Enquanto o mundo dos quadrinhos entra em ebulição durante a San Diego Comic Con, Alan Moore continua entocado na sua casa em Northampton, Inglaterra, de onde deu uma longa entrevista à revista Wired.
alan moore
A premissa era o lançamento de A Liga Extraordinária: Século - 1969, mas o escritor britânico falou do status de todos seus projetos atuais, sem deixar de lado a oportunidade, como já é habitual, de criticar os super-heróis e o mercado norte-americano de quadrinhos.
A primeira novidade é que sua revista Dodgem Logic vai tornar-se uma publicação digital, e que sua encarnação em papel acabou - pelo menos temporariamente - na edição 8. Moore já vinha comentando em outras entrevistas que a revista, financiada de seu próprio bolso, chegou perto de pagar todas as contas com as vendas. Além da questão financeira, porém, ele não se identificou muito bem com o papel de editor e quer rever o funcionamento da revista para ela ter continuidade.
Outra grande novidade é que Jerusalem, o livro que escreve há mais de uma década, pode ficar pronto este ano. Pelas suas contas, a obra está com mais de 1.500 páginas. Ele diz já ter recebido recomendações para imprimí-la em papel-bíblia - com toda malandragem de transformá-la em Livro Sagrado. Jerusalem, conta Moore, é uma longa narrativa sobre a cidade de Northampton, misturando história, psicogeografia e, talvez, autobiografia.
De outros projetos já anunciados, Moore diz que The Moon and Serpent Bumper Book of Magic está sendo escrito lentamente com o colega Steve Moore (sem parentesco). Jimmy's End, um projeto em parceria com o fotógrafo Mitch Jenkins que inclui filmes e talvez desdobramentos para outras mídias, também está em produção: "Está saindo do controle da melhor maneira possível, e pode ser expressado em diversas mídias, cruzando plataformas. Vamos começar a rodar em agosto, então pode esperar uma data de lançamento no final de ano. Por lá eu vou poder contar muito mais sobre ele".
Aproveitando o espaço, Moore não pôde deixar de comentar que o problema atual da indústria de quadrinhos está em ela ser controlada pelos fãs - tanto fãs-leitores, que querem controlar tudo que acontece com seus personagens preferidos, quanto fãs-autores, que escrevem retrabalhando suas memórias de infância com os mesmos personagens.
A coisa toda, segundo o britânico, começou com a demissão de "escritores de verdade" como John Broome e Gardner Fox, que vinham da literatura sci-fi, lá no início da década de 70 - quando estes quiseram formar associações e começar a cobrar direitos e prerrogativas de editoras como a DC Comics.
"[As editoras] imediatamente importaram uma nova leva de escritores que eram fãs de quadrinhos, que estavam em êxtase de poder trabalhar com os personagens que amavam na infância e nunca sonhariam em fazer algo tão anárquico e maléfico como formar um sindicato. Estavam felizes em trabalhar com Batman e a Liga da Justiça. E isso contribuiu para o atual estado dos quadrinhos", diz Alan Moore.
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