O ano de 2024 ficou marcado nos quadrinhos por vários motivos, entre eles o lançamento da linha Absolute, da DC Comics. Nela, a editora resolveu reimaginar seus principais heróis para um novo tempo. O projeto foi um sucesso, mas o que isso pode indicar?
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Muitos críticos aos quadrinhos apontam que o grande público têm certa dificuldade em entrar no mundo dos quadrinhos. Um dos principais motivos envolve a cronologia. São anos de publicação e um novato não consegue absorver tantas histórias assim, sem ficar confuso, perdido ou sem saber por onde começar.
No início dos anos 2000 a Marvel Comics já tinha entendido este problema e lançou, também com sucesso, a linha Marvel Ultimate. Eram "quadrinhos para o novo milênio", com novas interpretações de heróis como Homem-Aranha e X-Men, que mais tarde serviram de base para o Universo Marvel nos cinemas. A iniciativa funcionou bem durante algum tempo mas, logo, entrou no mesmo campo de problemas, com cronologia demais e dezenas de edições para colecionar.
Não dá para dizer que o Ultimate Marvel foi um fracasso, porém. Foi dali que saiu Miles Morales, assumindo o manto de Homem-Aranha após a morte de Peter Parker. Miles é um reconhecido e querido personagem, com direito a desenhos, filme para os cinemas e até mesmo um game de grande porte.
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Além disso, e da mesma forma, a linha Ultimate foi um sucesso muito grande, tal qual o Absolute DC, hoje. A primeira edição de Ultimate Spider-Man, nos anos 2000, somou mais de 350 mil cópias vendidas. Não por um acaso, mais de 20 anos depois, a Marvel está entrando na mesma seara, relançando Ultimate Spider-Man, agora com nova interpretação e um universo totalmente repaginado.
Quadrinhos, como todas as mídias, precisam de reivenção de tempos em tempos. As gerações mudam. Pessoas envelhecem. Este é um mercado que emprega pessoas e que faz o dinheiro rodar. Não dá para esperar que o jovem de 20 anos dos anos 90 continue com o mesmo perfil consumidor nos anos 2020, agora na casa dos 60 anos ou mais. E não estamos falando de etarismo. Gostos mudam, hábitos também. Sem falar em questões financeiras.
Você pode não ter curtido o "Batman aliado das massas", ou o "Superman trabalhador de minas" e nem a "Mulher-Maravilha deusa tirana", como vimos neste novo universo, mas há público, há espaço e há formas diferentes de consumir quadrinhos. A existência do Absolute DC não elimina a existência das linhas mais tradicionais. Quadrinhos sempre lidaram com questões de Multiversos, até mesmo nos cinemas isso se tornou um lugar comum e de fácil compreensão. Logo, é possível encarar o sucesso da nova iniciativa da DC, e também da Marvel, com um grande sorriso no rosto.
Afinal, se você gosta de quadrinhos, você quer que esse mercado dure. Para ele durar, precisa inovar e atrair cada vez mais leitores. Absolute DC é um sucesso necessário. E que venham as próximas edições.
Nota do autor: Vale lembrar que a linha Absolute DC, no momento em que esta matéria foi redigida, já está confirmada pela Panini Comics no Brasil. Os títulos sairão em 2025, ainda sem formato, data ou preço definido. Lá a nova linha Ultimate Marvel está em publicação por aqui, neste momento, começando por Ultimate Homem-Aranha.