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Crítica

Heartstopper | 3ª Temporada se aprofunda em temas maduros, mas mantém essência

O novo ano da série da Netflix aborda distúrbios alimentares e sexo pela primeira vez

02.10.2024, às 12H00.

Desde que foi lançada, Heartstopper é alvo de críticas por ser uma série idealizada demais, muitas vezes por colocar seus personagens em um mundo perfeito em que eles enfrentam pouquíssimos problemas - e sempre resolvem tudo de forma fácil. A terceira temporada da produção da Netflix continua com o tom leve pelo qual ficou conhecida, mas aposta em temas muito mais profundos e que mostram o amadurecimento de seus personagens.

O novo ano começa com o dilema simples de Charlie (Joe Locke) e Nick (Kit Connor) de não saber como dizer “eu te amo” um ao outro. Esta questão é um clássico dos romances adolescentes e rende cenas fofas e divertidas entre os personagens. Em meio a isso, no entanto, Nick percebe que o namorado está comendo cada vez menos e foge de qualquer situação que envolva expor seu próprio corpo.

A série, então, decide entrar a fundo no distúrbio alimentar do protagonista vivido por Locke. Ele vai piorando aos poucos e isso afeta suas relações e todos a sua volta, especialmente Nick, que não sabe o que fazer para ajudá-lo. Até a metade da temporada, somos confrontados com o crescimento disso até que Charlie, enfim, aceita ajuda. Todo seu processo para se recuperar, abordado especialmente no quinto episódio, é intenso e muito cuidadoso.

Aqui, Heartstopper acaba funcionando quase como um manual para seu público. Desde quando a tia de Nick, uma psicóloga (vivida de forma doce por Hayley Atwell), dá a ele um passo a passo do que fazer, até quando Charlie começa a ser tratado por médicos, que explicam cada detalhe do seu diagnóstico e o que ele pode enfrentar a partir dali. Abordar este tema de forma inclusiva é importante, especialmente em uma série que fala direto com o público jovem, mas às vezes o discurso é tão didático que nos desprende da história.

A partir daí, a série entra em um novo arco (baseado em outro volume dos quadrinhos de Alice Oseman) que vai abordar a “primeira vez” dos personagens e suas escolhas para a faculdade. Desta forma, Heartstopper ao tom mais fofo que estamos acostumados, mas ainda assim deixa claro que os personagens estão envelhecendo e amadurecendo.

Em meio a esse grande foco em Charlie e Nick, sua relação com os amigos fica mais reduzida no novo ano. Apesar de ter sido amplamente divulgada, a participação especial de Jonathan Bailey (Bridgerton) como o autor Jack Maddox, que é um grande ídolo de Charlie, também é bem curta.

Ainda assim, vale o destaque para algumas importantes histórias paralelas, como a de Elle (Yasmin Finney), que tem um enredo importante sobre os desafios de se firmar enquanto mulher trans, e Tori (Jenny Walser), que finalmente ganha o destaque merecido na trama para além de ser a irmã companheira de Charlie.

Em sua terceira temporada, Heartstopper ainda acha espaço para abordar outros tópicos sensíveis e acrescentar mais minorias à conversa. Tara (Corinna Brown) sofre com um ataque de pânico ao ser confrontada com a pressão de escolher uma faculdade, Darcy (Kizzy Edgell) começa a se questionar sobre o conceito da não-binariedade e Isaac (Tobie Donovan) finalmente se entende como assexual. É a série que continua na missão de ser aquele espaço seguro em que qualquer um pode se encontrar.

Nota do Crítico
Ótimo