Ainda se recuperando da quase falência em 1997 e com lucros decrescentes, a ex-maior editora dos EUA faz de tudo para voltar ao topo.
A culpa de todo esse bafafá é de uma manchete incompleta do Wall Street Journal. Algumas semanas atrás, Peter Cuneo, o chefão da editora, deu entrevista a esse periódico, na qual disse que passaria a explorar seus personagens principalmente no cinema, já que ninguém mais compra quadrinhos e que o mercado de gibis está à míngua.
Depois de explicar que os leitores tinham feito uma interpretação incorreta do artigo, a Marvel revelou que uma participação mais ativa na indústria cinematográfica é apenas uma das facetas de um grande plano para, sem papas na língua, tirar a empresa do vermelho.
O responsável é Bill Jemas, empresário já experiente no setor de entretenimento e nomeado há pouco Presidente de Publicações e Novas Mídias da Marvel. É dele o projeto para fazer a editora voltar a ser a mais lida, prioritariamente, entre os jovens. A princípio, o plano tem três fases:
• Licenciamento de personagens para produções de cinema, TV, vídeo e videogames: a empresa já firmou contratos de joint-venture com a Sony para dividir a produção e o lucro com o merchandising de Spider-Man: The Movie (em pré-produção), e com a Artisan Entertainment (responsável por A Bruxa de Blair) para a produção de filmes de baixo custo para cinema, TV ou direto para o vídeo. Blade II, Surfista Prateado, Motoqueiro Fantasma e outros são licenças para cinema já em desenvolvimento com outras produtoras.
• A Marvel também mantém boa relação com a Capcom e a Activision, duas das maiores criadoras de videogames do mundo, que já estão estudando diversos títulos para lançamento no futuro próximo, baseados principalmente nos filmes X-Men e Spider-Man.
• Maior atuação na Internet: recentemente remodelado e renomeado como Marvel.com, o website da editora passará a ter conteúdos especiais, e a pegar carona na onda dos quadrinhos online.
Greg sanderson, novo responsável por toda divisão de web, cuidará da criação de jogos ao lado de empresas da área de videogame, e do relançamento da linha Epic, que, no final dos anos 80 ao início dos 90, publicava quadrinhos de autor através da Marvel.
Neste novo formato, as produções da Epic estreariam primeiramente online. Tendo sucesso, virariam especiais ou mini-séries impressas, e possivelmente novas séries contínuas. A linha inicia, se tudo der certo, em outubro ou novembro, e espera-se uma grande produção de material novo.
• Ultimate Marvel: a terceira fase, mais importante para os grandes marvetes, é a que tem gerado maior discussão, por sua chance de salvar não só os quadrinhos tradicionais da editora, mas também acabar com o lento processo de morte da indústria de quadrinhos.
Ultimate Marvel (algo como “Marvel Máxima”, “Marvel Final” ou “Marvel Definitiva”; escolha a tradução mais conveniente) será o nome de uma nova linha de revistas, a estrear em setembro. Sua idéia básica é a de recriar grandes personagens, adaptando-os aos novos tempos. Ou seja, o que aconteceria se Peter Parker fosse picado pela aranha radioativa em 2000, e não 1962&qt;&
Ultimate Spider-Man e Ultimate X-Men serão os primeiros títulos. Não por acaso, os personagens são estrelas das duas maiores produções da editora para o cinema no futuro próximo, ícones já reconhecidos em todo mundo e vítimas de quase 40 anos de continuidade, cujas histórias atuais são entendidas somente por PHDs em universo Marvel.
Na teoria, a idéia pode não ser nova, mas, na prática, estamos diante de um teste para o mercado de quadrinhos nos Estados Unidos. Além de uma boa dose de publicidade em locais estratégicos, entre 6 e 12 milhões de cópias das primeiras edições da linha serão distribuídas gratuitamente por todo país, na esperança de conquistar novos fãs. Estuda-se também a possibilidade de venda nas tradicionais bancas de jornais, o que não acontece há muitos anos com a maioria dos quadrinhos americanos.
Restam somente duas dúvidas entre profissionais e fãs: se der certo, se a linha atingir as metas de vendas, por que razão a Marvel se daria ao trabalho de prosseguir a publicação dos títulos tradicionais, que não dão mais lucro&qt;& E se não funcionar... bem, o que resta para o mercado dos quadrinhos&qt;&
“ULTIMATE” TÍTULOS
LINKS
Marvel.Com (http://www.marvel.com): sede online da Marvel Comics, que em breve trará jogos e quadrinhos online.
Marvel looks like its on the move, por Christopher Byron (http://www.msnbc.com/news/408363.asp&qt;&cp1;=1): tudo sobre a situação financeira atual da Marvel.
Jinx World (http://www.jinxworld.com): site pessoal de Brian Michael Bendis, argumentista dos dois primeiros títulos da linha Ultimate Marvel.