Quarta série criada para o Arrowverse, Legends of Tomorrow demorou quase uma temporada e meia para encontrar seu lugar entre o crescente universo televisivo da DC. De “Raiders of The Lost Art” adiante, no entanto, a produção se estabeleceu como o grande escape de ideias absurdas que a equipe de roteiristas da CW não conseguia encaixar em Arrow, The Flash ou Supergirl. Em sua quinta temporada, iniciada em plena Crise nas Infinitas Terras, o seriado leva a criatividade a outro patamar, com histórias que vão da Rússia czarista a um ataque zumbi no set de Supernatural.
O ano se divide em duas tramas principais: na primeira, as Lendas enfrentam “vilões” históricos ressuscitados por Astra (Olivia Swann) para eliminar o grupo; na segunda, a equipe busca por três anéis que formam o tecido do destino das Moiras, semideusas gregas. Essas histórias relativamente simples abriram espaço para subtramas que, incorporando o bom-humor de Legends, aprofundou personagens antigos, assim como introduziu caras novas à série.
Descobrir as verdadeiras origens de Charlie (Maisie Richardson-Sellers) ou ver a relação de Mick (Dominick Purcell) com sua recém-descoberta filha, Lita (Mina Sundwall), entretém tanto quanto as cenas de ação, sem apelar pro clima novelão que permeia o Arrowverse. Entre essas subtramas, a mais interessante é a evolução da versão alternativa de Zari (Tala Ashe).
Nascida de uma mudança na linha temporal no final do quarto ano, a nova versão da heroína começa extremamente superficial, egocêntrica e se importando mais com seguidores em redes sociais que no bem-estar dos colegas. Escapando de armadilhas como mudar completamente uma personagem para encaixá-la em um padrão, Legends não tentou forçar devolver Zari ao seu papel anterior. Ao contrário, a série decidiu subverter as expectativas do público e criar uma versão praticamente nova da personagem, que não só elevou a graça da série por seu relacionamento com a equipe, mas também por sua química com o irmão, Behrad (Shayan Sobian), e Constantine (Matt Ryan).
Também é preciso elogiar a capacidade de roteiristas e atores de abraçar o ridículo. Auge desta quinta temporada, “The One Where We’re Trapped On TV” extrapolou a já tradicional metalinguagem da série, com paródias de Star Trek, Friends e Downtown Abbey. Poucas comédias em 2020 proporcionaram momentos tão hilários quanto as sátiras de Caity Lotz e Jes Macallan de Kirk e Spock, respectivamente, ou Constantine como o mordomo de Downtown. O carinho e a diversão colocados pela equipe e elenco da série é palpável em cada cena e é incrivelmente raro passar cinco minutos sem rir durante a temporada.
Por outro lado, o quinto ano teve uma grande dificuldade em se despedir de Ray Palmer/Eléktron. A saída de Brandon Routh aconteceu de maneira extremamente repentina e o personagem só foi citado rapidamente apenas uma vez após deixar a Waverider, o que demonstra certa ingratidão com um dos atores mais antigos e marcantes da série. Embora seja conhecida pelas idas e vindas de heróis e vilões, Legends of Tomorrow poderia ter mostrado um pouco mais de cuidado na despedida do ator, que já manifestou sua insatisfação com o fim de seu arco.
Apesar disso, a quinta temporada de Legends of Tomorrow seguiu à risca os pedidos de sua fiel base de fãs. Ridícula no ponto certo e com cenas de ação criativas, a série continua sendo a melhor e mais divertida do Arrowverse. Diferentemente de The Flash e Supergirl, que mostram sinais de cansaço, a produção segue se reinventado a cada novo episódio e o misterioso gancho deixado no capítulo final apenas alimenta a ansiedade pelo que está por vir em 2021.
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