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Crítica

Fear The Walking Dead - 2ª temporada | Crítica

Segundo ano da temporada derivada traz novos ares, mas ainda falta carisma do original

14.10.2016, às 12H18.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H48

Não deve ser fácil ser um produtor de um projeto de sucesso. A cada passo bem sucedido, vem a pressão por continuar no caminho certo e, na mesma toada, aparecem também as oportunidades de engordar a galinha dos ovos de ouro. HQ de sucesso escrita por Robert KirkmanThe Walking Dead estava no lugar certo e na hora certa para abrir caminho para as séries de terror que pululam na TV estadunidense e chegam a respingar até mesmo aqui no Brasil, como se vê em Supermax.

Fear The Walking Dead chegou, então, com a missão de trazer novos ares e possibilidades diferentes da série original, que ainda toma como base os quadrinhos. O seu primeiro ano foi bastante focado na família formada por Travis (Cliffe Curtis) e Maddy (Kim Dickens) e seus filhos vivenciando os primeiros dias do apocalipse zumbi e vendo a derrocada da sociedade como a conhecemos, com o exército bombardeando e destruindo cidades inteiras sem dar explicações aos civis.

Dia de Los Muertos 

Passada a temporada inicial que culminou com o grupo fugindo de Los Angeles a bordo de um iate de luxo, o segundo ano teve dois arcos bem diferentes entre si. Ele começou em alto-mar, com novos desafios, tudo bem diferente do que já foi enfrentado por Rick e seus companheiros. Fomos vendo na tela um desfile de novas possibilidades e aprendizados. Passaram por ali até mesmo piratas, mas o mais importante ainda era o fortalecimento dos laços familiares, afinal, como confiar num sobrevivente que você acabou de conhecer?

Com as famílias do primeiro ano já totalmente esfaceladas física e emocionalmente, a segunda parte da segunda temporada tem como grande novidade o território. De forma bastante corajosa, o programa ultrapassou a fronteira do sul dos Estados Unidos em direção ao México e teve várias cenas faladas em espanhol - devidamente legendadas em inglês, para que os raros não-latinos que ainda vivem na América consigam acompanhar a trama.

A língua, porém, acaba sendo a única novidade deste terceiro arco. Ao contrário do que o sétimo episódio, “Grotesque”, prenunciava, o que se viu aqui foi uma repetição de várias ideias já vistas na série original. Fortalezas sendo construídas, grupos sendo formados e milícias se juntando para utilizar armas para subjugar aqueles que nunca haviam feito mal a uma outra alma até que os mortos-vivos surgissem. Nem mesmo a fé dos mexicanos, que têm no “Dia de Los Muertos” uma de suas festas mais características, trouxe algo que realmente entrasse para a história das produções de zumbis. 

O futuro 

Desde o primeiro episódio, os grupos foram se separando pouco a pouco. Alguns personagens do piloto ficaram pelo caminho, mas - verdade seja dita - com poucas surpresas… pelo menos até o episódio final, quando más escolhas acabam enfim se juntando à fatalidade e com atos que devem reverberar nas próximas temporadas.

Tecnicamente, Fear The Walking Dead se iguala à série matriz. Os cenários em alto mar e no México trazem um ar de novidade e os zumbis continuam lindos - no sentido que um zumbi pode ser lindo, claro. Falta à série derivada, porém, carisma. Passados mais de 20 episódios, já era hora de começar a gostar de alguém, se preocupar com seus destinos. Por enquanto, continuo torcendo pelos zumbis.