Lucasfilm/Divulgação

Séries e TV

Crítica

3º ano de The Mandalorian encerra 1ª aventura de Din Djarin de forma apressada

Resoluções simplistas impedem nova temporada de atingir os altos de anos anteriores

19.04.2023, às 12H00.
Atualizada em 19.04.2023, ÀS 12H17

Com o fim da chamada Saga Skywalker, The Mandalorian se tornou praticamente o principal produto de Star Wars promovido pela Disney e pela Lucasfilm para o grande público. Após duas ótimas temporadas — e do tira-gosto dispensável que foi O Livro de Boba Fett —, a série de Jon Favreau e Dave Filoni chega a um ponto final natural com um terceiro ano divertido, mas que não equivale ao alto nível estabelecido até aqui.

Talvez pelas grandes mudanças recém-anunciadas pela Lucasfilm para o futuro da Galáxia Muito, Muito Distante, a terceira temporada de The Mandalorian parece ter ficado responsável por amarrar diversas pontas soltas antes que seus criadores pudessem focar em outros títulos da franquia. Isso cria uma pressa desnecessária que diminui o impacto de praticamente todos os principais conflitos do novo ano. Convenientes, os roteiros de Favreau encontram soluções imediatas e, às vezes, até bobas para que os episódios mantenham o ritmo empolgante normalmente associado a Star Wars. Ainda assim, essa agilidade forçada não apaga o bom trabalho do elenco e dos diretores, especialmente Bryce Dallas Howard e Rick Famuyiwa, que comandam dois dos melhores episódios da série até aqui.

Diferentemente do que aconteceu na Trilogia Sequência e em produções como O Livro de Boba Fett e Han Solo, fica claro que Favreau, Filoni e os cineastas que trouxeram para The Mandalorian sabem exatamente como entregar aquilo que os fãs de Star Wars querem ver. O grupo de diretores, que inclui ainda Carl Weathers, Lee Isaac Chung, Rachel Morrison e Peter Ramsey, sabe trazer tropos de diversos gêneros para a série, fazendo-a passar longe da monotonia mesmo em seus momentos menos explosivos. Transformando suas próprias fanfics em cânone, os nomes por trás das câmeras conseguem expandir a já rica mitologia da franquia sem criar impedimentos para que os fãs continuem essas histórias em suas cabeças, característica que fez da criação de George Lucas uma das franquias mais convidativas da cultura pop.

Mesmo a decisão de transformar Din Djarin (Pedro Pascal) em uma espécie de coadjuvante de sua própria série traz bons resultados, muito graças ao carisma de Bo-Katan (Katee Sackhoff), que se mostra uma das melhores protagonistas que a franquia teve até o momento. Com os principais problemas de Mando resolvidos em menos de três episódios, a princesa mandaloriana ganha o destaque que merece desde sua estreia em Star Wars: The Clone Wars. Os mandalorianos, aliás, reivindicam seu próprio protagonismo; com dublês e lutadores como Tait Fletcher, Mercedes Varnado (mais conhecida como Sasha Banks) e Jason Chu por trás das armaduras, a série consegue fazer com que cada um dos sobreviventes do Grande Expurgo tenha uma personalidade própria, independente do quanto suas armaduras se pareçam. A consciência corporal do elenco é essencial para as cenas de ação, tornando a luta pela retomada de Mandalore uma das batalhas mais emocionantes da franquia desde que começou a ser tocada pela Disney.

Embora passem menos tempo nos holofotes no terceiro ano, Djarin e Grogu encontram um fim natural para sua primeira grande aventura na galáxia e não é difícil imaginar Favreau e Filoni decidindo focar a já escrita quarta temporada em outros personagens. Ainda que o tenham feito de forma apressada, os showrunners ao menos conseguem amarrar satisfatoriamente cada uma das pontas soltas deixadas para The Mandalorian, abrindo caminho para que títulos como Ahsoka assumam o posto de carro-chefe da franquia na TV.

É difícil não comparar a terceira temporada de The Mandalorian a Star Wars: O Retorno de Jedi. Ainda que não sejam tão boas quanto suas antecessoras, ambas ainda encerram suas respectivas trilogias de forma satisfatória e mesmo seus momentos mais divisivos têm potencial para encontrar defensores vorazes. Sim, o terceiro ano tem defeitos impossíveis de se ignorar — “As Minas de Mandalore” e “Armas de Aluguel”, inclusive, concentram a maioria deles —, mas seu conjunto ainda resulta em uma aventura satisfatória digna do universo que nos foi presenteado por Lucas há quase 50 anos.

Nota do Crítico
Bom