Com forte âncora na realidade, The Boys retorna com o mesmo frescor

Após quase dois anos de espera, The Boys retorna com capítulos inéditos ao Prime Video a partir da noite desta quinta (13). A quarta temporada promete agregar novos personagens que irão movimentar a essência de ambos os núcleos de personagens, empurrando a série mais para o seu lado político (com uma forte âncora na realidade) - mas, ao mesmo tempo, sem perder um pingo do frescor que caracteriza a produção baseada nos quadrinhos Garth Ennis.

Talvez pela série já estar em seu quarto ano, os espectadores já sabem o que esperar da dinâmica da narrativa. A cada nova temporada, The Boys apresenta novos personagens nos primeiros capítulos, estabelece as relações e objetivos dos recém-chegados com os já estabelecidos, e depois costuma deixá-los brincar em um fogo cruzado de sangue, cérebro, superpoderes, sexo, muitos fluidos corporais e tudo que é costumeiro da trama.

É mais ou menos isso que apresenta a nova leva de episódios de The Boys, que inclusive já tem quinta temporada confirmada. Mas esse caminho, bastante identificável nos três primeiros episódios divulgados à imprensa, não turva a experiência. Pelo contrário, a série melhora pela nova dinâmica que aprofunda o clima social a partir das ações de seus personagens. Para entender melhor o caminho que a série está tomando, aqui vai uma pequena atualização - sem spoilers - sobre as duas equipes no início da nova temporada.

A quarta temporada ficará marcada pela agenda política, refletindo o momento em que os EUA caminham para novas eleições presidenciais. Victoria Neuman (Claudia Doumit) é quem poderá ser a próxima vice-presidente, tendo Homelander (Antony Starr) como seu parceiro mais próximo. Nesse contexto, além da chegada dos dois novos integrantes dos The Seven, Sister Sage (Susan Heyward) e Firecracker (Valorie Curry), a série discursa sobre a polarização da sociedade estadunidense, as estratégias sujas da extrema direita na mídia e redes sociais e a loucura de seu líder, dividindo forças entre a gestão de Vought e a paternidade. Ah, e um tema pessoal que será sua nova obsessão.

Do outro lado do ringue, Butcher (Karl Urban) foi rebaixado de seu papel e Annie/Starlight (Erin Moriarty) se juntou ao grupo permanentemente. M (Laz Alonso) está no comando, mas sua gestão é mais ligada à CIA, sem tanta autonomia quanto Butcher costumava ter. A ordem direta que ele recebe, no início da nova temporada, é exterminar Victoria Neuman - mas isso é muito mais complicado do que parece, ainda mais complicado do que eliminar o próprio Homelander.

Com esse cenário, que abrange dois capítulos para estabelecer novamente os lados, o terceiro episódio da quarta temporada retorna para o lado mais delirante, escatológico The Boys. No que diz respeito ao retrato da política ocidental, a série volta mais ácida e precisa. Sem dúvida - e apesar dos comentários do criador Eric Kripke, que sustentou que sempre teve Donald Trump como material base para construir Homelander - esta nova temporada tem uma base mais sólida de imitação da realidade: a polarização como tendência na política em diferentes países, pensamentos de extrema direita e manipulação de informação, mensagens de ódio e seus centros de operações, convenções de armas, reuniões ultranacionalistas, e por aí vai. A temporada mais política até agora.

Para fechar, a série mantém um alto nível de construção de excelentes histórias individuais como as de Butcher e Homelander, mas também de Annie e sua nova missão, Sister Sage, A-Train e o sempre produtivo The Deep. Claro que existem um ou dois personagens, como Frenchie e Kimiko, que se tornaram chatos, com objetivos forçados ou conflitos. Já as boas surpresas, para muitos fãs, serão as boas aparições dos personagens Ryan (Cameron Crovetti) e Black Noir (Nathan Mitchell).

The Boys estreia no dia 13 de junho com “Department of Dirty Tricks”, “ Life Among the Septics” e “We’ll Keep the Red Flag Flying”, os três primeiros episódios da quarta temporada, exclusivamente no Prime Video.