Funcionários transgêneros da Netflix farão uma greve na próxima semana protestando contra a decisão da gigante do streaming de lançar o mais recente especial de comédia de Dave Chappelle, The Closer, no qual ataca diferentes comunidades LGBTQ+. Segundo o jornal Los Angeles Times, que recebeu a confirmação dos participantes, a ação vai acontecer dia 20 de outubro.
“Eu encorajo todos os [membros da] Trans* e aliados a não trabalharem para a Netflix no dia [20 de outubro]. (...) Conforme discutimos por meio do Slack, e-mail, textos e tudo mais, nossa liderança nos mostrou que eles não defendem os valores pelos quais somos considerados”, um funcionário da Netflix postou na última segunda-feira (11) em um canal público da empresa no Slack que conta com mais de 800 funcionários que representam “minorias de gênero de todos os tipos e seus aliados”.
“Entre os inúmeros e-mails e não respostas que foram dados, fomos informados explicitamente que, de alguma forma, não podemos entender as nuances de determinado conteúdo. Não sei sobre você, mas pedir que mostremos toda a história e não apenas as peças que prejudicam as pessoas trans e [LGBTQ +] não é uma pergunta irracional”, continuou a declaração do funcionário via Slack, em mensagem revisada pelo jornal.
Outro funcionário da Netflix, que, como outros entrevistados para a matéria da publicação, pediu para não ser identificado por medo de represálias, disse que o grupo também sediará um evento virtual para discutir o impacto do especial de Chappelle na comunidade trans. Aberto a todos os funcionários da empresa, a reunião acontecerá na véspera do protesto, dia 19 de outubro. Segundo a publicação, a Netflix não respondeu ao pedido de comentários.
Isso vem na esteira da polêmica demissão de uma funcionária transsexual, Terra Field, ex-engenheira de software da plataforma, desligada da companhia após publicar no Twitter um fio no qual rebate todas as piadas consideradas transfóbicas feitas pelo comediante. Em nota, publicada pelo The Verge, a empresa negou que esse tenha sido o motivo da suspensão, apontando como real razão uma tentativa de comparecer a uma reunião reservada apenas a diretores.
"Eu trabalho na Netflix. Ontem, lançamos outro especial de Chapelle onde ele ataca a comunidade trans e a validade da identidade trans, tudo enquanto nos tenta colocar contra outros grupos marginalizados. Você vai ouvir muito sobre 'ofensa'. Nós não estamos ofendidos", escreveu Field, antes de listar em diversos tweets o nome de diversas vítimas de violência motivada por transfobia.