Séries e TV

Crítica

Arrow - 6ª Temporada

Uma temporada de confusões e contradições que você não vai encontrar em nenhuma outra série

21.05.2018, às 12H51.
Atualizada em 08.10.2019, ÀS 18H00

Nostalgia é a palavra que define Arrow desde sua quinta temporada e neste sexto ano, repleto de idas e vindas de personagens e conceitos que marcaram a história da série, não foi diferente. Slade Wilson (Manu Bennett) e Tommy Merlyn (Colin Donnell), por exemplo, foram alguns dos recursos utilizados para mexer com o coração do fã e relembrar a estrutura narrativa das duas primeiras temporadas.

Confusão é outra palavra que definiu esta temporada, marcada pela habilidade ímpar de colocar seu protagonista, Oliver Queen (Stephen Amell), em situações contraditórias. Já perdemos as contas de quantas vezes ele fez promessas para, episódios depois, mudar de ideia. Ou até mesmo demonstrou sua falta de liderança para em seguida se sacrificar pelo time. E aqui está um dos pontos mais fracos do universo Arrow: a falta de consistência na evolução de seus personagens.

O rompimento do Team Arrow foi um dos destaques da temporada, gerando grandes momentos para amantes de novelão heróico. É o que Arrow sempre conseguiu fazer bem ao colocar pessoas que combatem o crime em situações melodramáticas. A briga entre John Diggle (David Ramsey) e Oliver Queen é definitivamente um dos momentos mais intensos da série, desses que nem mesmo os clichês estragam.

O primeiro antagonista da temporada, Cayden James (Michael Emerson), apesar de encarnar novamente o vilão que quer destruir Star City com um ataque terrorista, foi uma boa introdução para Ricardo Diaz (Kirk Acevedo), um dos melhores vilões do Arqueiro Verde nos quadrinhos. Na telinha, entretanto, Diaz é sanguinário e sem propósito. Arrow peca ao construir vilões rasos com objetivos bobos e, mesmo quando tenta criar empatia no público, perde o ponto. Diaz foi uma tentativa de retorno ao que Slade Wilson representou para a série em seus dias de glória, mas não funcionou.

Outro destaque da temporada foi tirar da trama personagens que estavam fazendo hora extra: Thea Queen (Willa Holland) e Quentin Lance (Paul Blackthorne), a vítima mortal deste ano. O ex-detetive protagonizou a narrativa tosca, e por vezes irreal, do pai que não aceita a morte de uma filha e projeta suas expectativas em outra pessoa. Em contrapartida, o retorno de Laurel Lance como Black Siren foi uma oportunidade para que Katie Cassidy brilhasse com uma personagem mais complexa do que a Laurel da Terra 1.

Falando em brilho, esta foi a temporada de Emily Bett Rickards e Juliana Harkavy com suas tramas de empoderamento mostrando que os personagens femininos do Arrowverse têm muito a oferecer.

O crossover deste ano com The Flash, Supergirl e Legends Of Tomorrow apostou numa trama extensa e sem graça na Terra X, mas conseguiu apresentar novos personagens para os fãs, além de um momento histórico como o primeiro beijo gay do Arrowverse, que rolou entre os personagens de Wentworth Miller e Russell Tovey. Uma promessa que os roteiristas de Arrow mantinham deste a primeira temporada.

A paternidade tardia de Oliver, uma das possibilidades mais interessantes da trama, foi explorada de forma esquizofrênica. Num momento temos o Oliver protetor e, logo em seguida, um homem inconsequente que esquece do filho. Apesar disso, esta é uma face do Arqueiro pouco explorada nos quadrinhos que pode ganhar espaço na próxima temporada.

Arrow encerrou seu sexto ano sem muitas surpresas e com o sacrifício de Oliver se entregando ao F.B.I. (alô, sou o Arqueiro Verde!) para salvar os integrantes de seu time. Esta trama, inclusive, foi uma das mais confusas da série e brincou com a inteligência do público ao estender um desfecho que poderia ter mais impacto no meio da temporada.

É óbvio que Oliver não ficará preso por muito tempo e logo veremos o Time Arrow reunido, mas é interessante pensar em como os roteiristas vão tirar o ex-prefeito da cadeia sem forçar a barra, afinal, o retorno de Diaz é um sapo enorme que será preciso engolir. "The Longbow Hunters", citados no episódio final, é uma história clássica dos quadrinhos e uma boa aposta para a próxima temporada.

Em seu sexto ano, a série enxugou tramas desnecessárias, brincou com a nostalgia dos fãs e testou a paciência dos mais fortes, mas conseguiu seguir a jornada, iniciada lá na quinta temporada, para voltar ao básico. Os poderes, antes utilizados como muletas para tramas absurdas, também foram utilizados com cuidado e sabedoria. Arrow continua sendo aquela série que não vai mudar vidas nem vai entregar tramas muito profundas e marcantes, mas mantém engajada uma audiência que a fez chegar em sete temporadas. E quem sabe até mais...

Nota do Crítico
Bom