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Pluto | Conheça o mangá que reinventa o mundo de Astro Boy

Publicado originalmente em 2003, série chegou ao Brasil no final de 2017

11.02.2019, às 12H19.
Atualizada em 27.02.2019, ÀS 12H37

Trinta anos após sua morte, Osamu Tezuka se mantém como um dos maiores nomes dos mangás no Japão. Em sua carreira cheia de clássicos, o maior destaque é Astro Boy. A história gira em torno de Átomo, um simpático robô que combate crimes em uma futurista sociedade em que a humanidade convive com maravilhas tecnológicas. Símbolo da cultura nipônica, o mangá ganhou uma adaptação animada, o primeiro anime da história.

Na obra original de 1952, Átomo é criado em 7 de Abril de 2003. Quando esse “futuro” do mangá se tornou presente, uma série de novas produções foram lançadas para comemorar o aniversário do herói, e entre elas estava Pluto, publicado entre setembro de 2003 e abril de 2009. Escrito e desenhado por Naoki Urasawa (Monster, 20th Century Boys), o mangá reconta o arco “O Robô mais forte do mundo”, onde um maligno androide decide derrotar os mais famosos robôs para provar ser o mais poderoso.

Enquanto a maior parte dos lançamentos eram focados em recontar as histórias de Tezuka com uma abordagem moderna, Pluto reformula a obra original transformando uma inocente trama de heróis em um suspense policial. No mangá o protagonista não é Átomo, mas Gesicht, um robô agente da polícia europeia que está investigando misteriosos assassinatos. A investigação é cercada de mistérios que vão além de apenas descobrir a identidade do assassino.

A série é acerta ao dar uma nova perspectiva a uma obra tão aclamada. Por ser um mangá dos anos 50, Astro Boy é ingênuo e trata a robótica de uma forma utópica, enquanto Pluto adiciona características de outras obras consagradas na cultura pop como Blade Runner e O Silêncio dos Inocentes para contar uma história de suspense futurista. Há uma perspectiva mais próxima do mundo real, levantando questionamentos sobre o papel da própria humanidade referente à maravilhas tecnológicas cada vez mais comuns.

Urasawa se mostra inteligente ao focar nos personagens. Os alvos do assassino anônimo se mostram carismáticos, a forma como cada um se integra à sociedade cativa e amplia a sensação de perigo de um ataque iminente. Desde um robô símbolo da paz a um militar aposentado, todos são relevantes e apresentados sem pressa, realçando suas personalidades e motivações tão distintas. O melhor exemplo está em Gesicht, que têm suas experiências e ideias mostradas aos poucos, muitas vezes sem grandes textos expositivos, criando camadas que constroem uma figura tão misteriosa quanto o alvo de sua investigação.

Assim como seu roteiro, a arte de Pluto entrega mais do que uma imitação repaginada. Redesign de personagens, composição de cenários, riqueza de detalhes, não só estabelecem uma identidade própria que sustenta a obra, como também encantam ao dar uma dinâmica realista ao enredo. Diversas cenas são compostas apenas por imagens, sem a necessidade de textos para se fazer entender.

Indo além da reverência a Astro Boy, Pluto é um suspense policial ambientado em um cenário sci-fi que além de intrigante, conta com personagens envolventes. Um prato cheio para os fãs dos dois estilos.

Com 8 edições, Pluto começou a ser publicado no Brasil pela Editora Panini em dezembro de 2017 e chega ao fim este mês.