Com a chegada da série live-action de Avatar: O Último Mestre do Ar, os fãs da obra ganharam uma nova oportunidade de se reconectar com Aang e o rico universo criado por Michael Dante DiMartino e Bryan Konietzko. A obra, assim como suas nuances, vai muito além do que é mostrado na primeira temporada e possui desdobramentos que podem dar um nó na sua cabeça. Um exemplo disso é a origem das dobras elementais, que podemos chamar de a “magia” do universo Avatar.
Habilidade de controle elemental que é base para o mundo da franquia, a dobra é também uma grande influência por trás do desenvolvimento de seus personagens. Ao longo das animações, cada nome tinha um estilo de dominação próprio que combinava — ou, às vezes, contrastava — com sua personalidade, com as duas se desenvolvendo de forma paralela e proporcional.
O mundo de Avatar tem até uma mitologia própria a respeito das dobras e suas origens. No início de tudo, a humanidade vivia nas costas de tartarugas-leões gigantes, grandes o bastante para carregarem cidades em suas costas. Enquanto isso, a terra era dominada por animais e espíritos, que não gostavam nada da presença de humanos. Para conseguirem visitar a floresta para caçar e colher madeira, os humanos precisavam de dons dados pelas tartarugas-leões.
Um dia, um homem recebeu o dom de dominação de fogo de uma dessas tartarugas e viajou o mundo para conhecer outras civilizações, mas no caminho, acabou interferindo na eterna briga entre o bem e o mal. Para consertar seu erro e devolver o equilíbrio ao mundo, ele precisou coletar o poder de todas as quatro tartarugas, sendo o primeiro humano a dominar água, fogo, terra e ar. Esse homem foi Wan, o primeiro na linhagem Avatar.
Entretanto, apesar de bonita, essa história não explica alguns pontos, como, por exemplo, o treinamento para dominar as dobras, a cultura de cada civilização que habitava as costas das tartarugas-leões, nem as variações que essas dobras ganharam ao longo do tempo. Nessa lista, vamos trazer cada um desses detalhes. Confira:
Água
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Um dos elementos mais versáteis, a água proporciona uma das dobras mais impressionantes do universo Avatar. Os dobradores de água podem usar suas habilidades para atacar, defender e até curar pessoas. Como aprendemos durante o desenvolvimento de Katara, integrante do time Avatar e provavelmente a maior usuária desse elemento em todo o universo da série, a dobra da água permite utilizar todos os estados da água, além de convertê-los entre si.
Todos os elementos possuem dobradores originais e, no caso da água, temos a lua. Movimentando as marés através de seu campo gravitacional, o satélite natural do planeta mostrou à humanidade como controlar o elemento. Por esse motivo, é na lua cheia que os poderes dos dobradores de água se intensificam. Sem as tartarugas-leões, essas comunidades agora ficam divididas entre os polos, nas Tribos da Água do Norte e do Sul e sua conexão com o elemento é garantida pelos espíritos do Mar e da Lua, ambos representados no mundo físico por carpas.
Como já citamos, um dobrador de água pode controlá-la tanto no estado sólido quanto no gasoso e, claro, no líquido. Essa técnica, quando bem aplicada, pode, por exemplo, remover a água do ar ou de plantas para inúmeras finalidades. Outra variação é a dominação de sangue, na qual o dobrador pode escravizar e até matar um ser vivo controlando os fluidos de seu corpo, em geral, essa habilidade é melhor aplicada sob a luz da lua.
Terra
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De acordo com a lenda de Avatar, os primeiros dominadores de terra humanos eram Oma e Shu, um casal cujas tribos viviam em guerra. Para se encontrar escondidos, eles usavam uma caverna feita por toupeiras-texugo, as dobradoras de terra originais. Aprendendo com os bichos, o casal criou um labirinto para garantir que jamais seria seguido em suas escapadas amorosas.
Apesar da rigidez associada ao elemento, a dobra de terra é uma das mais versáteis da franquia. Enquanto dobradores iniciantes podem facilmente desviar rios, salvar pessoas de desmoronamentos e causar um bom estrago em solos e calçadas de desavisados, dobradores mais experientes são capazes de dobras muito mais complicadas, aplicando-as para arte, construção, combate (esportivo ou não) e até recuperação ambiental.
A diversidade da dobra de terra também está associada ao amplo território do Reino da Terra. Com desertos, planícies, pântanos e florestas, o país obriga seus dominadores a se adaptarem aos seus ambientes, desenvolvendo dobras de areia e lama.
Toph, que entra para a Equipe Avatar na segunda temporada de Avatar: A Lenda de Aang, é o grande exemplo do quão longe a dobra de terra pode chegar. Cega desde o nascimento, ela fugiu de casa e se perdeu em uma caverna. Lá, a garota encontrou toupeiras-texugo, que também são cegas, e aprendeu a usar suas habilidades para sentir até os mínimos movimentos no solo. Com técnicas únicas, ela chegou a se tornar uma campeã de dominação de terra, sob o pseudônimo de Bandida Cega.
Entre o aprendizado com as toupeiras-texugo e sua experiência em combate, Toph rapidamente se tornou uma grande dominadora de terra. Ela inclusive criou a dominação de metal, algo que seria impossível sem o que seus pais taxavam como uma deficiência.
Outra dominação originada da dobra de terra é a de lava. Raríssima, essa habilidade permite ao dobrador criar e controlar a lava usando uma quantidade mínima de terra — algo que seria muito útil para o pobre do Avatar Roku.
Fogo
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E falando em Roku, a última reencarnação do Avatar nascido como dominador de fogo, é importante lembrar o contexto dessa dobra para todo o universo — especialmente na era de Aang. A dominação de fogo pode ser considerada a mais violenta, já que o mero contato com as chamas pode ferir os demais dobradores. Sabendo disso, a Nação do Fogo se especializou em monopolizar a guerra. Com sua dominação, eles aprenderam a moldar e soldar o aço, criando armas, veículos de guerra e armaduras resistentes.
Insatisfeitos com todos os recursos que possuíam, os Senhores do Fogo decidiram tomar o controle de todo o mundo e iniciaram uma verdadeira guerra contra as outras nações. Para isso, eles cometeram um genocídio contra os Monges do Ar, para evitar o surgimento de um novo Avatar após a morte de Roku — Aang, porém, havia sobrevivido. Após isso, a Nação do Fogo fez uma investida contra os dominadores de água, seus principais adversários.
O Reino da Terra, que também possuía guerreiros poderosos e uma defesa perfeita, foi o único a não sucumbir durante a guerra, sendo derrotado anos depois com a estratégia militar de Azula, irmã mais nova do príncipe Zuko. A relação de eterno conflito dos irmãos trouxe uma questão interessante sobre a dominação do fogo para a obra. Azula era a única dobradora de fogo azul, enquanto Zuko dominava o fogo comum, como os demais de sua nação.
Assim como as dobras anteriores possuíram precursores, os dominadores originais do fogo foram os dragões. Mesmo com o Avatar Wan conseguindo sua dominação através das tartarugas-leões, ele precisou treinar com um dragão para alcançar o estado perfeito da sua dobra. Os dragões são os únicos a dominar os fogos de todas as cores, como o laranja, azul e verde.
Além das cores, a dominação do fogo permite ao dobrador alcançar duas outras técnicas, como a dominação do raio. Manipulando o calor na atmosfera, os dobradores mais experientes podem lançar descargas elétricas. Outra sub-dobra do fogo é justamente o calor, que pode ser manipulado para aquecer ou até derreter objetos. Os dobradores de fogo também desenvolveram a dobra da combustão: manipulando a temperatura ao nível atômico, eles podem explodir um ponto específico.
Ar
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Os dobradores de ar originais foram os bisões voadores. Como o próprio nome já diz, essas criaturas enormes e peludas são capazes de voar por longas distâncias, além de criar cones e rajadas de vento. Os aprendizes humanos dos bisões (e seus amigos e protetores leais) eram os Monges do Ar, tribo nômade pacifista com diferentes templos espalhados pelo mundo.
Como os monges eram nômades e antimaterialistas, os dobradores de ar aprenderam a se locomover pelos céus. Seus templos tinham amplos espaços abertos criados para o treino de dominação. Os dobradores de ar também criaram jogos, transportes e trajes que otimizam suas habilidades.
Por causa de sua filosofia de vida, grande parte dos movimentos de dobra de ar têm como foco a esquiva e a agilidade, com golpes ofensivos sendo utilizados em batalhas mais violentas. Até por isso, a Nação do Fogo pareceu ter pouca dificuldade no genocídio dos Monges do Ar, primeiro com o ataque que deu origem à Guerra dos 100 Anos e depois com armadilhas espalhadas pelo mundo.
A filosofia dos Monges do Ar não impediu que o ar se tornasse uma forte arma nas mãos de guerreiros. A Avatar Kyoshi, por exemplo, complementava seus leques de batalha com a dobra de ar. Outros dobradores menos honrosos também já usaram suas habilidades para remover o oxigênio dos pulmões dos inimigos.
A franquia Avatar possui diversos títulos, incluindo três temporadas da animação Avatar: A Lenda de Aang, quatro temporadas de Avatar: A Lenda de Korra e um filme live-action escrito e dirigido por M. Night Shyamalan (Fragmentado). A série live-action Avatar: O Último Mestre do Ar chega ao catálogo da Netflix em 22 de fevereiro.