A repercussão em torno do "Caso Tintim no Congo" continua. Na semana passada, uma organização inglesa acusou a HQ clássica de racismo, fazendo com que a rede de livrarias Borders trocasse o volume da seção infantil para a adulta.
tintim au congo
O caso foi notícia na imprensa mundial, dada a popularidade do personagem de Hergé (1907-1983). A rede Borders dos EUA logo decidiu fazer o mesmo de suas filiais inglesas. Além disso, no último fim-de-semana, o livro teve um aumento de 3.800% nas vendas, pulando para a oitava posição na lista de mais vendidos da livraria virtual Amazon.
Tintim no Congo sempre foi alvo de controvérsia, tendo inclusive mais de uma versão. Lançado originalmente em 1931, foi republicado em 1946 com algumas páginas a menos e sem as referências ao colonialismo belga - o Congo foi colônia da Bélgica até 1960, e o país europeu via-se como o arauto da modernidade e da educação para as selvagens tribos congonesas, noção que foi tornando-se mais politicamente correta ao longo dos tempos.
Em outros países, o álbum teve que modificar suas cenas de maus-tratos a animais, como aquela em que Tintim explode um rinoceronte.
O álbum, já publicado no Brasil há muitos anos pela editora Record como Tintim na África, será reeditado pela Companhia das Letras em maio de 2008 mantendo o título original Tintim no Congo. Segundo o editor Thyago Nogueira, responsável pela nova coleção brasileira dos álbuns do herói belga, a versão da aventura a ser publicada será a de 1946 - portanto, já sem as referências coloniais, mas mantendo a "joselitice" ecológica de Tintim.
Pedro Bouça, colaborador do Omelete, escreveu um artigo bastante compreensivo sobre Tintim no Congo em seu blog. Confira.