Uma década. No final de 2005, a série pautada em dois irmãos foi lançada nos EUA. Em 2015, Supernatural completa dez anos de existência. A expectativa era grande, assim como a pressão. Depois de tanto tempo no ar, parte da audiência se perdeu. Muitos acreditam que o seriado deveria ter terminado com o sofrido episódio final da quinta temporada; com o embate entre Céu e Inferno, Lúcifer (Mark Pellegrino) e Miguel (Matt Cohen e Jake Abel), Sam (Jared Padalecki) e Dean (Jensen Ackles). Mas não foi o que aconteceu. Com o fim do Apocalipse, surgiram os leviatãs, o Purgatório foi inserido na trama, Crowley (Mark Sheppard) conquistou de vez seu espaço e a Marca de Caim chegou para dar um novo rumo à vida dos irmãos Winchester.
O conflito da décima temporada girou justamente em torno da marca que Dean conquistou na temporada anterior, quando precisou de tal poder para derrotar Abaddon (Alaina Huffman) com a Primeira Espada, pertencente a Caim, filho primogênito de Adão e Eva. A energia dela era tão poderosa que acabou transformando Dean em um demônio. Aliás, foi com a "ajuda" de Crowley, e com aquele discurso maravilhoso que encerrou a nona temporada, que descobrimos que a marca e a espada caminhavam lado a lado. "Abra seus olhos, Dean. Vejo o que eu vejo. Sinta o que eu sinto", disse o Rei do Inferno, apresentando o enredo central da temporada seguinte ao público.
Ao mesmo tempo em que Sam batalhou para trazer o eu-humano de Dean de volta, Castiel travou uma batalha contra si mesmo e contra o fantasma da mortalidade, já que os anjos continuavam em crise e a sua graça estava por um fio. Talvez, um dos grandes destaques da temporada tenha sido a inversão de papeis. Os fãs estavam acostumados a torcer para que Dean conseguisse salvar Sam de alguma enrascada. Dessa vez, foi o contrário. Também é importante destacar a junção de forças de Crowley e Castiel (Misha Collins), que já estavam próximos, mas nunca tinham trabalhado juntos. No terceiro episódio, "Soul Survivor", dirigido por Jensen Ackles, o Rei do Inferno recorre a esse aliado bastante inesperado.
Outro ponto alto da décima temporada foi o episódio de número 200, "Fan Fiction", totalmente dedicado aos muito hunters fiéis. O roteirista Robbie Thompson e diretor Phil Sgriccia prepararam mais uma cilada divertida para os irmãos Winchester, que foram combater o mal em uma escola e se depararam com um musical feito pelos alunos, inspirado na história de Chuck Shurley (Rob Benedict). O retorno de alguns personagens queridinhos do público também foi um tiro ~de Colt~ muito bem dado. A aparição da xerife Jody Mills (Kim Rhodes) e de Charlie Bradbury (Felicia Day), que retornou de Oz, deu uma quebrada na trama principal e deixou um clima nostálgico no ar. Vale destacar o papel da bruxa Rowena (Ruth Connell) na trama, que já chegou com grande destaque. Uma bela tacada, já que, com a morte de Charlie, o seriado ficaria mais uma vez órfão de uma personagem feminina forte.
No fim das contas, a décima temporada reforçou aquilo que o público já estava cansado de saber: Dean é incrível até como demônio (impossível negar que, vez ou outra, torcíamos para que o Deamon nunca nos deixasse), Crowley já é parte essencial do elenco principal da série e a família continua sendo a fraqueza dos irmãos Winchester. Agora, será que Lúcifer vai voltar? Será que Deus vai dar às caras e enfrentar o mal que ainda está impregnado em Dean? Qual será o desfecho de Crowley? E Cass? E Rowena? Sem dúvida, a trama ao redor da Marca de Caim foi uma das melhores desde o Apocalipse. E olha que tinha gente achando que a série estava sem forças... Se a nona temporada terminou com o Deanmon abrindo os olhos e levando a audiência à loucura, a décima terminou com os hunters chorando em posição fetal: "Sammy, close your eyes"... E que venha a 11ª temporada!