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Se você é daqueles que acham que só os super-heróis Marvel se prestam a adaptações ridículas de HQs para as telas, então, ainda não teve o prazer de assistir aos notáveis filmes de um certo gigante esmeralda. Não, não se trata do Hulk - dele, eu já falei anteriormente, leia aqui -, mas do Monstro do Pântano. Seus telefilmes, de tão ruins, deixariam até Stan Lee verde de inveja.
Sinta só: o monstrão mais cult dos quadrinhos chegou às telas em 1981, escrito e dirigido pelas mãos de um, ainda desconhecido, cavalheiro chamado Wes Craven (A hora do Pesadelo, Pânico).
A história começa mais ou menos assim: Alice Cable (Ué!! não era Abigail&qt;&) é uma pesquisadora novata com cabelo de Sigourney Alien Weaver, enviada pelo governo aos pântanos da Louisiana a fim de acompanhar Alec Holland. Este, por sua vez, é um cientista com panca de galã de novela mexicana, trabalhando numa fórmula biorrestauradora, que mistura os genes animais e vegetais, a fim de erradicar a fome do mundo. A tal meleca é um sucesso. Afinal, na época, ainda não se falava em transgênicos... mas a alegria dura pouco pois, o Dr. Anton Arcane (o esquálido e hipercool Louis Jordan) e seus capangas invadem o laboratório para roubar os segredos de Holland. Na confusão, Alec tenta fugir com a fórmula, que explode em suas mãos, enquanto ele mergulha agonizante no pântano.
É claro que nosso amigo sobrevive e a fórmula, em vez de queimaduras, oferece alguns benefícios, senão estéticos, eficazes para defender - em meio a grunhidos e seqüências de ação no melhor estilo do seriado Hulk - a foragida Abby... ops, Alice... obviamente a única sobrevivente da turma do laboratório.
Independente ou não de qualquer mérito, Swamp Thing já está disponível em DVD em terras gringas. Aqui, o filme foi batizado como A Maldição do Pântano.
COMO SE UM SÓ NÃO BASTASSE
E nada mais normal do que aproveitar esse sucesso e dar uma nova chance ao verdão nas telas, certo&qt;& Então, em 1989, tome A volta do Monstro do Pântano, desta vez sob o comando de Jim (quem&qt;&) Wynorski.
Já no começo da fita, nosso herói deixa pra lá o blá-blá-blá filosófico das HQs e parte pra porrada. Desce o cacete num tal de Homem-Sanguessuga que havia atacado um bando de debilóides que, no meio da noite, transitava pelo pântano. Findo o confronto, entra um dinâmico clipe de abertura com várias HQs do Monstro. Tudo ao som de Born on the Bayou, do Creedence Cleanwater Revival. O breve laivo de bom gosto até que dá uma esperancinha de que a coisa vai melhorar. Ledo engano. Daí em diante, um apoteótico teminha heróico acompanha o abacatão toda vez que ele entra em cena.
É lógico que, pra coisa funcionar, eles precisam de uma amostra de Alec e também da energia vital de Abby. Afinal, filme trash é trash desde o roteiro...
E, em matéria de trasheiras, não poderíamos encontrar melhor manancial. A maquiagem até que é elaborada, providência de Carl Fullerton, que, em tempos melhores, até fora indicado ao Oscar. Nosso querido protagonista - Durock, quem mais&qt;& - é o mais caprichado, reproduzindo fielmente o visual das HQs desenhadas por John Totleben e Rick Veitch. Tudo bem que ainda é látex, mas pelo menos não há mais dobrinhas. As aberrações, por sua vez, são até bem feitas (para um filme B). Entretanto, ao que tudo indica, o orçamento da produção acabou por aí mesmo. Não deve ter sobrado grana nem mesmo pra contratar roteirista. O resto do filme parece ter sido rodado de improviso. Só para citar algum bons momentos:
Após ser explodido, o Monstro se recompõe numa banheira (!)
E temos ainda nosso herói dirigindo um jipe em meio a uma saraivada de balas com Abby disparando sua espingarda no melhor estilo Sara Connor (T2).
Por sinal, a cena de sexo (!) entre os dois é de uma jacuzice fenomenal. Nela, o psicodelismo da experiência representado nas HQs é substituído pela mais comum cena de nudez e uma musiquinha transcendental cafona. Sem falar na conversa mole das preliminares:
- Foi você mesma quem disse: Sou uma planta! - diz o Monstro.
- Tudo bem, sou vegetariana - responde a debilóide .
Há até mesmo uma pasmacenta trama paralela onde dois guris irritantes querem fotografar o monstro para descolar uma grana. E lindo, lindo de morrer é quando Alec usa seus poderes para curar Abby e nasce uma florzinha em seu pé. Romântico, não&qt;& Impagável, porém, é a cara de desgosto - do tipo: Graças a Deus o filme acabou... - de Arcane ao morrer no incêndio de seu laboratório.
No quesito ruindade, sem sombra de dúvida, este é o melhor dos dois filmes. Afinal, é tão ruim, mas tão ruim, que é impossível não se esborrachar de rir dessa paródia. Afinal, só pode ser paródia... ou não&qt;&
ACHOU QUE ERA O BASTANTE&qt;&
Sinta só trecho do release feito pela extinta revista Set Terror e Ficção à época do lançamento: Se você é fã das HQs desse monstrão cabeça, fique longe. O melhor dos quatro episódios, é nenhum.
E QUEM DISSE QUE A COISA ACABA POR AÍ&qt;&
Não bastassem os filmes e a série, há ainda (tremam todos) o desenho animado do Monstro do Pântano! Em 1992, foram feitos apenas cinco episódios. Talvez até demais para um programa que pretendia apenas vender brinquedos. A série foi recusada pela rede ABC de TV, mas acabou sendo exibida pelo canal FOX (de lá) e pelo Disney Cartoon Channel. Essa sim é uma pérola inédita em nossas paragens. Confira as imagens e tire suas próprias conclusões.
Monstro do Pântano, nervoso como sempre. Dr.Arcane e seus monstros Um dos brinquedos da linha do vegetal... um tanque para pântano. Bwa-hahahaha... |
E ONDE ENTRA ALAN MOORE EM TUDO ISSO&qt;&
Mesmo Alan Moore não dando seu aval, se depender dos fãs e seus vários sites dedicados à volta da tele-série (curiosamente muitos deles voltados ao vilão Arcane), o bom e velho Durock não deve ficar desempregado muito tempo. Pena que, se assim o for, nós os fãs desse monstrão cabeça, ficaremos novamente sem um filme decente do Monstro do Pântano. Realmente, tem coisa que é melhor deixar quieto.