Despretensiosa, Legends of Tomorrow é há anos a série mais divertida do Arrowverse, universo compartilhado das séries da CW baseadas em personagens da DC. Menos inchada e dramática que suas irmãs de emissora, a produção chegou à sua sexta temporada abraçada no absurdo, que permeia a evolução de seus personagens e os desfechos simples de suas tramas.
Considerada por muitos como o “patinho feio” do Arrowverse, Legends of Tomorrow deixou para trás qualquer tentativa de conquistar novos espectadores, preferindo focar seus esforços criativos em agradar a fan base fiel que construiu. Esse direcionamento resulta na criação de aventuras charmosas, com um tom antológico que dificilmente se sustentaria em outras produções de super-heróis, mais preocupadas em expandir franquias do que contar uma história própria.
Isso não quer dizer que a série sacrifique sua qualidade. Os tripulantes da Waverider, por exemplo, continuam seguindo um desenvolvimento natural, evidenciado nas boas dinâmicas construídas entre os personagens. Assistir a Sara (Caity Lotz) e Ava (Jes Macallan) planejarem seu futuro como casal ou Mick (Dominic Purcell) mostrando seu lado mais paternal recompensa cada diálogo escrito desde que Legends of Tomorrow assumiu de vez a atmosfera zueira.
Claro que alguns personagens se destacam mais que outros. No sexto ano, por exemplo, Matt Ryan domina completamente os holofotes em seu último ano como John Constantine, expondo cada detalhe da psique perturbada do feiticeiro e seu ciclo autodestrutivo. Seu relacionamento com Zari (Tala Ashe) dá maior peso emocional à temporada, além de auxiliar no desenvolvimento de personagens como Nate (Nick Zano) e Behrad (Shayan Sobhian), cujas participações são um pouco mais discretas na maior parte dos novos episódios.
Apesar das boas histórias pessoais, é fácil para alguém desacostumado com a série acreditar que as tramas principais da sexta temporada têm desfechos anticlimáticos ou repentinos, especialmente por elas não serem completamente resolvidas no muque. Quem já acompanha a produção faz tempo, por outro lado, sabe que é justamente nos Deus ex-machinas aleatoriamente hilários que está o encanto de Legends of Tomorrow. As conclusões criativas encontradas pelos roteiristas - que já foram de bichinhos de pelúcia gigantes a enfrentar demônios com o “poder da música” - se encaixam perfeitamente na personalidade dos heróis e são um belo contraponto ao padrão grandioso adotado por outras produções do gênero.
Como tem sido desde a segunda temporada, assistir a Legends of Tomorrow é gratificante não só pelo carisma de seus personagens, mas também pela dose semanal de leveza e bom humor que a série proporciona. Sem qualquer hesitação em ser boba ou sem sentido, a produção traduz como poucas o objetivo, frequentemente esquecido, de uma história de super-heróis: divertir.