Saintia Shô/Toei/Divulgação

Séries e TV

Crítica

Saintia Shô - 1ª temporada

Novo anime de Os Cavaleiros do Zodíaco começa promissor, mas entrega história apressada

18.04.2019, às 11H35.
Atualizada em 18.04.2019, ÀS 14H50

O anime clássico de Os Cavaleiros do Zodíaco começou a ser exibido na década de 80. De lá para cá, várias gerações de fãs conheceram a história de Seiya e seus amigos e vários animes e mangás tentaram replicar todo esse sucesso. Escrito e ilustrado por Chimaki Kuori, o mangá Saintia Shô é uma tentativa de fazer isso contando uma história focada em mulheres, mas enquanto a publicação mantém muitos aspectos positivos do universo de Saint Seiya, o anime é uma adaptação fraca e apressada.

A história das Saintias começa com Shoko e Kyoko, duas irmãs que “nasceram sob a estrela de um destino terrível”. Shoko, a mais nova, deverá ser hospedeira de Éris, a Deusa da Discórdia, que como todos os deuses malignos quer derrotar Atena. Ainda criança, Kyoko faz uma promessa de proteger a irmã e por isso treina até a juventude para fazer parte do grupo das Saintias, uma espécie de “guarda real” de Atena formada por jovens altamente treinadas. Para os fãs mais antigos, é importante ressaltar que a ordem das Saintias não altera os outros núcleos de cavaleiros. Ou seja, ainda existem os representantes de bronze, prata, puro e essas jovens ocupam outro espaço. Além disso, a história delas acontece em paralelo com as sagas da Guerra Galáctica e das Doze Casas. Há um pequeno retcom para justificar porque elas nunca apareceram antes na história dos cavaleiros, mas o argumento funciona bem e não incomoda.

Saintia Shô acerta bastante ao estabelecer a relação entre as duas irmãs. Shoko, que tem uma personalidade mais impulsiva, sente constantemente a falta da irmã mais velha e centrada - sentimento que relembra muito como o próprio Seiya sentia falta da irmã Seika no anime clássico da franquia. O grande problema é que este arco inicial foi encerrado com apenas 10 episódios e já no quarto capítulo há um grande fechamento da trama de Shoko e Kyko. Enquanto no anime clássico a Batalha das Doze Casas levou 32 capítulos para ser concluída, os 10 episódios de Saintia Shô terminam deixando a sensação de uma história apressada e mal concluída.

Tal pressa também afeta o desenvolvimento de outras personagens. Assim como Seiya tinha seus amigos, Shoko tem outras Saintias ao seu lado e cada uma carrega uma história particular. Katya, por exemplo, é fiel ao Mestre do Santuário e o motivo disso é totalmente mostrado no mangá, que usa várias páginas para estabelecer como esse sentimento surgiu. Já no anime, as histórias de Katya, Mii, Erda e Xiaoling não encontram espaço. Seus cosmos são importantes para as cenas de ação, mas suas motivações ficam em segundo plano.

Há ainda outros fatores que complicam a adaptação. Um deles é a própria forma como as Saintias são representadas em batalhas. Enquanto o mangá de Chimaki Kuori enfatiza o esforço e superação das mulheres em cada batalha, o anime não foge do clichê de focar nas pernas das personagens, que muitas vezes são colocadas em posições fetichizadas, com pernas e braços amarrados, algo que não condiz com a linguagem do material de origem. Isso sem contar os vários momentos em que as Saintias são “salvas” por Cavaleiros de outras ordens, como os de ouro. É verdade que Seiya e os cavaleiros de bronze também eram subestimados, mas aqui incomoda bastante quando insistem em ajudar as personagens que não estão pedindo por ajuda.

No fim das contas, o maior defeito de Saintia Shô é não ter desenvolvido suas personagens o suficiente para fazer o público se importar de verdade com elas. Talvez seja injusto comparar este anime com o desenho clássico, mas a verdade é que cada cavaleiro de bronze tinha uma história particular que gerava empatia com o público. Quando eles lutavam, quem estava do outro lado da tela sofria de verdade e torcia para uma vitória praticamente impossível. Há um charme especial em ver mulheres tão poderosas lutando em Saintia Shô, mas o anime desenvolveu tudo tão apressadamente que deixou de lado a emoção e a humanidade de suas guerreiras.

Nota do Crítico
Regular