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Crítica

Girls - 6ª Temporada | Crítica

Série termina - como era de se esperar - de forma pouco tradicional e com mensagem sobre amadurecimento

17.04.2017, às 11H13.
Atualizada em 17.04.2017, ÀS 12H01

Quando entrou no ar em 2012, Girls queria ser a série para falar com a nova geração de jovens adultos um pouco perdidos em suas vidas, um pouco imaturos demais e com várias dúvidas de como encarar a realidade pós-universidade. Agora, seis temporadas depois, a atração termina mostrando que mudanças não acontecem da noite para o dia, e o amadurecimento pode - e deve - ser um processo natural.

Ao contrário de algumas temporadas anteriores, que receberam muitas críticas dos fãs, o sexto ano de Girls desenvolveu sua narrativa de uma forma muito mais linear. Desde o primeiro capítulo foram introduzidos detalhes que fizeram a diferença depois. Como já era de se esperar da série, que nunca seguiu os “padrões” da TV, as lições de vida são dadas de uma forma delicada, praticamente natural, sem precisar de grandes explanações. Existem discursos sim - profundos e necessários - mas é nos detalhes que mora a grande mensagem da série.

É preciso elogiar a boa atuação de todo o elenco na temporada final. Como citado no texto do primeiro episódio - leia aqui - Lena Dunham está totalmente confortável no papel de Hannah, uma personagem que foi desafiadora e pode até mesmo ter se confundido com a personalidade da atriz em alguns momentos. Aqui, porém, Dunham conseguiu expressar bem todos os medos de Hannah quando ela passa pela maior mudança de sua vida. Ainda que tenha aparecido menos, Adam Driver também se destaca com o confuso Adam e Becky Ann Baker e Allison Williams brilharam nos papéis de Loreen Horvath e Marnie, respectivamente. A mãe de Hannah, inclusive, é responsável por um dos momentos mais importantes da temporada, onde há uma  real e curiosa troca de papéis com a filha.

Também é interessante pontuar a direção dos episódios. Nesta temporada, Dunham comandou apenas os dois primeiros, “All I Ever Wanted” e “Hostage Situation”, que deram o tom da atração, mas nem de longe podem ser considerados os melhores. “Hostage Situation”, inclusive, é um dos mais fracos, ao apostar em uma trama arrastada e enjoada entre Desi (Ebon Moss-Bachrach) e Marnie. Não é certeza se isso foi feito de propósito para espelhar a jornada dos personagens, mas há muito tempo a história de ambos não funcionava mais e a insistência de Marnie se tornou cansativa. Já Nisha Ganata (Shameless, Better Things) foi a responsável pelo penúltimo episódio, um dos mais bonitos de toda a série. Servindo como uma espécie de retrospectiva (o nome “Goodbye Tour” expressa isso muito bem), ele encerrou a trama de alguns nomes conhecidos e teve cenas que foram uma verdadeira homenagem a toda a série.

Já o último capítulo, dirigido por Jennifer Konner, produtora executiva da série, fechou um ciclo de amadurecimento importante para Hannah, Marnie e Loreen. Sim, a presença da mãe de Hannah se reinventando mais uma vez mostra de forma natural como ser adulto não quer dizer ter todas as respostas o tempo todo. Ainda que tenha continuado no mesmo lugar fisicamente, Marnie mostrou que começou a pensar em outras oportunidades e Hannah, que passou todo o episódio ainda confusa com as mudanças em sua vida, encarou a cena final da série mostrando seu amadurecimento. Talvez ele não seja permanente, talvez no momento seguinte ela esteja novamente questionando tudo, mas essa é a mensagem final de Girls: a vida é confusa, por mais que você tente, dificilmente terá o controle das coisas e você não precisa ter todas as respostas. E não há problema nenhum nisso.

Nota do Crítico
Ótimo