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No futuro, uma criação revoluciona a vida das pessoas. São os persocoms, potentes computadores pessoais com uma grande diferença em relação aos nossos: não fosse pelas orelhas enormes, seriam idênticos aos humanos.
Robôs de última geração, os persocoms funcionam como companheiros ou servos de seus donos, assumindo funções de informática, que incluem o acesso à internet e a administração de rotinas domésticas.
Certo dia, andando pela rua, o jovem Hideki Motosuya encontra uma garota enrolada em faixas e constata que se trata de uma persocom abandonada. Encantado com sua beleza, ele a leva para casa e a batiza com o único som que ela emite: Chi. A andróide é atraente, meiga e totalmente dedicada a seu novo mestre. Que melhor fetiche para um cara solitário e sem jeito com garotas? No entanto, a vida de Hideki não está destinada a ser um mar de rosas.
Com a confirmação de que Chi é muito mais avançada do que outros persocoms, surge a suspeita de que ela seja uma Chobit, lendária máquina dotada de personalidade e vontade própria. Começa, então, a busca de Hideki por informações sobre o misterioso passado de sua nova companheira.
Chobits é mais uma criação do estúdio Clamp, formado exclusivamente por mulheres e que reúne os talentos de Satsuki Igarashi, Nanase Ohkawa, Mick Nekoi e Mokona Apapa. Habituadas com revistas femininas, essas autoras responsáveis pelas séries Guerreiras mágicas de Rayearth e Sakura Card Captors, tomaram o cuidado, em Chobits, de se adequar ao gosto do público masculino japonês.
Sob uma ótica sexista, as persocoms unem o útil ao agradável, sendo criadas para satisfazer o dono até como companhia feminina. A situação do jovem solitário que se vê morando com uma garota linda, sensual, sem passado e totalmente submissa é um clichê nos mangás para rapazes e uma fantasia recorrente num país onde o machismo, o rígido controle social e a competição extrema deixam pouco espaço para relacionamentos em igualdade de condições. Daí a submissão e dedicação ao homem serem tópicos tão importantes nesse tipo de trama.
A doce Chi, com rosto e atitudes de criança em corpo de mulher, aparece sempre em situações eróticas, num misto de sensualidade e pureza. Ao longo das páginas do gibi, alternam-se humor, romance adolescente e momentos inegavelmente apelativos. Cabe ressaltar que esta HQ foi criada num contexto onde o maior símbolo sexual são colegiais de aspecto angelical e submisso, algo que as artistas do Clamp souberam aproveitar como poucos.
Chobits estreou, em 2000, na Young magazine (editora Kodansha), uma revista voltada para o público masculino. Totalizou oito volumes em sua compilação original, o que significa que a edição brasileira, sempre com a metade de páginas da japonesa, terá 16 edições. O sucesso do mangá gerou uma versão em animê com 26 episódios para TV produzida em 2002 pela Mad House, com direção de Morio Asaka, os mesmos do animê de Sakura Card Captors.