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Porão do Rock 2012 - Segundo Dia

Festival faz encerramento em noite nostálgica liderada por Sepultura, Viper e Karina Buhr

09.09.2012, às 18H26.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H44

Mesmo com um público reduzido, a segunda leva de shows do Porão do Rock, neste sábado (8/9), resultou em uma noite nostálgica, voltada aos clássicos e fãs saudosistas. A apresentação grandiosa do Sepultura, o retorno da banda de heavy metal Viper e o show performático de Karina Buhr foram os grandes destaques do último dia, superando as atrações internacionais.

Porao do Rock 2012

Porao do Rock 2012

Porao do Rock 2012

Porao do Rock 2012

Porao do Rock 2012

Porao do Rock 2012

Fotos: PDR/ Divulgação

Após turnê pela Europa, os veteranos da banda de death metal Sepultura retornaram pela quarta vez ao PDR com repertório especial. Em coletiva de imprensa, o guitarrista Andreas Kisser comentou sobre o documentário que conta a história da banda, ainda em fase de produção. "A gente quer contar essa história com todos que fizeram parte da banda", disse. "Muita gente conhece o Sepultura, mas não conhece de verdade o Sepultura", completou. Veja a nossa crítica completa do show.

Karina Buhr e Viper

Como esperado, Karina Buhr subiu no palco do PDR com atitude e mostrou que o rock de Pernambuco tem muito a oferecer. A baiana – que se mudou com apenas oito anos para Recife – abriu o show com "Eu Menti pra Você", hit mais leve de seu primeiro álbum homônimo, de 2010. Não demorou, porém, para que as músicas incorporassem a animação e êxtase da cantora, que revelou, pouco antes do show, estar realizando um sonho ao tocar no Porão do Rock.

Performática, Karina corria pelo palco, pulava, se jogava no chão e nas caixas de som. À vontade, a cantora tomou um belo gole de wiskhy direto da garrafa durante a apresentação de "A Pessoa Morre". Pouco tempo depois, enrolou o fio do microfone no pescoço e gritou revoltada o refrão de "Nassiria e Najaf". Acompanhada por Edgard Scandurra e Fernando Catatau – os dois na guitarra –, Karina entoou faixas tanto de seu primeiro álbum quanto do mais recente, Londe de Onde.

O Viper teve o seu momento de estrela no encerramento da edição de 2012 do Porão do Rock. Com uma hora de atraso - o maior tempo entre todas as atrações - os músicos fizeram sua estreia no PDR em grande estilo; esbanjando a experiência de um grupo formado há 25 anos. Com a turnê To Live Again, o vocalista André Matos – ex-Angra e Shaaman – voltou aos palcos com a antiga formação do Viper quase completa – Pit Passarell no baixo e Felipe Machado em uma das guitarras. O retorno celebra o aniversário de lançamento do primeiro disco, Soldiers of Sunrise, de 1985.

Matos não tocava na banda desde 1992 e a recomposição do grupo gerou furor entre os fãs de heavy metal. O show extenso, com direito a pausa para transmissão de vídeos de entrevistas, cansou o público, que ficou consideravelmente menos aglomerado nos 30 minutos finais. E mesmo com quase duas horas de música, a empolgação dos integrantes da banda não se desfez. Sem camisa, Passarell parecia delirar, enquanto o guitarrista Hugo Mariutti intimava a plateia a gritar o tempo inteiro.

Internacionais

O vocalista e guitarrista inglês Gaz Coombes tocou canções de seu álbum de estreia na carreira solo, Here Come the Bombs, de 2012, ainda pouco conhecidas pelo público em geral - o que gerou um bate-papo constante na plateia, quase alheia à apresentação. Alguns hits de sua antiga banda, Supergrass, no entanto, foram entoadas por boa parte do público.

A banda de stoner rock Kyuss Live!, última atração do festival, entrou ao simples som de guitarra, baixo e bateria. O vocalista John Garcia se comunicou com poucas palavras, mas fez um agrado aos fãs ao jogar seu microfone para a plateia. O setlist da banda compilou faixas dos quatro discos já lançados. Entre elas, "One Inch Man", "Green Machine", "Gardenia" e "White Water". Mesmo com o público começando a ir embora devido ao horário – eram quase 4  da manhã – o grupo quebrou o protocolo do festival, voltou para o bis e agradou os fãs ainda presentes com mais duas músicas.

Um festival de música (quase) como ele deve ser

Nesta 15ª edição do PDR, o cenário musical da capital abriu portas para novos talentos do rock e recebeu com mentes abertas suas tantas vertentes musicais. Mesmo com tal variedade, o público metaleiro continua o mais fiel do PDR, e foi o mais presente nas duas noites de evento. Apresentações de bandas como Almah, Trivium, Sepultura e Viper eram os shows mais esperados e foram aclamadas pelos fãs no término de cada uma.

Embora as atrações internacionais sejam sempre motivo de destaque, foi com as bandas nacionais que o público mais se empolgou. O fato dos estrangeiros terem sido escalados para as últimas apresentações do dia, a plateia já não estava tão presente e empolgada para aguardar pelos shows. Apesar disso, mostraram boas performances e conseguiram agradar o público.

A valorização de uma programação alternativa e variada foi um dos diferenciais do evento. A organização dos horários possibilitou que entre uma apresentação mais esperada e outra, os grupos menos conhecidos ganhassem espaço para mostrar seus trabalhos a um público maior. Afinal, por mais importante que sejam os grandes artistas, um festival de música serve também para revelar novos talentos e mostrar o que o cenário musical daquela cidade tem a oferecer. Ainda que precise de inúmeras melhorias, o Porão do Rock aos poucos renasce com a aposta em bandas locais, mescladas a nomes consagrados.