Cena de Segundas Intenções (Reprodução)

Séries e TV

Crítica

Segundas Intenções flerta com a sensualidade para criar Malhação universitária

Remake não esconde inspiração em Gossip Girl, Riverdale e outros sucessos do gênero

25.11.2024, às 11H38.

Em 1999, Sarah Michelle Gellar e Ryan Phillipe estrelaram a adaptação de Les Liaisons Dangereuses, livro de 1782 de Pierre Choderlos de Laclos, chamada Segundas Intenções. À época, a dupla foi acompanhada por outras duas atrizes que, nos idos dos anos 1990 e 2000, eram codinomes de sucesso: Selma Blair e Reese Witherspoon. O quarteto consolidou ainda mais o estrelato neste suspense com toques de erotismo em que irmãos planejam vingança, golpes e conspirações em busca de poder. E usam, acima de tudo, sexo, desejo e beleza como principais elementos para chegar ao objetivo final.

25 anos depois, a Sony Pictures, junto com o Prime Video, ressuscitou esta adaptação um remake em formato seriado e de olho no público jovem adulto que outros projetos como O Verão que Mudou Minha Vida ou Vermelho, Branco & Sangue Azul acabaram atraindo. O que isso significa? Que a trama escolar virou universitária e diversas tramas paralelas se aninham no conflito fraternal dos protagonistas, mas nunca com o flerte com o erótico do original, e sim com algumas piscadelas para o sensual e, no máximo, controverso.

O casal protagonista, aqui vivido por Sarah Catherine Hook e Zac Burgess, entrega exatamente o que séries com esse teor se propõe: doses sem medida de olhares misteriosos, figurinos entre o chique e o hipster, meia dúzia de falas emblemáticas e, claro, algum carisma para segurar uma trama de 10 episódios. Burgess, por sua vez, é o que mais chama atenção, por conseguir com certa delicadeza mostrar a insegurança de um Lucien conquistador e, ao mesmo tempo, perdido. Hook toma para si o papel puro da vilã e serve bem como apoio para o restante do elenco coadjuvante, que também faz um bom trabalho - com destaque para Sara Silva, como Cece, e John Kim, como Blaise.

É complicado para quem viu o original e tinha a mesma idade do público-alvo da série se identificar com com o remake. A superficialidade de alguns temas e até a forma leviana com que a série trata algumas discussões importantes como assédio e bullying, vai certamente irritar alguns. E, de fato, o roteiro pincela muitas questões e opta por fazer dos escândalos o pilar de choque da série - mas não é isso que funciona aqui. Se tratada como uma série teen que se inspira em Segundas Intenções para trazer algum nível de perversidade ao gênero, ela é um passatempo digno. Caso a ideia seja explorar a complexidade das relações de Lucien, Caroline e seus companheiros, ou mesmo a inspiração na obra original, é melhor rever o filme de 1999.

Nota do Crítico
Bom