Era um cara fortão, peludo, violento, extremamente ágil e dono de garras indestrutíveis. Num ridículo uniforme amarelão com bigodinhos felinos estilizados, cortesia do ilustrador Herb Trimpe, aparecia pela primeira vez aquele, que se tornaria, em breve, o MAIOR dos mutantes da Marvel Comics, o enigmático Wolverine.
Sua meteórica carreira foi catapultada quando passou a integrar os Novos X-Men, o grupo criado pelo Professor Charles Xavier para salvar seus pupilos originais. A partir daí, começou a crescer o fascínio por Wolverine e seu jeito animal.
Parte do apelo de Logan (seu suposto nome verdadeiro) junto ao público, foi obtido pela omissão de detalhes sobre o seu passado. Essa decisão inusitada ia contra tudo a que os leitores estavam acostumados nas HQs. Via de regra, não tardava nada e as editoras logo apresentavam as origens de seus protagonistas.
Território sagrado para a Marvel, o passado de Wolverine tornou-se um tabu, sendo apenas pincelado por diversos escritores ao longo dos anos. O quebra-cabeça que são suas raízes têm pedaços no Canadá, Japão, Europa e Estados Unidos, espalhando-se também no tempo, muito além da idade que o mutante aparenta ter.
Enfim, o maior mistério já criado pela Marvel Comics.
A revelação
Capa da primeira edição americana |
Em meados do ano passado, foi divulgado que finalmente seria contada a história de Logan. A mini-série se chamaria Origin e teria como equipe criativa o premiado escritor Paul Jenkins (Inumanos), o ilustrador Andy Kubert (Ultimate X-Men) e o colorista Richard Isanove. As seis edições começariam a ser lançadas em setembro.
Imediatamente após o anúncio, começou o alarde dos fãs, certos de que se tratava de um caça-níqueis para alavancar vendas. As manifestações deixaram claro que o passado do mutante Wolverine não era tabu apenas para a Marvel, e que a dupla Joe Quesada (editor-chefe da Marvel) e Bill Jemas (presidente da empresa) estavam pisando em gelo fino.
Oportunismo ou não, as vendas da primeira edição ultrapassaram os 130 mil exemplares - o que corresponde a mais de 450 mil dólares - mantendo a Marvel no posto de maior editora de HQs no mercado norte-americano, mesmo com as excepcionais vendas de Cavaleiro das Trevas 2, da DC Comics!
Origem
Capa da edição nacional |
Quando finalmente chegou às comic shops, Origin foi um baque. Nada de heróis grandiosos, complôs mirabolantes ou superseres. O texto primaz de Jenkins nos transporta ao final do século XIX, até uma fazenda em Alberta, no Canadá. Lá, somos apresentados a Rose, uma jovem orfã que chega à propriedade dos Howlett, uma abastada família local.
John Howlett, o chefe da família, acolhe Rose para trabalhar como tutora e servir como companhia para seu único herdeiro, o adoentado James. Até então, a única criança nas redondezas era Cão, o filho do capataz da fazenda, um homem violento e rancoroso chamado Thomas Logan. A decisão de Howlett visa abrandar a carga de tragédias em sua vida, marcada pela morte do seu primogênito, o que resultou na insanidade de sua esposa, e pelo repúdio de seu pai, o opressor patriarca da família.
Conforme os anos passam, Rose, James e o jovem Logan tornam-se amigos, partilhando as alegrias da infância. No entanto, à medida em que a adolescência se aproxima, seus problemas começam a surgir e desencadeiam uma seqüência de eventos que parecia iminente desde a primeira página...
A sagacidade com que a trama é contada, cheia de reviravoltas e armadilhas inteligentes, amarra o passado de Wolverine de uma maneira que eu julgava impossível - sem desconsiderar seu futuro, esse sim conhecido pelos leitores.
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