O Menino Maluquinho/Netflix/Reprodução

Séries e TV

Entrevista

Como O Menino Maluquinho espera impactar o mercado de animação no Brasil

Trabalho na pandemia permitiu reunir uma equipe vinda de todos os lados do país e, com a Netflix por trás da série, dar mais um passo na sua profissionalização

11.10.2022, às 17H00.
Atualizada em 19.10.2022, ÀS 12H26

Por mais reconhecido que seja no escopo internacional, fazer animação no Brasil não é exatamente fácil. A presença frequente de produções nacionais nos grandes festivais, no fundo, mais atesta o talento dos profissionais daqui do que refletem um mercado bem estruturado. Mas isso não quer dizer que o cenário seja de todo pessimista. Ao menos, não segundo o produtor Rodrigo Olaio, um dos responsáveis pela nova adaptação de O Menino Maluquinho.

“A gente está muito melhor do que era antigamente em termos de quantidade de estúdio e pessoas trabalhando. Mas ainda assim perdemos muita gente para o mercado internacional. A gente pisa no Canadá e tem lá uns 8, 10, 15 brasileiros. Já tem até pagode acontecendo em algum lugar [risos]”, explicou ao Omelete. “Ainda lutamos contra isso, mas estamos crescendo e temos muito mais para crescer. É uma combinação estranha, mas acho que o final será feliz”.

Para ele, uma das razões de otimismo está no movimento de alguns profissionais que estão voltando e, a partir da experiência no exterior, ajudando a construir bases sólidas aqui. Mas, apesar das dificuldades, o produtor enxerga força também no fato de ser um mercado bastante unido. “É realmente uma luta no Brasil. Sempre foi. Então, quando a gente vê alguma coisa saindo, a gente prestigia. A gente sabe o sangue, suor e lágrimas que estão por trás de cada uma daquelas cenas animadas”.

A showrunner e produtora Carina Schulze, porém, vê até um papel de O Menino Maluquinho nesse fortalecimento, e não só pelo tamanho do projeto. Mas também pela descentralização que o trabalho na pandemia permitiu. “Essa foi uma produção feita virtualmente e isso possibilitou que a gente trabalhasse com pessoas de todo o Brasil. O que isso significa? As pessoas tiveram a chance de trabalhar em uma produção desse porte e com visibilidade, se tratando de um projeto do Ziraldo. Acredito que isso vá abrir portas. Por causa da pandemia e das características dessa animação, a gente teve que criar processos e otimizar funções, então todo mundo nessa produção cresceu”.

Olaio, inclusive, se vê nessa análise. “Eu me considero um profissional antes de O Menino Maluquinho e outro depois”, afirmou, dando créditos também ao envolvimento da Netflix devido, entre outras razões, ao valor de produção colocado na animação. “Trabalhar com a Netflix foi uma injeção de profissionalismo para todos os estúdios envolvidos, tanto na arte e na animação, quanto como processo”.

Os impactos reais de O Menino Maluquinho no mercado de animação brasileiro ainda estão para ser vistos, já que a animação estreia seus primeiros episódios em 12 de outubro.

O Omelete agora tem um canal no Telegram! Participe para receber e debater as principais notícias da cultura pop (t.me/omelete).

Acompanhe a gente também no YouTube: no Omeleteve, com os principais assuntos da cultura pop; Hyperdrive, para as notícias mais quentes do universo geek; e Bentô Omelete, nosso canal de animes, mangás e cultura otaku.