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Eisner Awards | Mulheres levam maioria dos prêmios na edição 2020

De 31 categorias, 17 foram vencidas por elas; brasileira Bilquis Evely teve indicação

24.07.2020, às 23H59.
Atualizada em 25.07.2020, ÀS 20H34

Érico Assis vira a página da semana nos quadrinhos. Toda sexta-feira, o que aconteceu de mais importante nos universos das HQs nos últimos dias, assim como novidades que você não notou entre um quadrinho e outro. Também: sugestões de leitura, conversas com autores e autoras, as capas e páginas mais impactantes dos últimos dias e o que rolar de interessante no quadrinho nacional e internacional.

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EISNER 2020 = EISNER XX

Ebony FlowersEmil FerrisDiane NoominKamome ShiharamaEmma RiosErica EngQiana WhittedNnedi OkoraforTana Ford e Tillie WaldenMariko TamakiRosemary Valero-O’ConnellColleen DoranG. Willow Wilson e Harmony Becker. Dois para Raina Telgemeier e dois para Lynda Barry. Um troféu para o site Women Write About Comics (Mulheres escrevem sobre gibi) e outro para a antologia Drawing Power, de contos femininos sobre abuso e assédio sexual. E quatro novas componentes no quadro de honra.

Entre 31 categorias, 17 prêmios do Prêmio Eisner 2020 ficaram com mulheres. Outros três foram divididos entre duplas autor/autora. Dos oito novos integrantes no Hall of Fame, quatro são autoras: Nell BrinkleyAlison BechdelLouise SimonsonMaggie Thompson.

É uma tendência que já se via há alguns anos no Eisner. O número de indicadas vinha aumentando pelo menos desde 2016. Mas o número de premiadas nunca tinha superado o de premiados. O jogo virou.

Meu preferido é o mesmo da maioria. Laura Dean Keeps Breaking Up With Me, de Mariko Tamaki e Rosemary Valero-O’Connell, acabou virando a HQ mais lembrada da noite, com os prêmios de Melhor Publicação para AdolescentesMelhor Escritora e Melhor Desenhista/Arte-finalista. Já tem editora no Brasil e torço que todo mundo leia em breve.

BILQUIS EVELY

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O ano do Eisner foi das mulheres, mas, infelizmente, não foi de uma brasileira. Bilquis Evely concorria tanto nas categorias Melhor Artista quanto Melhor Série, ambas por Universo Sandman: O Sonhar. As duas ficaram com outros colegas. Por enquanto.

As duas indicações, porém, foram um grande reconhecimento. Ela já tinha se destacado na série da Mulher-Maravilha, mas O Sonhar foi um salto.

“Foi o projeto onde pude me soltar mais, não só em questão criativa, mas também, aprender a deixar meu traço mais orgânico e fluido”, ela disse, em conversa por e-mail.

“Foi também o meu trabalho mais longo, dois anos. Isso me trouxe maturidade em várias outras questões. Por exemplo, como lidar com todos os altos e baixos criativos, me sentir confortável sem me acomodar, como não me repetir.”

Embora Bilquis mostre maturidade artística desde o início de O Sonhar, a desenhista cresceu exponencialmente ao longo da série. Na última edição, publicada este ano, investiu até numa página quádrupla.

(A série é publicada no Brasil pela Panini, que lança o terceiro e último volume – desta página – no mês que vem.)

DEZ ANOS ATRÁS...

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Evely mora em São Paulo e completou 30 anos esta semana. A recém fez dez anos de profissional nos quadrinhos, em dezembro, sendo sete no mercado norte-americano. Seu primeiro trabalho? Luluzinha Teen e sua Turma, a versão adolescente da personagem clássica, produzida no Brasil.

“Muitas pessoas acham que apareci em títulos de destaque do nada, mas não foi assim. Comecei com pequenos passos, aproveitando as oportunidades para aprender, desenvolver meu estilo e minha sensibilidade narrativa. Comecei a trabalhar na DC quando estava me sentindo um pouco mais experiente profissionalmente e ciente do meu ritmo de trabalho. Isso ajuda muito. Depois desse processo de autoconhecimento, no sentido de saber quais são os meus gostos, ou qual o estilo que funciona melhor para mim, eu sempre busquei trabalhos que combinassem comigo. Quanto mais próximo disso, melhor eu vou me sair.”

Apesar de toda a expectativa criada em cima de uma eventual vitória no Eisner, a artista reagiu com tranquilidade ao resultado.

"Trabalhar com quadrinhos é maravilhoso e, para mim, é realmente tudo isso que a gente sonha quando estamos começando nos estudos ou na carreira. Mas também é um trabalho que exige muito da gente, da nossa mente, do nosso tempo e da nossa vida. E acho que a maior parte dos artistas se pressionam muito, às vezes. Tem aquele vai em vem entre pico de criatividade e momentos quando a mente está bem árida. Então ser reconhecida pela editora, pelos colegas e leitores. Quando pessoas apontam pra você e dizem que está no caminho certo, é bastante revigorante. Ajuda muito. Então depois de dois anos de trabalho duro, receber essa indicação dentre artistas tão bons e inspiradores, é um excelente incentivo pra continuar dando o meu melhor e buscando sempre evolução."

Quanto ao próximo trabalho, ela ainda não pode contar. “Apenas digo que a Bilquis de dez anos atrás ficaria muito feliz em saber.”

BILL WATTERSON

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Notório recluso, Bill Watterson foi nomeado para o Hall of Fame do Eisner deste ano. Todos os nomeados gravaram mensagens de agradecimento antecipadas, em vídeo. Quando chegou no nome de Watterson, achei que finalmente veria o autor das tirinhas de Calvin & Haroldo em carne e osso e se mexendo.

Não foi dessa vez. Sergio Aragonés, que anunciava os nomeados, só disse: “Aceito o prêmio em nome de Bill.”

 

BECO DO ROSÁRIO

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Um trabalho minucioso, em produção há pelo menos sete anos, finalmente está com lançamento marcado. Beco do Rosário, de Ana Luiza Koehler, já teve alguns capítulos circulando via independente desde 2012. Vai sair completo pela editora Veneta em agosto.

A HQ se passa na Porto Alegre dos anos 1920 e segue Vitória, uma jovem que quer ser jornalista. Ela acompanha a expansão e “europeização” da cidade na época.

Koehler já trabalhou para o mercado franco-belga de quadrinhos e fez desenhos para museus europeus. É vidrada em pesquisa visual histórica e professora de aquarela. O álbum tem formatão avantajado (22 cm x 30 cm) para mostrar cada detalhe da arte.

THAT TEXAS BLOOD

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Tem rolado um burburinho sobre esta série nova da Image, That Texas Blood, que até agora só teve uma edição. A segunda sai na semana que vem.

O protagonista é o xerife de uma cidade do Texas que vai completar 70 anos. A edição se dá em torno de uma travessa de vidro que ficou na casa de uns amigos, e que o xerife precisa buscar para a esposa fazer o jantar de aniversário. Spoiler: tem sangue molhando a travessa até o final da edição.

É uma estreia impressionante, principalmente no roteiro de um cara relativamente novato, Chris Condon – dá para apostar que o nome dele vai pipocar nos próximos anos. Os desenhos são de Jacob Phillips, filho do veterano Sean Phillips.

UMA PÁGINA

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De Batman: The Smile Killer, por Andrea Sorrentino (roteiro de Jeff Lemire)

 

UMA CAPA

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The Secret to Superhuman Strength, terceira graphic novel de Alison Bechdel, já tem data de lançamento: abril de 2021. A autora de Fun Home e Você é Minha Mãe? não vai falar de família, mas de sua obsessão pessoal por exercício físico.

Nomeada ontem para o Hall of Fame do Eisner, Bechdel também é uma Gênia. Depois da sua última graphic novel, ela ganhou uma Bolsa “Genius” da fundação McArthur: meio milhão de dólares para uma pessoa de destaque na sua área produzir o que quiser. Até hoje, entre mil contemplados só quatro são quadrinistas.

(o)

 

Érico Assis é jornalista da área de quadrinhos desde que o Omelete era mato.