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Crítica

X-O Manowar 1 e 2 | Crítica

Universo Valiant (re)começa bem, mas futuro é incerto

16.08.2013, às 17H42.
Atualizada em 07.11.2016, ÀS 13H06

A Valiant Comics tem o típico histórico de insucesso comum a várias editoras de quadrinhos dos EUA desde que existe mercado de revistas em quadrinhos por lá: elas estreiam uma linha de heróis, persistem alguns anos e de repente fecham. No caso da Valiant, esta história já aconteceu duas vezes, cada vez com proprietários diferentes.

Agora na terceira tentativa de encontrar mercado, a editora tem outros donos e busca espaço entre os gibis Marvel e DC. Os personagens são os mesmos das duas outras tentativas falhas e, assim como nestas, a mão de obra editorial e criativa é importada principalmente da Marvel.

Enquanto nas outras investidas o material da Valiant nunca chegou ao Brasil, esta nova aterrissa via editora HQM, a mesma que publica The Walking Dead por aqui. A experiência da editora brasileira aparece com X-O Manowar: a edição é bem cuidada, com impressão, distribuição, divulgação e preço no nível de outras HQs no mercado nacional (ou melhor, já que tem papel couché).

Nos EUA, a história de X-O Manowar demora duas edições para engrenar. Assim, a HQM decidiu reunir na edição #1 brasileira as duas primeiras gringas - e sai com 100 páginas para dar conta do volume. Ela basicamente define a premissa da série: um guerreiro visigodo, do século V, entra em contato com uma armadura de batalha alienígena hipertecnológica e vem cair nos nossos tempos.

Em Harbinger, a outra série que sai na revista X-O Manowar, a primeira edição aparentemente dá conta de apresentar os personagens principais - psiônicos em fuga e uma organização secreta (ou mais) atrás deles - e mostrar os temas da HQ. O único pecado da edição brasileira é a tradução dos diálogos nesta história, que ficam certinhos demais para representar as conversas entre adolescentes.

(É bom notar que o modelo "mix" funciona melhor para introdução das séries do que publicar edições separadamente, como no molde americano. Outro ponto positivo da estratégia da HQM.)

Na segunda edição da revista - com 88 páginas - já estreia Bloodshot, série sobre um militar dos EUA que vira praticamente invencível graças à nanotecnologia (bilhões de nanites pelo corpo). O bom roteiro de Duane Swierczynski dá conta de explicar em uma edição uma bela premissa de paranoia, conspiração e manipulação, cruzando com discussões atuais sobre os drones, os teleguiados que as Forças Armadas dos EUA usam em operações de vigilância e ofensiva.

As séries atuais da Valiant são bastante profissionais em termos de roteiro e desenhos. Mas não inovam em nada em relação ao que se vê de Marvel e DC, tampouco têm os autores mais ousados ou tarimbados que as duas empregam. No máximo pode-se esperar uma HQ do mesmo nível das editoras líderes de mercado.

X-O Manowar, Harbinger e Bloodshot, apesar de terem estreado a nova linha nos EUA, não são as HQs mais comentadas lá fora. Um dos destaques de crítica atual da Valiant é Archer & Armstrong, com personagens simpáticos em boa abordagem do roteirista Fred Van Lente. Com sorte, chega logo por aqui.

Como muita coisa nos quadrinhos hoje em dia, a chance da Valiant não repetir o final trágico que já teve duas vezes depende de seus contatos com Hollywood. É um processo que já começou, anda em ritmo lento e, infelizmente, depende mais de sorte - com produtores, realizadores, divulgadores, público - do que de talento.

Nota do Crítico
Bom