Enquanto a Marvel Comics continua com os procedimentos jurídicos e editoriais para publicar Marvelman - o super-herói inglês que passou anos no limbo devido a brigas por direitos autorais -, o escritor mais associado ao personagem, Alan Moore, finalmente deu sua opinião sobre o negócio. E está contente.
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"Depois de ter sido informado pelo advogado de Neil Gaiman, fiquei pensando alguns dias. Então decidi que estou feliz pela publicação do material - porque isso significa que o dinheiro vai para o criador de Marvelman, Mick Anglo, e sua esposa. Mick está muito, muito velho e sua esposa, acredito, sofre de Alzheimer", disse Moore em entrevista ao site Mania.
Apesar da felicidade, Moore diz que não quer ver seu nome em quadrinhos de Marvelman, caso as histórias que escreveu nos anos 80 venham a ser republicadas. "A verdadeira história de Marvelman é tão cruel e terrível que eu prefiro que o material seja publicado sem meu nome, e que todo dinheiro vá para Mick. Essa decisão tem muito a ver com a minha história com a Marvel - minha vontade de não ter nada a ver com eles, e meu desejo crescente de me distanciar do mercado de quadrinhos dos EUA."
Segundo o autor, em contato com o advogado de Neil Gaiman - que esteve envolvido em todo o processo pela briga de direitos sobre Marvelman -, a Marvel concorda em suprimir o nome de Moore. É a mesma cláusula que o autor conseguiu fazer valer para a adaptação de suas obras Watchmen e V de Vingança para os cinemas - o pagamento destinado a ele foi encaminhado para os desenhistas das obras.
Moore conta mais da "história cruel e terrível" de Marvelman na entrevista. Ele diz que foi procurado pelo editor da revista Warrior, Dez Skinn, em meados da década de 80 após ter dito em entrevistas que gostaria de escrever Marvelman. O personagem estava no limbo há anos, após a editora que o publicava, a L. Miller & Son, ter falido. Skinn dizia ter comprado o personagem do Insolvency Service, agência do governo britânico que assume posses de empresas em falência.
Enquanto trabalhava na série, Moore acabou descobrindo que a história dos direitos sobre Marvelman não era tão simples. Na entrevista, diz inclusive que Skinn agiu de má fé, pois sabia que os direitos não eram realmente dele. O escritor deixou o personagem por conta disso, explicando a Gaiman - que o substituiria - que ele poderia estar entrando em uma grande encrenca. Gaiman acabou não podendo concluir seu trabalho devido à falência da editora Eclipse, que havia continuado as histórias da Warrior.
Moore diz também que um dos motivos da sua birra com a Marvel foi a pressão da editora, na década de 80, para que Marvelman fosse publicado nos EUA com outro nome. Dessa forma, o personagem acabou virando Miracleman. Ao anunciar em julho deste ano que havia comprado o herói, a Marvel obviamente aceitou o nome original.
Até o momento, a Marvel não confirmou como ou quando começará a republicar histórias do personagem britânico. As primeiras indicações são de coleções de histórias clássicas, dos anos 50, pelo criador Mick Anglo. Mas os fãs querem mesmo a republicação das histórias de Alan Moore, com artistas como Alan David, Chuck Austen e John Totleben. E, se possível, que Neil Gaiman - bastante receptivo à Marvel - conclua a história de Marvelman que nunca pôde terminar.