Watchmen/DC Comics/Divulgação

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Como Damon Lindelof “roubou” de Watchmen até conseguir adaptar a HQ

Roteirista vai adaptar quadrinho clássico e admite que história foi sua grande inspiração na carreira

18.10.2019, às 19H07.

Damon Lindelof é um roteirista singular. Ao longo de sua carreira, ele se especializou em tramas complexas, repletas de mistérios e ideias diferentes como vimos em Lost e The Leftovers. Porém, o que poucos sabem é da onde veio a inspiração para tudo isso: Watchmen, uma das HQs mais cultuadas da história e que, agora, vai se transformar em uma série nas mãos do próprio produtor.

Havia um mistério nessa HQ, não apenas quem matou o Comediante e por quê, mas várias pequenas pistas que te obrigava a ler cada edição várias vezes para tentar entender o que está acontecendo. São coisas que viraram essenciais na minha maneira de escrever e tudo isso aprendi lendo Watchmen. Ao longo dos anos, li e reli várias vezes por conta da minha adoração ao autor [Alan Moore]. Eu roubei dele por grande parte da minha carreira”, explica em mesa redonda que contou com a participação do Omelete.

A relação de Lindelof com o quadrinho começou quando ele ainda era um garoto. Quando estava com 13 anos, seu pai entrou em seu quarto e lhe deu as duas primeiras edições com um recado muito simples: “você não está pronto para isso”. “Nunca esqueci isso. Sempre tive uma relação difícil com ele, nós não falávamos muito, não tínhamos muita coisa em comum a não ser por quadrinhos e séries. E Watchmen era um desses exemplos. A HQ apareceu e mudou tudo o que pensávamos sobre quadrinhos, mas não sabia nada disso ainda. Tudo o que sabia era que, para um garoto de 13 anos, era muito pra minha cabeça”, completa.

Ao contrário da expectativa do público, sua obra não é uma adaptação direta da HQ. Ela se passa no mesmo mundo do quadrinho, mas 30 anos após o ataque da Lula gigante orquestrado por Ozymandias que matou 3 milhões de pessoas. “Fizeram um filme em 2009 que é uma adaptação direta da Graphic Novel, então por que você faria isso de novo? Por que fazer 13 episódios de uma série onde todo mundo sabe quem fez o que e seus motivos? E, claro, nunca iria encontrar um Rorschach melhor que Jackie Earle Haley, brinca. “A única maneira de fazer seria com uma nova ideia, mas sem apagar esse cânone”.

A história de Moore serviu como base não apenas para criação do mundo, mas também na maneira de como escrever a série. Assim como a história original era um reflexo das políticas dos EUA contra a Rússia e falava sobre a cultura do fim do mundo – temas presentes no dia a dia dos anos 80 – Lindelof tentou fazer com que sua série também refletisse questões atuais. “Eu me perguntei, como um americano em 2019, quando ligo a televisão, o que gera uma grande ansiedade política no mundo atualmente? Acredito que seja a falta de confiança nos nossos líderes e o preconceito. Esses são os dois temas que estão dominando esse país”, finaliza.

A visão de Lindelof sobre o mundo de Watchmen estréia no dia 20 de outubro na HBO, às 22h.