A quinta temporada de Rick and Morty chegou ao final no último domingo (6), após apostar em episódios ainda mais emotivos e discutir com mais profundidade a relação entre o homem mais inteligente do universo e sua família.
Após uma quarta temporada considerada instável e mal recebida por parte dos fãs, Rick e Morty voltou menos focado nas aventuras em dupla e com mais espaço para experiências coletivas da família - um dos poucos pontos fortes que a produção mantém da temporada anterior. Já no primeiro episódio, “Mort Dinner Rick Andre”, temos uma Summer guerreira subaquática, um Morty quase independente e o casal Beth e Jerry mais sexualmente liberais. Esses personagens, que até a terceira temporada só faziam volume na série, estão ganhando cada vez mais espaço, em uma ramificação que abriu as portas para novas aventuras e possibilidades dentro da série.
Adult Swim/Divulgação
Summer tem mais participação que Morty em alguns episódios e também se aventura em mais “rolês com o vovô”, e até com o irmão caçula. A personagem consegue contribuir muito graças à sua mentalidade, que é uma mescla de adolescente do colegial e mulher madura que já lutou em guerras multiversais. Essa característica fica muito expressiva se comparada a personalidade atrapalhada e insegura de Morty e promove um ritmo diferente na temporada, como nos episódios três e sete.
Entretanto, a principal marca dessa mudança de rota da temporada são os vários rachas na relação entre Morty e Rick. Desde o primeiro episódio, os dois quase não fazem missões juntos, e quando iniciam uma aventura, algum outro elemento os separa. Essa fragilidade na relação abusiva entre avô e neto faz a roda da temporada girar até o alucinante final, em que Rick reconhece que ficar perto de Morty é prejudicial para ambos. As autocríticas de Rick aparecem com frequência na série, indicando uma possível mudança de ares para os próximos anos. O cientista transformado em um ser altamente niilista pelo próprio conhecimento agora parece se preocupar com a atual versão de sua família.
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Mesmo com as mudanças na narrativa, a quinta temporada mantém o estilo da série e conta com momentos desconfortáveis, como o bebê incestuoso de Summer e Morty, e os momentos de puro arrependimento de Rick, que aparecem sempre como fantasmas para atormentar o cientista que gosta de fingir que não se importa com nada.
Após uma quarta temporada mediana, a série entra no ano cinco tateando um novo formato. Nos primeiros cinco episódios, as linhas ainda não se encaixam tão bem e a fórmula do ano anterior parece estar se repetindo. Porém, o desgaste entre os protagonistas serve como trampolim para levar os episódios finais ao topo das expectativas, mostrando que a trama clássica pode estar voltando - o que Rick chama de “aventuras simples” no décimo episódio.
Ao resolver seus problemas de uma maneira nada saudável, os personagens reiniciam a trama de uma maneira nostálgica. A dupla é levada de volta para a cidadela dos Ricks, onde as batalhas mais alucinantes foram travadas entre as milhares de versões do vovô Sanchez. Assim como o finale da temporada quatro ditou o ritmo do quinto ano da série, o episódio “Rickmurai Jack” nos sugere o caminho que Rick e Morty vão seguir agora. O retorno do possível maior vilão da trama aumenta muito as expectativas para o futuro, e o final ajuda a série a se redimir após uma quarta temporada morna e um início de quinta que não surpreendeu.