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Elite deixa porta aberta para 4ª temporada, mas vale a pena continuar a série?

Terceiro ano encerra arco sobre a morte de Marina com um tom de amadurecimento, mas o retorno de alguns jovens à escola pode significar um novo mistério

16.03.2020, às 19H28.
Atualizada em 25.03.2020, ÀS 14H15

[Atenção: artigo contém spoilers da terceira temporada de Elite]

Contrariando as expectativas, a morte de Polo (Álvaro Rico), anunciada já no trailer da terceira temporada de Elite, não foi mais um drama para abalar a vida dos alunos de Las Encinas, mas sim o evento que colocou um ponto final no caos iniciado com o assassinato de Marina (María Pedraza). Ainda que Lu (Danna Paola) tenha sido a culpada pela mais nova vítima da escola, seus colegas toparam se arriscar para protegê-la em um esquema que remete diretamente ao clássico de Agatha Christie, Assassinato no Expresso do Oriente.

O motivo desta decisão obviamente não foi mera empatia pela amiga - apesar que isso influenciou parcialmente alguns personagens. "Vamos acabar com esse pesadelo. Já sofremos demais. Vidas demais foram destruídas. Vamos sair daqui juntos e livres. E vamos deixar tudo isto para trás”, propôs Samuel (Itzan Escamilla) ao grupo, momentos antes de todos deixarem suas digitais na arma do crime em uma tentativa bem-sucedida de despistar a polícia.

Toda a resolução do mistério mostrou, em última instância, os jovens mais maduros e espertos, entendendo que todas as picuinhas e passadas de perna, na verdade, nunca os impediram de amar uns aos outros. E, mais importante, que já era hora de seguir em frente.

Um desfecho tão simbólico e a garantia de um recomeço aos sobreviventes, inclusive à Lu, que parte para Nova York acompanhada da Nadia (Mina El Hammani), poderiam significar que este seria o fim de Elite. No entanto, a série não fecha as portas para uma continuação. Samuel, Guzmán (Miguel Bernardeau) e Rebeca (Claudia Salas) voltam à escola Las Encinas em uma curiosa segunda chance de se formar - afinal, eles foram expulsos no final do ano letivo anterior. Ander (Arón Piper) também retorna aos corredores da escola, dessa vez acompanhado do namorado Omar (Omar Ayuso). Não bastassem todos estes velhos conhecidos, a formada Cayetana (Georgina Amorós) reaparece na instituição, agora como uma faxineira. Logo, se a Netflix quiser, há personagens o suficiente para a trama de um novo crime. A pergunta, porém, é: vale a pena?

É verdade que a formatura no Ensino Médio nunca impediu que séries teen continuassem suas narrativas. Entretanto, poucas tiveram êxito nessa transição. Glee, por exemplo, tentou intercalar os dramas dos membros remanescentes do New Directions com a nova vida de Rachel (Lea Michele), Kurt (Chris Colfer) e companhia, mas a trama perdeu muito do seu apelo. The O.C. sofreu do mesmo mal. Além de toda a enrolação de Summer (Rachel Bilson) na faculdade, lidando com o colega ativista Ché (Chris Pratt), a série ainda precisou lidar com a saída da até então protagonista, Marissa Cooper (Mischa Barton).

É claro que Elite pode se ser uma exceção, como foi Gossip Girl, mas já no terceiro ano a produção teve a repetição de algumas das ideias trabalhadas nas temporadas anteriores, mostrando um esgotamento. Para que uma quarta temporada funcione, a série precisará de uma ideia muito boa, sobretudo para justificar por que os adolescentes seguem envolvidos em assassinatos e a escola não sofre qualquer consequência.

A grande vantagem do seriado são seus personagens. Guzmán é uma figura carismática e sua amizade com Ander sempre rende momentos fofos. Rebeca se mostrou uma personagem interessante, apesar do romance frustrado com Samuel. Omar e Cayetana também sempre rendem tramas que geram discussão. Sabendo trabalhar bem suas personalidades e investindo no desenvolvimento de seus arcos para que eles efetivamente evoluam, Elite pode sim ter um novo respiro. Caso contrário, a Netflix deve aproveitar o bom final da terceira temporada e seguir em frente com novos projetos.

As três temporadas de Elite estão disponíveis na Netflix.