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O Grande Gatsby | Entrevistamos Tobey Maguire e Joel Edgerton

Filme foi uma grande reunião de amigos, segundo o intérprete de Nick Carraway

03.06.2013, às 20H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H43

De acordo com Tobey Maguire, a seleção de elenco de O Grande Gatsby foi mais uma reunião de amigos do que um processo típico de Hollywood, com testes e agentes intermediando. "Leonardo DiCaprio me ligou e disse que estava com Baz Luhrman na casa dele. Os dois já tinham trabalhado juntos em Romeu + Julieta e estavam conversando sobre adaptar Gatsby novamente ao cinema", explicou o ator ao Omelete em entrevista no set do filme em Sydney, na Austrália.

O Grande Gatsby

"Baz comentou que estava pensando em mim para viver Nick Carraway. E eu fui até lá na hora, naquele dia mesmo, pra conversar, o que foi sensacional, pois sou um enorme fã de Baz e Leo é um dos meus melhores amigos. É ótimo trabalhar com amigos e com um cineasta desse calibre", seguiu o ator. "E Baz não teve problema nenhum para escalar o seu Gatsby. Quem mais poderia vivê-lo hoje em dia se não Leonardo?", pergunta.

Para Maguire, também não foi preciso pensar muito se ele deveria aceitar ou não o projeto, já que ele adora o trabalho de Luhrman e seu estilo, "essa reinterpretação da história original com uma camada de modernidade, com as músicas. Acredito muito nesse projeto, em ser fiel aos temas da obra e ao texto de Fitzgerald, ao mesmo tempo fazendo pequenas adaptações nele".

O ator julga fundamentais os detalhes que Luhrman busca em suas produções. "Eles são essenciais para a autenticidade e para situar o espectador no nosso mundo. Para mim são igualmente importantes, pois somam à interpretação. Os figurinos, por exemplo, são brilhantes. Nós realmente estamos vivendo nesse mundo quando os colocamos. É deslumbrante o trabalho de arte".

Joel Edgerton, que interpreta o antagonista da história, Tom Buchanam, revelou-se igualmente impressionado pela qualidade do design e valores meticulosos de produção. "O figurino é mais importante do que parece na construção de Tom. O departamento de figurino é tão meticuloso que eles costuraram um crânio com ossos cruzados em todas as minhas roupas, por dentro, que é o emblema de uma sociedade secreta frequentada por ele na universidade de Yale. Isso nunca aparece na tela, mas é extremamente importante para mim. Todas as vezes que estou me vestindo e vejo aquilo escondido sou lançado a um outro lugar. Como esse há incontáveis detalhes que enriquecem a experiência aos atores e ao público", comentou.

"Tom Buchanan é visto por muitos como o vilão de O Grande Gatsby. Para mim, porém, ele é o herói de uma história diferente", continuou Edgerton, lembrando que Ben Affleck ia vivê-lo, mas conseguiu financiamento para Argo e foi trabalhar no seu próprio filme. "Preciso agradecer muito a ele", brincou. "Inicialmente eu achei que o papel não tinha nada a ver comigo, pelo fato de eu não ter 'sangue azul' ou quase nada das características dele - e a câmera não mente. Mas aí Baz me deu uma edição do filme. Eu agradeci, enfiei na bolsa e dias depois mostrei a um amigo. Ele surtou, dizendo que era raro, uma edição antiga em perfeitas condições, e eu me senti muito mal pela minha ignorância. Imagino que isso tenha favorecido minhas chances de viver Tom. Fui tão bruto quanto ele!"

Edgerton descreve Tom como um arrogante, um brutamontes bem-educado, mas não muito inteligente, cujo dinheiro é herdado. "Mas ao mesmo tempo, ele é o mais honesto dos personagens. É o único que admite suas falhas, seus casos. Ele ama sua esposa mas não consegue ficar com ela", diz.

Maguire, por sua vez, vê Nick Carraway como um observador, um condutor da história. "De certa maneira, é como se ele estivesse afundando em areia movediça de moralidade", explica. "Nick é um cara que não passa julgamentos, mas isso não quer dizer que ele não tenha opiniões sobre os outros. Ele de certa maneira perdoa as pessoas pelas suas falhas e é um otimista, sempre acreditando que todos podem melhorar, fazendo o que é certo. Essa é sua maior força de caráter, junto com a sensibilidade artística, quase poética. Aos 20 e poucos anos, ele está em uma jornada para encontrar quem é o seu eu autêntico - e isso é o que mais aprecio nesse personagem".

"Eu estou em uma jornada parecida com a de Nick. Buscando pelos cantos como interpretá-lo, com uma jornada de descoberta conjunta com a dele. Às vezes acho que estou muito bem, mas depois me sinto inseguro, mas isso é parte do processo", diz Maguire.

Para Edgerton, as contradições da era pré-Grande Depressão são os elementos da obra de Fitzgerald que ele mais aprecia. "A lei que deveria ter banido as bebidas alcoolicas acabou criando uma nação de alcoolicos. É uma época muito bêbada e muito barulhenta e às vésperas de uma catástrofe, tendo como pano-de-fundo uma das cidades mais empolgantes que já existiram. É tudo tão épico e ao mesmo tempo a história é tão simples e silenciosa. Tem só meia-dúzia de personagens e trata da desconstrução deles e desse tempo".

"Além disso, as limitações do amor me fascinam nessa história. É uma hora em que tanta coisa estava à beira do precipício e as pessoas ainda se apegavam às convenções sociais e à etiqueta das relações românticas. É uma era em que o mau comportamento é aceito e ao mesmo tempo precisa ficar escondido sob a superfície", conclui.

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