Only Murders in the Building (Hulu/Divulgação)

Séries e TV

Crítica

Only Murders in the Building homenageia podcasts sobre crimes com amor e humor

Série estrelada por Selena Gomez, Martin Short e Steve Martin está disponível no Star+

02.02.2022, às 17H41.

Já imaginou como seria estar no centro de uma grande investigação criminal? Talvez não seja o sonho ideal de qualquer pessoa, mas certamente é para os vizinhos Charles, Oliver e Mabel. Para o deleite do trio, ouvintes assíduos de podcasts sobre crimes, o incidente em questão acontece no prédio onde moram. E para o nosso deleite, essa aventura se desenrola ao longo dos dez episódios de Only Murders in the Building, série do Hulu que chegou ao Brasil pelo Star+.

Criada pela dupla John Hoffman (Looking e Grace & Frankie) e Steve Martin — que também estrela a comédia ao lado de Martin Short e Selena Gomez, Only Murders in the Building mais parece com uma versão seriada de Um Misterioso Assassinato em Manhattan, filme de Woody Allen de 1993. A comparação é inevitável: ambos têm suspeitos tão excêntricos quanto os habitantes de Nova York, detetives improváveis em busca de soluções e uma trama divertida — e surpreendentemente tocante — que gira em torno de um crime. 

No título do streaming, Martin interpreta Charles-Haden Savage, um ex-astro de televisão que já teve dias melhores. Sem saber o que fazer da vida, ele relutantemente acaba se encontrando com Oliver (Short), um diretor de teatro falido, após os dois serem forçados a debandar do prédio onde moram porque um dos condôminos foi assassinato, o jovem e “com cara de poucos amigos” Tim Kono (Julian Cihi). Pouco tempo depois, a dupla se une à jovem Mabel (Gomez), e acaba traçando planos para não apenas tentar decifrar o que aconteceu na residência de luxo, mas também transformar o desenrolar em um podcast de investigação criminal — que recebe o mesmo título da série (sim, a trama tem um quê de “história dentro da história”).

Only Murders in the Building não utiliza apenas o assassinato do vizinho para revelar segredos sobre os demais moradores do prédio, como também vai descascando a verdadeira história por trás dos detetives improváveis. E de quebra, ainda conta uma história sobre a amizade verdadeira entre três pessoas completamente diferentes. Tudo isso com muito humor — mas o que esperar de uma série que reúne Short e Martin em cena pela primeira vez desde Os Três Amigos?

Falando desse reencontro, outro destaque de Only Murders é a química entre os astros. Gomez, à primeira vista, que poderia ser facilmente apontada como o elo mais fraco é uma revelação, segurando muito bem as piadas e a carga dramática da série ao lado de dois gênios da comédia. Outros grandes nomes que também brilham nos episódios são Nathan Lane e Amy Ryan, ambos com personagens essenciais à trama, bem como Tina Fey e Sting (uma estrela de rock como suspeito de um assassinato!). 

É importante não cair na condescendência de tentar encontrar plausibilidade de três pessoas como essas realmente produzindo um podcast em tais condições. A intenção de Only Murders é apenas de homenagear um gênero que ganhou uma grande reinventada em pleno século XXI (que no Brasil transformou O Caso Evandro em uma obsessão nacional). E embora a série não inove tanto na hora de contar essa história, é um privilégio acompanhar como Mabel, Charles e Oliver montam — e desmontam — esse quebra-cabeça. 

Nas últimas semanas, os três atores (na vida real, claro) têm sido fortemente apontados como alguns dos principais nomes cogitados para apresentar o Oscar 2022. Fica aqui a torcida por eles. Vai ser um alívio saber que há possibilidade de revê-los em cena antes da estreia da segunda temporada da série — e sem que haja mais um grande crime para isso. 

 

Nota do Crítico
Ótimo