Em recente entrevista conjunta à Comic Shop News e à Newsarama, o publisher e vice-presidente executivo da DC Comics Paul Levitz explicou detalhadamente aos leitores os motivos que o levaram (e levam) a proibir a publicação de determinado tipo de material nas revistas da editora.
Entre os casos mais recentes e notórios estão o da história Letitia Lerner, Superman´s Babysitter (Elizabeth Hand/Kyle Baker), que motivou a destruição de todas as edições de Elseworld´s 80-Page Giant 1 no final de 99. O conto trazia um Superbebê que se pendurava em fios elétricos e entrava num microondas ligado entre outras peripécias sobre-humanas, levando sua babá à loucura.
Levitz ordenou a destruição dizendo que temia comportamento imitativo por parte de crianças que lessem a edição. A história completa foi parar na Internet (algumas edições já haviam sido distribuídas na Inglaterra), e ainda foi anunciada como uma das concorrentes ao Eisner Awards 2000.
Levitz diz que este último corte foi válido, mesmo não tendo sido exatamente uma decisão editorial, mas sim o resultado de um erro do responsável pela revisão do material - ou seja, a DC nunca publicaria aquilo.
Já em Superman´s Babysitter, o publisher parece ter reconhecido seu erro. Disse que ela não era a única história da revista que o deixara preocupado. Daí a destruição. Contudo, prometeu que a DC (re)publicará o conto numa futura edição especial.
A entrevista também tocou num assunto de mais de uma década: o encontro do Monstro do Pântano com Jesus Cristo em Swamp Thing 88, história de Rick Veitch cortada pouco antes de ir às bancas, em 1989. Veitch, então, deixou a série e soltou o verbo na mídia especializada, não tendo nunca mais trabalhado com a DC (a não ser com a eventual compra da Wildstorm).
Levitz disse apenas que houve um erro da DC em demorar a dizer ao autor que sua história não havia sido aceita, e que este não aceitou modificá-la.
Num comentário à entrevista, Veitch nega os comentários de Levitz e disse que deu, desde aquela época até hoje, várias soluções para ver a publicação de sua história, e requisitou que esta e as subseqüentes edições da série, que faziam parte do arco de histórias corrente, saíssem numa coletânea. Até agora não houve tréplica da DC.
O chefão da DC ainda aproveitou para comentar seu dia-a-dia na editora nas últimas décadas, a importância da crítica dos fãs, o jornalismo nos quadrinhos de hoje (Levitz foi um dos fundadores da The Comic Reader, um dos mais famosos fanzines de quadrinhos), a atual diversificação do material publicado pela DC e sua divisão em linhas como Vertigo, Paradox e Wildstorm e o futuro da editora e dos quadrinhos.
BOAS NOVAS
Para exemplificar, Levitz mencionou vários projetos atualmente em desenvolvimento na DC. Entre eles, estão uma edição coletânea da linha Archives totalmente dedicada à Supermoça, reunindo histórias da década de 50; uma graphic novel especial reunindo as interpretações do vilão Bizarro por vários artistas renomados (é neste especial que sairá Superman´s Babysitter ); e uma nova edição da coletânea de Crise nas Infinitas Terras, desta vez mais barata (a edição hardcover, lançada em fevereiro do ano passado, custava US$ 100).
Três outros projetos mereceram atenção especial
- Dean Motter e Michael Lark (a dupla de Terminal City) estão trabalhando num projeto com Batman baseado no cinema noir, que possivelmente será publicado num formato novo, com uma divisão por capítulos diferente da normal, novos processos de impressão etc.
- Jeph Loeb e Tim Sale, após o sucesso imensurável com os dois grandes nomes da DC em Batman: O Longo Dia das Bruxas, Batman: Dark Victory (inédita no Brasil) e Super-Homem: As Quatro Estações, planejam uma graphic novel com os dois personagens. A novidade estará na arte de Sale: a história seria dividida em seções, cada uma com o estilo desenvolvido pelo artista para cada personagem nas mini-séries precedentes. A união dos heróis, na conclusão, traria um novo estilo.
- Por fim, talvez a notícia mais inesperada seja a reedição de Watchmen, comemorando os 15 anos da mini-série de Alan Moore e Dave Gibbons, acompanhada de desenhos inéditos de Gibbons, parte dos roteiros e notas de Moore e, afinal, a infra-estrutura do que é possivelmente o melhor trabalho até hoje publicado, nas palavras de Levitz. O projeto sinaliza também as pazes entre Moore e a DC, que brigaram no final da década de 80 justamente pelos direitos sobre os personagens de Watchmen.