Há exatos vinte anos, em 1992, o Superman passava por um dos períodos mais negros de sua longa história editorial. As vendas dos títulos do azulão despencaram de uma maneira tão alarmante nos Estados Unidos que, se ele não fosse um respeitável senhor de 54 anos de idade e um dos maiores ícones das histórias em quadrinhos, provavelmente teria seus títulos cancelados.
A Morte do Superman
Para evitar que tal medida drástica - e que traria mais danos do que benefícios, visto o montante de dinheiro que a marca "Superman" movimenta anualmente em merchandising - fosse tomada, o editor do Super na época, Mike Carlin, reuniu a equipe responsável pelos títulos da personagem, composta por Louise Simonson, Roger Stern, Dan Jurgens, Jerry Ordway, Jon Bogdanove, Tom Grummett, Jackson Guice, Dennis Janke, Rick Burchett, Doug Hazlewood, Denis Rodier e Brett Breeding para planejar uma linha de ação que colocasse o herói novamente no centro das atenções da mídia especializada e, com isso, fizesse com que as vendas de seus gibis se reaquecessem. Dessa reunião, ficou decidido que o melhor a se fazer seria criar uma grande saga onde o Superman enfrentaria um novo vilão. Esse inimigo seria uma espécie de versão selvagem do Fanático, que se envolveria em um tremendo embate com a Liga da Justiça e o Superman. Ao fim da história, o Superman conseguiria deter o vilão, pagando a vitória com a própria vida.
A solução da DC para dar uma sacudida no marasmo que dominava as histórias do Superman até então deu certo. A simples menção de que a editora planejava matar seu maior ícone fez com que não só as atenções da mídia especializada, mas também de outros setores da imprensa, voltassem-se para a personagem. Até o Fantástico fez uma matéria sobre o evento. Além disso, a morte do Superman gerou um belo lucro, já que, da história - e suas consequências -, surgiram novas personagens e títulos. Até um game para Mega Drive e Super Nes, intitulado Death and Return of Superman chegou ao mercado. Sem falar na edição que mostrava o desfecho da grande batalha entre o Super e seu assassino, uma recordista de vendas para a editora na época.
No Brasil, a coisa não foi muito diferente. A editora Abril preparou uma campanha especial para o lançamento da edição, que trazia 160 páginas contendo toda a saga. No pacote, vinha ainda um pôster do enterro do Super, no qual os maiores heróis da editora carregavam seu caixão, uma cópia da Superman 75 e um jornal fictício analisando as repercussões do evento. De fãs fiéis, aos insatisfeitos com as aventuras do Homem de Aço e até pessoas que nunca tinham comprado um gibi na vida fizeram fila pra adquirir o pacote, só porque ele trazia a morte do Superman.
A Morte do Superman foi um exemplo do que uma boa campanha de marketing pode fazer para ressuscitar as vendas de um título. Mas, e a história em si? Seria a saga também um exemplo do que poderíamos chamar de um clássico dos quadrinhos, algo no mesmo patamar de um Cavaleiro das Trevas ou A Piada Mortal? Longe disso. A história, como veremos nos artigos a seguir, foi nitidamente feita às pressas.
Continua em A Morte do Superman
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[artigo originalmente publicado em novembro de 2002]