganhou minha simpatia ao derrubar um capanga usando apenas um casaco como arma), o lançamento da Netflix demora, mas entrega ação e substância que vale a espera. 

Nota do Crítico
Ótimo