Após o Tribunal de Justiça do Rio decidir pelo recolhimento de obras LGBTQ, a Bienal do Livro foi tomada por protestos na tarde do sábado (7). Os manifestantes, carregando livros distribuídos gratuitamente por ações de editoras e do Youtuber Felipe Neto, se oposuram contra os fiscais do governo e levantaram gritos de “Não vai ter censura” - veja abaixo:
Já em outro vídeo, publicado por Neto - que comprou e distribuiu 14 mil obras LGBTQ no evento - mostra os protestantes caminhando entre os estandes.
- Por que ser nerd e preconceituoso não faz sentido
- 8 momentos de representatividade LGBTQ+ nas HQs
- Ilustrador da HQ se manifesta em rede social
O colaborador Cláudio Gabriel, presente no evento, descreve como surgiu o protesto: "A manifestação iniciou durante a mesa 'Literatura Arco-Irís'. Alguns dos palestrantes já haviam falado sobre a entrada dos fiscais da prefeitura, porém foi quando entrou o autor Michel Uchiha que tudo tomou forma. Ele pediu a palavra e disse haver 'fiscais rodando o evento e olhando os estandes'. Com uma decisão conjunta dos presentes, houve o cancelamento da mesa e sessão de autógrafos que ocorreria na sequência para realizar o protesto na entrada da Bienal.
Não é sabido se realmente a fiscalização ocorreu, porém agentes da prefeitura estiveram presentes com sacos para recolherem livros de temática LGBT segundo decisão do presidente do TJ-RJ. Quando chegaram, houve uma reunião entre eles e a direção da Bienal do Livro para evitar o acesso. Segundo informações da assessoria do evento, os fiscalizadores entrariam à paisana, porém não é certo se houve recolhimento de algum livro."
[Atualização 08/9] Em comunicado, foi esclarecido que não houve recolhimento de nenhuma obra: "A Procuradoria-Geral do Município e a Secretaria Municipal de Ordem Pública realizaram, neste sábado, dia 7, vistoria nos estandes da Bienal do Livro após decisão do Tribunal de Justica do Estado autorizar a Prefeitura a recolher material com temática LGBT sem os devidos lacre e advertência de classificação indicativa de conteúdo. A ação ocorreu com agentes à paisana para evitar transtornos por conta do grande movimento registrado no dia. Não foram encontradas obras em desacordo às normas do Estatuto da Criança e do Adolescente, incluindo exemplares da publicação 'Vingadores: A Cruzada das Crianças', objeto de denúncias de frequentadores da mostra. Na quinta, dia 5, a Seop notificou a organização do evento a adequar as obras expostas na feira aos artigos 74 a 80 do ECA, que preveem lacre e advertência de classificação indicativa em publicações com cenas impróprias a crianças e adolescentes. Uma vistoria havia sido realizada na sexta, dia 6, sem encontrar irregularidades."
Desde quarta-feira, a Bienal tem sido alvo de ataques políticos por conta da venda da HQ Vingadores: Cruzada das Crianças, que exibe um quadro com um beijo entre os personagens Wiccano e Hulkling. A revista teve sua venda proibida pela prefeitura, mas esgotou em menos de uma hora, impedindo os fiscais responsáveis de efetuarem o recolhimento ordenado.