Durante nossa visita ao set da 5ª temporada de Outlander, o showrunner Matthew B. Roberts afirmou que, apesar de se arriscar em outros estilos, a série é acima de tudo sobre amor. E é para esta origem que o episódio “The Company We Keep” se volta.
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[Spoilers de “The Company We Keep abaixo]
O capítulo começa com Roger (Richard Rankin) tentando manter a companhia em ordem durante a ausência de Claire (Caitriona Balfe) e Jamie (Sam Heughan). Mas ele é surpreendido quando o pai de uma jovem cobra um dos membros do grupo por ter "desonrado" sua filha e terminado com um noivado que renderia dinheiro e terras para a família.
O desenvolvimento do amor entre Alicia (Anna Burnett) e Isaiah (Jon Tarcy) é rápido, porém convincente. O medo no olhar da jovem ao achar que ele pode se machucar e a amargura dele por, à princípio, não poder ficar com ela, são latentes e fazem o público abraçar o romance rapidamente. Ao fazer isso, a série retorna às suas origens também no que diz respeito à contar histórias novas. Sim, o público adora saber o que está acontecendo com Claire, Brianna (Sophie Skelton) e Fergus (César Domboy), mas o diferencial de Outlander sempre foi mostrar a cultura de sua época pelo olhar de Claire.
É bonito ver, por exemplo, como a protagonista se compadece da jovem quando esta diz que está grávida e ninguém mais irá querê-la. A sororidade entre as duas mulheres é tocante, ao mesmo tempo em que a série faz questão de mostrar como outras julgam Alicia, afinal, para aquela realidade, ela levou vergonha para sua família. Ainda que seja um retrato de época, é curioso entender os paralelos de Outlander com a realidade atual. Muitas mulheres ainda são julgadas quando engravidam fora de casamentos, quando criam seus filhos sozinhas ou ainda quando chegam à maturidade e percebem que não desejam ser mães. A série acerta ao fazer tais paralelos com sutileza e eficiência.
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O episódio também mostra a dificuldade de Roger em lidar com os conflitos físicos. Professor em seu próprio tempo, ele fica em dúvida de como reagir e se impôr em um local em que a força física e o poder bélico vencem facilmente uma discussão. O personagem também se sente deixado de lado por Jamie. O pai de Brianna já deixou claro várias vezes que a figura de Roger o incomoda, especialmente por ele não ser a figura de “força” que Jamie imaginou como seu genro. Curiosamente, o personagem de Sam Heughan já se incomodou bastante com as modernidades trazidas por Claire e até ficou com vergonha ao ver uma foto de Brianna na praia no século XX. Mas nada parece o incomodar tanto quanto a postura de Roger. Será interessante se Outlander se aprofundar nisso e, além de falar sobre o papel da mulher naquela sociedade, falar também sobre o homem e as exigências de ser um “líder” e “provedor” de suas famílias.
Aos poucos, Outlander também deixa mais claro qual será o grande antagonista da temporada. Parece batido dizer que a série busca desesperadamente por uma figura tão intensa quanto a de Black Jack Randall (Tobias Menzies), mas isso é verdade e fica claro aqui com o medo sobre a iminente volta de Bonnet (Ed Speleers). Apesar de conseguir fazer suas atividades, Brianna está em um constante pavor pelo retorno de seu agressor e a série deixa claro que ela tem razão ao colocar a câmera atrás de uma árvore, como se alguém observasse a casa e o pequeno Jeremiah.
Unindo tudo isso, a 5ª temporada de Outlander segue um bom caminho até aqui. Com a aproximação do meio da temporada, a produção precisa agora explorar mais o confronto entre a coroa inglesa e os reguladores e começar a preparar o encontro mais intenso de todos, que será entre Brianna e Bonnet.