Séries e TV

Crítica

Henry Cavill ganha despedida morna no seu melhor ano em The Witcher

Terceira temporada evolui, se corrige, mas não honra a memória do seu ator-símbolo

27.07.2023, às 17H13.
Atualizada em 11.08.2023, ÀS 17H52

Desde que Henry Cavill foi anunciado como o Geralt de Rívia na série de TV de The Witcher, em 2018, seu rosto e o do personagem se tornaram um só. Seu trabalho como Superman ajudou a popularizar a série da Netflix entre quem não era familiar do universo de Andrzej Sapkowski e, mesmo com um roteiro confuso, a primeira temporada se tornou uma das grandes apostas do serviço de streaming.

Cavill, como fã da franquia, fez campanhas nos bastidores para que a produção se aproximasse mais dos livros nas temporadas seguintes e que seu personagem ganhasse mais falas. No segundo ano, o pedido foi parcialmente aceito e o público pôde finalmente conhecer mais a personalidade de Geralt, o que abriu caminho para o protagonista que encontramos na terceira temporada: um bruxo sentimental, cínico e mais ativo nas discussões, como vemos nos livros de Sapkowski. E, mesmo com tudo isso, o ator não tem uma despedida à altura.

Na trama deste terceiro ano, enquanto reis, magos e feras do continente competem para capturar Cirilla de Cintra (Freya Allan), Geralt a leva para um esconderijo, determinado a proteger sua família recém-reunida. A dinâmica familiar é o ponto alto da temporada e dá um novo gás para os personagens. Encarregada do treinamento mágico de Ciri, a maga e figura materna Yennefer (Anya Chalotra) os leva à fortaleza de Aretuza, onde esperam descobrir mais sobre os poderes inexplorados da jovem.

É em Aretuza que o clímax da temporada engata. Em vez de aprenderem sobre os passado e poderes de Cirilla, Geralt e Yennefer descobrem que caíram em um campo de batalhas políticas entre magos e monarcas. Essas tramas cruzadas trazem de volta para o centro alguns personagens secundários importantes para o decorrer da série e, graças a isso, observamos uma nítida melhora na atuação deles, que antes ficavam à sombra da experiência dos protagonistas. A verdade que os personagens de MyAnna Buring (a Tissaia) e Mahesh Jadu (o Vilgefortz) passam é essência para manter a veracidade e seriedade que a produção tenta passar em um universo lúdico de bruxos e dragões.

A terceira temporada de The Witcher também traz uma melhora significativa no roteiro. Sem saltos temporais ou dezenas de histórias paralelas disputando espaço com as de Geralt, Yennefer e Ciri, a produção traz um enredo mais conciso e direto, com poucos vacilos de um núcleo para outro. Ainda assim, a trama ainda peca quando tenta trazer o reino de Nilfgaard para a luz. O principal antagonista da série, a Chama Branca (Bart Edwards), segue sem muitas falas e uma motivação fraca em comparação aos seus subordinados, que são melhor trabalhados.

Esses detalhes, entretanto, acabam ofuscados pela despedida de Henry Cavill. Principal chamariz da série desde que foi anunciado, o ator deixará o papel a partir da quarta temporada, e no seu lugar entra Liam Hemsworth. O novo intérprete chega com a missão de superar o trabalho de Cavill no terceiro ano, seu melhor no papel. Nos episódios atuais, The Witcher não apenas aprofunda o Lobo Branco, mas também coloca o ator em situações que exigem mais dele. Diante do desafio, Cavill entrega o melhor de si e mostra sua versatilidade entre cenas de luta, de carinho paterno e até no cliffhanger ao final da temporada. Porém, a série pisa no freio a partir do sétimo episódio e patina entre as longas cenas de Cirilla no deserto e de Geralt acamado, roubando deles um grande final.

Todos os caminhos desde o início da temporada, bem como o próprio marketing, apontavam em direção a uma despedida épica de Henry Cavill como Geralt, mas, ao contrário disso, o que a série entrega é um final morno para o ator, que ao longo desse período se tornou símbolo e um dos grandes divulgadores do personagem e da obra de Andrzej Sapkowski.

Nota do Crítico
Ótimo