Patrulha do Destino foi uma grata surpresa. Dando vida a uma das mais esquisitas equipes da DC Comics, a série reuniu um elenco competente e um roteiro cheio de metalinguagem para apresentar um grupo de pessoas com dons especiais que passam longe dos heróis convencionais que dominam a cultura pop. A empreitada deu tão certo que a produção ganhou uma 2ª temporada, que chega ao Brasil pela HBO nessa sexta-feira (4).
Contrariando a expectativa de mostrar o que aconteceu após a conclusão do primeiro ano da série - cujo desfecho envolveu uma enorme explosão durante um estranho romance entre uma barata e um rato gigante -, “Fun Size Patrol” se inicia com a origem de Dorothy (Abigail Shapiro). Logo em seus primeiros minutos, Patrulha do Destino deixa claro que o terror se fará presente na nova leva de episódios. Utilizando do horror psicológico para explicar a razão pela qual o Chefe (Timothy Dalton) escondeu sua filha por tanto tempo, o episódio finalmente volta suas atenções para os dias atuais e os enormes problemas que caem sobre a equipe.
Vale notar que qualquer problema se mostra literalmente enorme, já que com exceção do Homem-Negativo (Matt Bomer) toda a equipe segue encolhida após a batalha que encerrou a primeira temporada. Vivendo no autorama da mansão de seu comandante, eles se dividem em diferentes formas de “passar o tempo”, que vão de lutas contra ratos a vigiar o quadro que contém os vilões do primeiro ano. A única constância é a enorme tensão entre o time e seu comandante após a revelação de que o Chefe está diretamente ligado a suas trágicas origens.
Nos momentos em que apresenta o cotidiano da diminuta equipe em sua nova realidade, a série apresenta algumas de suas principais qualidades. É admirável como o roteiro de Jeremy Carver e Shoshana Sachi mescla momentos de humor absurdo, melancolia e até mesmo introspecção em tão pouco tempo. Até mesmo os clássicos flashbacks estão de volta, mostrando mais um pouco do passado do Homem-Negativo e do Homem-Robô (Brendan Fraser). Essa mistura ganha ainda mais camadas com a chegada de Dorothy.
Jovem e inocente, a personagem vivida pela iniciante Abigail Shapiro traz um enorme contraste em relação aos cínicos e pessimistas heróis do time. Diferença essa que é colocada à prova quando a menina é colocada para interagir com essas pessoas que pouco se importam em magoar alguém nessa altura do campeonato. É curioso que em momentos como esse a produção faz com que o espectador crie uma grande empatia e passe a se importar com alguém que acabou de conhecer - e amplia o horror que envolve o descontrole da personagem.
Outro ponto notável na estreia da 2ª temporada é que o visual de Patrulha do Destino está melhor. Ainda que não estejam imperceptíveis, os efeitos visuais estão mais bem acabados e até mais naturais em comparação aos do primeiro ano - que chegavam até mesmo a ser incorporados como piada pela trama. Talvez esse seja um dos sinais da mudanças de streaming, já que a produção passou do DC Universe para o HBO Max, o novo queridinho da Warner Bros.
Por falar em trocar de casa, é curioso que Patrulha tenha migrado também no Brasil. Após chegar com muito atraso ao país pelo Cinemax, a nova temporada agora passará semanalmente na HBO, ficando disponível também no streaming HBO Go. Mais do que um sinal da popularidade da produção no país, essa mudança de ares serve também como uma chance de trazer novos fãs, que podem se pegar fascinados pela bizarrice deste universo. Se bem que, considerando a situação do mundo real em um ano tão surreal, talvez acompanhar uma porradaria franca entre um homem-máquina e um rato gigante não seja tão maluco assim.