Imagem promocional de Detetive Alex Cross (Reprodução)

Séries e TV

Crítica

Cross entrega mistério honesto com cara de CSI no Prime Vídeo

Adaptação do personagem de James Patterson se afasta da sofisticação do streaming para emular novelas de investigação da TV aberta

18.11.2024, às 13H43.

Detetive Alex Cross é mais uma adaptação para o streaming de um personagem de livros criminais americanos, como Reacher ou Jack Ryan. A diferença é que, ao invés de partir para o braço e falar pouco, o detetive Alex Cross se pauta em analisar o perfil dos suspeitos, meticulosamente olhar a cena de um crime e, por vez ou outra, fazer uma leitura psicológica de todos os envolvidos no caso, inclusive policiais. Por isso, o seriado do Prime Vídeo traz mais das tramas de delegacia vistas em programas como CSI e seus variados, do que superproduções vistas recentemente no streaming como Citadel ou Pinguim.

O mistério de Cross, aqui interpretado por Aldis Hodge, é sobre um serial killer que assassina pessoas para homenagear outros criminosos. A parte mais interessante, porém, está no contexto em que todo o caso acontece. Ben Watkins, o showrunner, para não deixar a história ser apenas uma repetição de formatos investigativos, monta uma Washington pós-George Floyd onde todo passo da polícia é questionado com um peso diferente - e tudo fica ainda mais relevante quando Cross e quase toda sua equipe é formada por atores e atrizes negras. 

Dentro do corpo policial, o detetive se vê contra a própria comunidade ao mesmo tempo que busca destrinchar a crise política que faz a corporação ser mal vista pela população. Sem se tornar panfletário, o seriado consegue construir muito bem esse contexto e trazer o peso necessário para a discussão. Por outro lado, quando tenta incluir o luto de Cross para fazer dele um atormentado e incapaz de funcionar, Hodges não entrega o suficiente para que a audiência se sinta tão envolvida como na investigação em si. No fim do dia, tudo que a série faz para emular um CSI da vida funciona muito bem, quando tenta ser uma novela sobre luto, o resultado não é o mesmo.

É curioso notar que, mesmo numa fase do streaming em que se notam produções milionárias como Citadel ou Pinguim, seriados como Cross e Reacher, bem menores e mais contidos em sua escala, funcionem tão bem e tragam resultados satisfatórios para a audiência e seus produtores. Talvez muito disso esteja em replicar um formato já consagrado visto em TV aberta, com escopo controlados e foco em histórias simples, mas extremamente engajantes. Cross é mais um exemplo disso, pois nem sempre é preciso ser grandioso. Honesto e direto, por vezes, é o suficiente para se entreter.

Nota do Crítico
Bom