Água, Fogo, Terra, Ar. Há muito tempo, as quatro nações viviam em paz e harmonia. Mas que diabos de nações eram essas? Quem são, o que comem, como vivem? Bom, para saber todas as respostas, eu aconselho a assistir Avatar: A Lenda de Aang, a Lenda de Korra e, se estiver investido na franquia, ler seus quadrinhos derivados. Mas, pelo menos a primeira pergunta a gente consegue responder aqui.
No mapa da franquia Avatar, o mundo é formado basicamente por um grande continente cercado por algumas grandes ilhas e arquipélagos. Além dessa terra central, temos também os Pólos Norte e Sul — confira abaixo:
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A principal inspiração para o mundo de Avatar é a Ásia, mais precisamente as áreas conhecidas como Ásia Central, Leste Asiático e Sudeste Asiático. Inclusive, a divisão populacional aqui está dividida de forma praticamente espelhada à do continente real. Além da geografia, a arquitetura e a população também têm origens asiáticas, com alguns detalhes inspirados em povos originários das Américas e da Oceania.
Por todo esse mundo, existe uma grande crença espiritual, baseada em antigas crenças chinesas. Equilíbrio, paz interior e pacifismo são base para a mitologia de Avatar, que também inclui a simbologia dessas crenças, como o símbolo do ying e yang, diversas vezes em seu design.
Esse equilíbrio é destruído quando a Nação do Fogo atacou seus vizinhos, dando início à Guerra dos 100 Anos. Durante um século, as Tribos da Água e o Reino da Terra tiveram que lutar contra invasões, enquanto os pacíficos Monges do Ar foram praticamente exterminados. A guerra causou consequências nas quatro nações, afetadas social e politicamente pelo confronto.
Em Avatar: A Lenda de Aang, Aang, o último dobrador de ar e Avatar (ponte entre os mundos humano e espiritual e único dobrador capaz de dominar os quatro elementos) de sua geração, acorda após 100 anos congelado em um iceberg. Com a ajuda de Katara, Sokka e outros amigos que fazem pelo caminho, o garoto precisa viajar o mundo para aprender a controlar água, terra e fogo, e então derrotar o Senhor do Fogo para trazer o equilíbrio de volta ao mundo.
Abaixo, apresentamos as quatro nações de Avatar e as principais influências por trás de suas criações — confira:
Tribos da Água
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Localizadas nos Pólos, as Tribos da Água do Norte e do Sul têm grande influência de tribos árticas, como os inuítes e os yupiques, além de povos originários da Sibéria. Dentro do universo de Avatar, a Tribo do Sul foi fundada por imigrantes do Norte, assim como as tribos siberianas que migraram para o ártico.
Alguns dos costumes da Tribo da Água, como pintura facial pré-batalhas e uso de armas como bumerangues, também são inspirados em povos originários das Américas e da Oceania.
Por seu isolamento das outras nações e literalmente cercado por um cenário que também serve como arsenal para seus dobradores d’água, a Tribo da Água do Norte conseguiu sobreviver em relativa paz ao longo da Guerra dos 100 Anos, sendo afetada de fato apenas quando é visitada por Aang e seus amigos. Já a Tribo do Sul não resistiu tão bem. Além de ter sido invadida e destruída pela Nação do Fogo, o local ainda viu (quase) todos os seus dobradores serem exterminados e todos os seus homens em idade de lutar partiram para a guerra.
É bom pontuar que existem dobradores de água no Reino da Terra. Essas tribos se estabeleceram no Pântano Espiritual e aprenderam a dominar a água dentro dos cipós das árvores e dedicam suas vidas a proteger seu lar.
Reino da Terra
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O Reino da Terra é a maior entre as quatro nações e ocupa quase toda a área do continente de Avatar. Embora predominantemente inspirado pela China, o território tem influências de outros países da Ásia Central e do Sudeste Asiático, combinando culturas e arquiteturas chinesas e indianas. Assim como a Ásia, o Reino da Terra é lar para diversas etnias e povos, cujos costumes e estilos de dobra se adaptam ao ambiente. O continente fictício também tem um deserto e muitas montanhas em seu cenário.
Capital do Reino da Terra, Ba Sing Se é altamente inspirada em plantas históricas de Pequim, capital chinesa, incluindo os muros que separavam os cidadãos em anéis e o isolamento do rei de seu povo, com o monarca não podendo sair do palácio. Mesmo o Dai Li aparece como representação da polícia secreta de Mao Tsé-Tung.
Assim como acontece na Ásia, a proximidade de territórios acarreta também em algumas trocas de influências culturais. A Avatar Kyoshi, por exemplo, nasceu no Reino da Terra, mas seus trajes e maquiagens de batalha e katanas como armas são mais tradicionais do Japão.
Tanto pelo tamanho de seu território quanto pela resistência de sua capital, o Reino da Terra conseguiu resistir muito tempo à Guerra dos 100 anos. Ao longo do confronto, o Dai Li inclusive conseguiu esconder do Rei da Terra e de membros da população sobre a batalha contra a Nação do Fogo, uma vez que Ba Sing Se se manteve invulnerável mesmo após 600 dias de cerco.
Nação do Fogo
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Lembra quando eu falei que o mapa de Avatar é praticamente uma versão espelhada da Ásia? Então, aqui a frase começa a fazer mais sentido. Formada pelo grande arquipélago a oeste do mapa, a Nação do Fogo é fortemente influenciada pelo Japão das eras feudal e imperial e pela China, mas inclui também referências a outros países do Leste Asiático, como Coréia do Norte, Coréia do Sul e as Filipinas.
Isolados da Nação do Fogo, os Guerreiros do Sol são a tribo dos primeiros humanos dobradores de fogo, que mantém os métodos de ensinamento antigos e mostram que o fogo é mais do que destruição. Além disso, eles também servem como guardiões dos dois últimos dragões — chamados “dobradores originais” —, cuja espécie se tornou alvo de caça esportiva e quase foi à extinção ao longo da Guerra dos 100 Anos.
Durante a guerra, a Nação do Fogo também passou por uma violenta mudança de filosofia, abandonando a espiritualidade e se voltando para a idolatria de sua monarquia, gerando apoio popular a invasão de outras nações. O desprezo da alta patente do exército do fogo pelos espíritos é tanto que o Almirante Zhao chegou a assassinar o corpo terreno do Espírito da Lua durante sua invasão à Tribo da Água do Norte.
A Nação do Fogo é uma metáfora nada delicada para o Japão Imperial e sua invasão de territórios vizinhos durante a Segunda Guerra Mundial, emulando os discursos hegemônicos e nacionalistas do governo japonês da época. Com forte força naval (e eventualmente uma força aérea), a Nação do Fogo invadiu e colonizou territórios do Reino da Terra, praticamente destruiu a Tribo da Água do Sul e exterminou (quase) todos os Monges do Ar ainda nos primeiros anos da guerra.
Monges do Ar
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De origens nômades e inspirados em monges tibetanos, monges Shao Lin e fundindo filosofias budistas ao hinduísmo indiano, os Monges do Ar habitavam templos construídos em encostas de montanhas e de acesso praticamente exclusivo para dobradores de ar espalhados pelo mundo. Pregando o antimaterialismo e a preservação da vida, esses monges viajavam livremente pelas outras nações antes da Guerra dos 100 anos.
De acordo com o livro de arte oficial da série, os Templos do Ar foram inspirados principalmente por monastérios no Butão. Além de alguns templos se anexarem às montanhas, eles são construídos com bastante espaço aberto para que os monges possam treinar sua dobra de ar.
Sabendo que o próximo avatar, Aang, reencarnaria como um Monge do Ar, o Senhor do Fogo Sozin ordenou o extermínio completo dos dobradores de ar, aproveitando-se do poder concedido pelo Cometa Sozin a dobradores de fogo para invadir e dizimar seus templos. Aang, como o título original da animação diz, tornou-se o Último Mestre do Ar, uma vez que fugiu e foi congelado dias antes do ataque da Nação do Fogo.
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Avatar: O Último Mestre do Ar conta com Albert Kim (A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, Nikita) como showrunner, produtor executivo e roteirista. A versão da Netflix da série de animação acompanha Aang, um jovem Avatar que precisa aprender a dominar os quatro elementos (Água, Terra, Fogo e Ar) para restaurar o equilíbrio em um mundo ameaçado pela terrível Nação do Fogo.
Com três temporadas iniciais (61 episódios), Avatar: A Lenda de Aang se tornou uma das animações mais adoradas da história. A série ganhou uma sequência em A Lenda de Korra, que acompanhava a Avatar que sucedeu Aang. Além do sucesso nas telas, os títulos deram origem a uma franquia que ganhou diversas sequências em livros e HQs.
Avatar: O Último Mestre do Ar estreia em 22 de fevereiro na Netflix.