Séries e TV

Crítica

Vikings - 6ª temporada

Após alguns anos se arrastando, série acaba em temporada final morna mas satisfatória

12.01.2021, às 17H03.
Atualizada em 21.01.2021, ÀS 14H37

Vikings é uma das mais interessantes histórias de sucesso da TV. A produção foi o primeiro projeto de ficção do History Channel em 2013, feita com um elenco praticamente desconhecido e orçamento modesto, mas nada impediu que fosse influente na cultura pop. A fama, porém, rapidamente subiu à cabeça da emissora, que dobrou a quantidade de episódios a partir da quarta temporada. Desde então, o resultado são enormes barrigas na trama e uma confusa estrutura narrativa, ainda que sustentada por ótimos personagens. No sexto ano, o programa chega ao fim com alguns dos mesmos erros que cometeu ao longo do caminho, mas refletindo sobre o legado que deixou na televisão.

Muitos dos fãs apontam que a saída de Ragnar (Travis Fimmel) foi um ponto de virada para pior, mas o seriado soube criar novas intrigas e desenvolver novos protagonistas ao longo dos anos. Cada um dos descendentes de Lothbrok manifestava uma de suas personalidades: o explorador, o combatente, o político e o estrategista. Assim como essas várias facetas entravam em conflito interno, seus representantes também bateram cabeças em grandes guerras fraternais.

O quinto ano, por exemplo, foi inteiramente dedicado ao embate entre Bjorn (Alexander Ludwig) e Ivar, o Desossado (Alex Hogh Andersen). O problema é que esse confronto nunca foi concluído, mesmo após grandes batalhas, e a última temporada gasta uma metade inteira seguindo a dinâmica repetitiva dos anos anteriores.

Nestes momentos em que não há uma trama principal muito forte, quem carrega o peso é o carisma dos protagonistas e seus dramas internos, como Bjorn aceitando sua responsabilidade como governante de Kattegat; e Lagertha (Katheryn Winnick) buscando seu propósito após tanta perda e dor. Infelizmente, o seriado abre mão facilmente deles, de formas que mais parecem truques para chocar o espectador, sem muito planejamento do que fazer em seguida. Logo, se a primeira metade da temporada final é repetitiva, a segunda vaga sem muito rumo, colocando os holofotes nos personagens secundários e subtramas.

Apesar de ter sido carregada por Ragnar, Rollo (Clive Standen), Bjorn e Lagertha, Vikings ainda acredita ser uma série sobre um período histórico, ao invés de uma jornada de personagens. Seus melhores momentos são quando consegue ensinar o espectador das várias conquistas dos escandinavos sem se esquecer que é ficção, não documentário. O foco excessivo em arcos como a colonização da Islândia, ou o vácuo de poder em Kattegat após a saída dos protagonistas, mais soam como curiosidade histórica do que boa narrativa televisiva. A dualidade entre criar uma trama fictícia de Ragnar e seus descendentes, ou explicar o que realmente aconteceu, sempre esteve presente no programa. Foi a falta de decidir uma abordagem e desenvolvê-la que resultou numa temporada final que não é ruim, mas sim bastante morna.

A conclusão de Vikings não é grandiosa, mas também não é um desastre como Game of Thrones. Na reta final, entre uma última batalha contra os ingleses e uma última jornada a terras desconhecidas, os protagonistas tiram alguns momentos para refletir sobre o caminho até aqui. Entre Ivar, Hvitserk (Marco Ilso) e Ubbe (Jordan Patrick Smith), os três individualmente percebem que as várias aventuras e intrigas que viveram foram um presente, e que deixaram sua marca na história de alguma forma. O espectador, que abraçou Vikings apesar de seus vários defeitos e celebrou suas vitórias por mais de meia década, só tem o que concordar. O que começou com um fazendeiro que decide se tornar explorador acaba tendo rodado o mundo, travado guerras, criando novas culturas e países, mesmo que com tropeços pelo caminho. A temporada final pode não atingir todo o potencial da série, mas entre a bela fotografia naturalista, as intensas batalhas e o poderoso contexto histórico, pelo menos é um fim satisfatório.

Nota do Crítico
Bom