Será que aquele projeto que foi tantas vezes notícia aqui rendeu alguma coisa boa ou foi decepcionante? Quais são as novas séries que estão agitando os leitores americanos? Onde estão surgindo os novos nomes, seja de escritores ou ilustradores?
Vamos conferir aqui, sempre atentos às lojas especializadas americanas, as respostas para estas e outras perguntas.
Case files: SAM & TWITCH 6
Quem diria? Sam e Twitch, aquela duplinha caricata de investigadores de Spawn, têm uma série (ou melhor: duas) que é das melhores coisas que você encontra nos gibis americanos. Ritmo de bons filmes policiais, suspense, roteiros criativos e ótimos desenhistas. Brian Bendis estabeleceu o tom dos argumentos, para Todd McFarlane (que, acredite se quiser, não está nada mal como roteirista) e Marc Andreyko darem seguimento à altura. Eles têm duas séries: Sam & Twitch e Case Files: Sam & Twitch. A segunda surgiu por causa de um inconveniente. McFarlane estava atrasadíssimo com os roteiros da primeira. Sua história de sete edições começou em março de 2001 e a última parte ainda não saiu! Já havia contratado uma nova equipe de criação e estava com diversas páginas prontas. O que fazer? Criar uma nova série para dar vazão ao que já estava pronto, certo? Decisão administrativa meio fuleira (dá mais trabalho escrever um roteiro ou criar uma nova série?), mas vá lá. Marc Andreyko (de Jinx: Torso) e Scott Morse (de Elektra: Glimpse & Echo), na nova série, já começaram inovando. Todas as páginas do primeiro arco são divididas em três quadros horizontais, e cada um conta a história em diferentes momentos da sua linha do tempo: no primeiro, o assassinato de uma das crianças de Twitch; no segundo, o funeral e a vingança; no terceiro, Twitch sendo preso e julgado. Lendo na ordem normal das páginas, o efeito é interessantíssimo, pois os eventos que relacionam uma linha à outra são revelados somente no final (vale a pena conferir a história de Greyshirt em Tomorrow stories 2, contada do mesmo jeito). Apesar da última edição deixar várias pontas soltas, foi a trama mais tensa que li nos últimos tempos. A coletânea, assim que sair, é aquisição obrigatória. |
Ultimate Adventures 6
Por algum motivo, a crítica americana implicou com essa mini-série. Eu não entendi o porquê. Li esperando muito pouco, mas encontrei um roteiro legal, personagens interessantes e excelentes diálogos. É uma sátira bastante óbvia a Batman e Robin. No caso, são Gavião-Coruja (isso mesmo: Gavião-Coruja) e Pica-Pau: um bilionário trintão que resolve adotar o garoto mais esperto de seu antigo orfanato. E, apesar das várias tiradas engraçadinhas, não é uma comédia. É a história da formação da dupla - Pica-Pau, um Bart Simpson super-dotado, chato e contestador, fazendo Jack (alter ego do Coruja) repensar sua escolha. Ron Zimmerman fez terríveis contribuições à Marvel, como Spider-Man: Get Kraven e Rawhide Kid, mas aqui parece que se acertou. Toda edição é recheada de diálogos desnecessários, tal como qualquer episódio de Friends, mas que ajudam no tom de comédia. Da arte de Duncan Fegredo, só dá pra dizer uma coisa: é o melhor trabalho de sua vida. E isso é muito, falando de um cara que sempre foi ótimo. A primeira parte da série sairá no Brasil em Marvel Millenium 25. |
The Crossovers 9
A família Crossover vive na tranqüila cidade de Crosstown. Papai Carter é o Super-Homem do pedaço, mamãe Calista é uma caçadora de vampiros, o filho Cliff adquiriu poderes psíquicos após ser abduzido por alienígenas, a filha Cris é a princesa guerreira de uma outra dimensão e o vira-lata Cubby faz as vezes de Krypto. E, como em qualquer família, nenhum deles sabe o segredo do outro. É (foi) uma ótima piada sobre super-heróis. Na primeira história, o arqui-inimigo do pai descobre sua identidade secreta e inicia uma aliança com o vizinho da família (um fanática por conspirações), enquanto a mãe é atacada pelo lorde vampiro que assombra sua família há quatro gerações. Enquanto isso, seres do mundo de Cris invadem nossa realidade, e Cliff, na sua fase adolescente de odiar tudo e todos, oferece a Terra para uma invasão de seus amigos extraterrestres. Impagável. Robert Rodi já havia escrito boas comédias em Codename: Knockout e ainda tira algumas risadas em Elektra, mas aqui se supera. Os desenhistas - primeiro o francês Mauricet, depois o ressuscitado Joe Staton (aquele do Batman) -, infelizmente, não contribuíram muito. Estilo caricato e, por isso, óbvio demais. Mesmo assim, é uma pena que tenha sido vítima do naufrágio da CrossGen. |
Arkham Asylum: Living Hell 6
Esse é só o começo da minissérie que se aprofunda nas mentes malucas que povoam o mais conhecido repositório de inimigos do Batman. Jane Doe, a assassina que toma a identidade de qualquer pessoa; Humpty Dumpty, com seu fetiche por reconstruir coisas quebradas; e os malucos já conhecidos: Chapeleiro Louco, Crocodilo, Duas-Caras, Coringa... Há também alguma coisa sobre um espírito maligno que toma posse de Arkham e cria uma rebelião verdadeiramente infernal. Até Jason Blood, o Demônio, entra na jogada. No entanto, a minisérie é sobre essas personalidades malucas e interessantes do asilo. Foi muito bem recebida pela crítica americana. Dan Slott, que escreve gibis há mais de dez anos e nunca tinha feito nada de significativo, brilha. Deve escrever muito mais a partir de agora. Ryan Sook é discípulo de Mike Mignola. Mesmo que não seja tão bom quanto o mestre, sabe adaptar seu estilo aos diferentes momentos de terror e comédia. Boa leitura. |
Masks:
Too hot for TV
Common grounds 1
Masks é uma sátira daqueles programas da TV americana como Cops, onde câmeras acompanham policiais em perseguições exageradas, cheias de ação real! criminosos reais! e muito palavrão com bliiiiiip. No especial, as câmeras acompanham super-heróis, em situações cômicas. Entretanto, apesar da boa idéia e de bons nomes (Ed Brubaker, Judd Winick e Mark Andreyko nos roteiros; Doug Mahnke e Richard Corben nos desenhos), as seis histórias são bem fraquinhas. Common Grounds já é mais bem pensada. É a versão mainstream de uma antiga série independente, Holey Crullers, de Troy Hickman, na qual super-heróis se encontravam na loja de donuts de mesmo nome para comer, beber, conversar, trocar experiências, ir ao banheiro... Só mudou o nome, pois Hickman também é o responsável pela nova produção. Na primeira história, um repórter entrevista Speeding Bullet, o homem mais rápido do mundo, sobre as vantagens (salvar o mundo) e dificuldades (sexo) de ser mais rápido do que uma bala. Na segunda, Mental Midget troca experiências com Man-Witch, seu arqui-inimigo, enquanto compartilham um interessante momento juntos: no banheiro masculino, cada um em seu vaso. É tipo Astro City, com seus momentos dramáticos, mas com ótimas piadas. Vale a pena. |
Mais Lá Fora - Clique aqui