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Séries e TV

Crítica

2º ano de Bridgerton seduz com romance, tensão sexual e personagens aprofundados

Nova temporada tem menos sexo, mas compensa na tensão e no drama

24.03.2022, às 18H00.
Atualizada em 28.02.2024, ÀS 00H46

Baseada na bem-sucedida série de livros de Julia Quinn, Bridgerton seduziu o público quando estreou na Netflix com seus figurinos vistosos, suas locações luxuosas e um romance central movido por personagens cativantes – uma mistura que se provou especialmente acertada em dezembro de 2020, quando o mundo precisava de um respiro em meio à pandemia de Covid-19. Agora, na segunda temporada, o casal protagonista é outro e enfrenta dilemas diferentes, mas a nova fórmula se prova mais um acerto do showrunner Chris Van Dusen e da produtora-executiva Shonda Rhimes

Seguindo estrutura similar à dos livros de Quinn, em que cada livro é dedicado a um dos oito irmãos Bridgerton, a nova temporada deixa de lado Daphne (Phoebe Dynevor) e o Duque de Hastings (Rége-Jean Page, ausente dos novos episódios) para se centrar em Anthony (Jonathan Bailey), primogênito da família. Ele finalmente decide se casar, puramente para cumprir seus deveres sociais; não por acaso, o visconde faz questão de dizer aos quatro ventos que o amor não fará parte de seu matrimônio. 

É nessas condições que Anthony cruza o caminho de duas novas damas: Kate (Simone Ashley) e Edwina Sharma (Charithra Chandran), recém-chegadas da Índia. Ele decide cortejar a caçula Edwina, mas Kate, ciente de suas intenções, desaprova a união – e suas tentativas de oposição acabam por involuntariamente aproximá-la do visconde. 

A química de Bailey e Ashley, que ganhou fama em Sex Education, é palpável, e torna um prazer assistir aos duelos verbais entre seus personagens. Essas interações se traduzem em uma crescente e envolvente tensão sexual – que dá o tom em uma temporada que, em comparação com sua antecessora, é mais contida no número de cenas quentes. 

O romance de Kate e Anthony, no entanto, não se resume a isso. Ambos os personagens são bem desenvolvidos como figuras complexas e multifacetadas, que por trás das fachadas fortes lidam com o luto e a pressão de terem assumido responsabilidades familiares muito mais cedo do que deveriam. Eles são como espelhos um para o outro, embora demorem a perceber isso. 

O ritmo com que o enlace se desenvolve é consideravelmente mais lento em relação ao do ano anterior, o que pode frustrar alguns espectadores. Mas a história tem ganchos instigantes, e ajuda que os três protagonistas sejam muito bem defendidos por seus intérpretes. Todos entregam atuações cativantes, e Ashley, em especial, se destaca nos momentos de determinação e vulnerabilidade de sua Kate. O laço construído por ela e Chandran em cena também é notável por sua ternura, em outro ponto positivo da temporada.

É nas tramas paralelas de seu vasto elenco que Bridgerton patina um pouco. Há personagens que pouco ganham o que fazer ao longo dos oito episódios de uma hora cada, andando em círculos ao redor dos mesmos problemas. Em compensação, é muito interessante acompanhar a jornada de Penelope (Nicola Coughlan) em sua vida dupla como Lady Whistledown, cujos riscos e consequências agora se tornam muito mais reais e sérios. 

Também é um feliz acerto o maior espaço dedicado às veteranas do elenco. Violet Bridgerton (Ruth Gemmel), Lady Danbury (Adjoa Andoh), rainha Charlotte (Golda Rosheuvel) e Portia Featherington (Polly Walker) agora mostram suas vulnerabilidades e novos lados de suas personalidades, deixando ainda mais claro como uma das forças de Bridgerton está na variedade de suas personagens femininas. 

Claro que muito dos elementos que fizeram o público se apaixonar por Bridgerton seguem firmes e fortes: há bailes grandiosos, belos figurinos, intrigas e muita fofoca. Mas a segunda temporada prova que a série também consegue amadurecer – o que não deixa de ser um bom sinal para as já confirmadas próximas temporadas. 

Nota do Crítico
Ótimo